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Brasília

Em dezembro, tudo ganha um toque natalino

Com a chegada das festas, empreendedores investem em produtos personalizados para se destacar e atrair clientes

Mayra Dias

08/12/2021 18h27

Foto: Divulgação

Cadeira de praia, guarda sol. O clima no Café B de Berenice é de verão, mas, em dezembro, o ambiente ganha espaço para algumas luzinhas e decorações um pouco mais “frias”. É que, com a chegada das festas de fim de ano, o café administrado por Nathália Marques Lott, entrou em clima natalino, trazendo novidades de dar água na boca. “Nós pedimos sugestões aos clientes do que eles gostariam de ter no cardápio de Natal e, a partir disso, adicionamos a ele uma sobremesa bem natalina”, compartilha a empreendedora, cujo nome do negócio é uma homenagem ao seu pet.

Neste fim de ano, as expectativas de Nathália, como ela mesma compartilha, estão altas. Apesar de ser um café recém-nascido, com apenas 10 meses desde que abriu as portas, na Asa Norte, ela conta já ter percebido, neste final de ano, uma maior movimentação no local. “Estou bem otimista com o final de ano! Já estamos recebendo algumas confraternizações de empresas e amigos, e o movimento está bom”, declara, satisfeita. Desta forma, Nathalia e sua equipe, composta apenas por mulheres, acreditam que será um mês de bons resultados financeiros, principalmente devido ao lançamento da nova sobremesa que, cá entre nós, faz qualquer um se deslocar de onde estiver para provar.

Unindo a rabanada, típico e famoso doce natalino com bolas de sorvete e coberturas deliciosas, o B de Berenice, este mês, está oferecendo um prato único e que é a cara do estabelecimento: aconchegante. O verdadeiro significado de Comfort food, de comida afetiva mesmo. O processo, como conta a dona do café, surgiu das sugestões dos clientes, porém, a chefe de cozinha quis sair do comum e não entregar somente o pão açucarado. “Na realidade, não é um sorvete, mas sim um creme gelado em que o cliente pode escolher entre a calda de doce de leite e a de chocolate”, explica Nath. A combinação, na opinião da empreendedora, ficou muito gostosa em ambas as opções e, por esse motivo, elas decidiram ofertar as duas possibilidades. “Acabamos deixando para os clientes escolherem, e ter algo geladinho junto com a rabanada casou muito bem”, comenta a moradora do Lago Norte.

Seguindo a linha das comidinhas natalinas está também outro café, com unidades na Asa Sul e Asa Norte. Também optando pela rabanada como prato da temporada, o Café e um Chêro procura trazer comidas brasileiras, que exaltem memórias afetivas. “Entre os destaques da casa temos o pão com linguiça de frango e vinagrete, cuscuz com carne de panela na nata, bolo de macaxeira com coco”, compartilha o proprietário João Gabriel Amaral, de 27 anos.

Para este ano, depois de uma pandemia intensa, a ideia, como ele relata, é promover o reencontro familiar. “Nosso mote é o aconchego que faltou em 2020, mas que começa a ser sentido novamente após um longo período cheio de desafios”, declara o rapaz. A expectativa, conforme salienta o dono do café, é de boas vendas. “O interesse do público nos nossos produtos é grande. Tendo isso em vista, desenvolvemos um cardápio especial natalino, com itens que, antes, estavam disponíveis apenas no menu de encomendas, adicionando rabanada com calda de doce de leite”, acrescentou João. Nos anos anteriores, a escolha do item especial foram chocottones recheados e, como ele garante, trouxe um retorno satisfatório.

Para se deliciar sem sair de casa

Quem também aproveitou a época natalina para customizar seus produtos e atrair clientes foi a autônoma Judy Fernandes, de Planaltina DF. Desde o início de dezembro, a confeiteira, idealizadora da Doce de Leve, confeitaria voltada à alimentação saudável, está com um projeto de Edição Especial de Natal que já é um sucesso. “Nesta edição você encontra produtos típicos de Natal que ninguém imaginou que poderia ter uma versão mais saudável e tão deliciosa quanto”, diz.

Assim como Nathália Lott, é a primeira vez que ela vivencia a chegada das festividades de fim de ano, e suas projeções de retorno estão altas. “Esse mês nossas expectativas estão a mil. Trabalhamos muito em cima disso para que nosso faturamento seja o maior de todo o ano”, comenta. E realmente, o trabalho foi muito. Ela e sua equipe se empenharam fervorosamente nas redes sociais com o propósito de deixar o Instagram da marca chamativo para um momento tão importante. “Estamos esperando que a produção seja bem maior comparada a todos os meses passados. E vou te contar, não fazíamos ideia de que íamos produzir tanto no mês”, salienta, orgulhosa.

Além do novo catálogo, que inclui biscoitinhos de canela, gengibre e outras especiarias que derretem na boca, pão de mel, brownie gigante, chocottone e maravilhosas trufas, a empreendedora também desenvolveu kits exclusivos para presentear aquela pessoa especial ou, até mesmo, se auto presentear, afinal, um docinho sempre cai bem. “Estamos em uma época do ano que queremos espalhar afetividade através dos presentes. Por esse motivo, acrescentamos alguns tipos de kits natalinos para presentear, com a opção de você mesmo ter a autonomia de montar a caixinha ou adquirir uma pronta”, esclarece Judy.

Aos 23 anos de idade, o negócio da moradora de Planaltina tem o propósito de desmistificar a alimentação saudável, trazendo doces que fazem você se apaixonar na primeira mordida. “Trazemos a inclusão da confeitaria saudável para todos os tipos de pessoas, sejam elas com algum tipo de doença crônica, intolerância à lactose ou ao glúten, grupo que segue alguma dieta restritiva ou para aquelas que amam um doce e têm curiosidade de experimentar algo diferente”, pontua. “Tem se na sociedade, hoje, uma porcentagem alta de pessoas que estão desenvolvendo doenças crônicas e obesidade. A Doce de Leve te dá a opção de continuar mantendo o equilíbrio mesmo consumindo um doce e incluir aqueles que possuem algum tipo de intolerância ou doença crônica”, finaliza a confeiteira.

Efeito 13º

Dona de uma loja de produtos naturais e destilados, Rafaela Oliveira abriu a Vila Empório com o intuito de conseguir uma fonte de renda na pandemia e, hoje, após ver os frutos que o negócio rendeu, o transformou em algo fixo. “Abrimos as portas no início da pandemia, em março de 2020, momento onde eu e minha família precisávamos de uma renda para conseguir se manter. Comecei como uma mercearia e atualmente só trabalho com produtos naturais e suplementos”, conta a jovem de 23 anos.

Os preparativos para essa época do ano, como ela conta, estão a todo vapor, e as expectativas de lucro com as promoções da loja encontram-se altas. “Pretendemos faturar bem neste fim de ano, economicamente falando, melhor que nas festas de 2020”, compartilha Rafaela. Segundo a estudante de Gestão Ambiental, os preparativos começaram ainda em outubro, de modo a conseguir trazer uma melhor experiência para o cliente. “Como vivenciamos essa data ano passado, tentamos trazer melhorias esse ano. Então estamos com expectativas de ganhar mais e gerar mais lucros agora”, acrescentou.

Em 2020, a empresária diz ter conseguido zerar todo o estoque de kits natalinos, tornando o período um verdadeiro sucesso para suas vendas. No entanto, nem todos os autônomos tiveram o mesmo resultado que Rafaela no último natal. João Gabriel Amaral, do Café e um Chêro, por exemplo, foi um dos empresários que sentiu os efeitos negativos da crise sanitária. “Não fizemos nada, porque o pedido era para as famílias não se reunirem. Então, sem dúvidas, nosso faturamento foi bem ruim”, diz.

O setor ao qual Rafaela Oliveira faz parte, assim como os de Nathália e Judy Fernandes são, conforme afirma César Bergo, presidente do Conselho Regional de Economia do DF (Corecon DF), os que costumam apresentar mais ganhos com as festividades. “Historicamente, o setor que mais apresenta lucro é o do comércio, assim como o ramo artesanal também apresenta resultados satisfatórios, visto que as pessoas buscam por presentes. Além disso, nesse momento, vemos muita movimentação em restaurantes, devido as confraternizações. Então, de modo geral, toda a área de alimento tende a ganhar bastante”, elucida o dirigente.

De acordo com as estimativas do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista), o Natal e o capital que o 13º salário tende a injetar na economia da capital, provavelmente aumentarão em até 14% as vendas do comércio. Isso porque, espera-se que este pagamento traga cerca de R$ 7,8 bilhões para a economia da cidade. No ano passado, devido a pandemia, esse valor foi bem menor, resultando em uma alta de apenas 2,5%. Segundo sinala Edson de Castro, presidente da entidade, 2020 foi um ano amargo para o comércio de todo o país. Com a pandemia, as vendas caíram em média -2% em todas as datas especiais, como o dia das mães, dos namorados, da criança e até mesmo no Natal. “O quadro mudou em 2021 com o avanço da vacinação. O consumidor perdeu o medo de ir às compras. Assim, nas datas especiais o crescimento médio oscilou entre 9% e 12%”, reitera o dirigente.

Este ano, assim como em 2020, a comerciante de Planaltina pretende trazer boas propostas de produtos especiais para os clientes, pois, como ela mesma afirma, há bastante procura por presentes no mês de dezembro. “Principalmente produtos diferentes. A meu ver, as pessoas querem muito comemorar e presentear seus familiares e amigos depois de tanto tempo em quarentena”, defende a dona do Vila Empório. Conforme os representantes do Sindivarejista, Brasília terá o “Natal das lembrancinhas”. Isso porque, mesmo com os impactos financeiros advindos da crise causada pela pandemia, o consumo não apresentou estagnação. Ainda segundo Edson de Castro, no Brasil, o maior valor médio do décimo terceiro será pago. “Um montante de R$ 4.541”, afirma o presidente.

Mesmo com as previsões positivas, há quem ainda fique com um pezinho atrás. Por ser nova no ramo, o medo e frio na barriga de Nathália em não ter o retorno desejado é incontrolável. “Temos um pouco de medo de como ficará esse movimento quando estivermos mais perto do final do ano mesmo, pois, em Brasília, as pessoas costumam viajar muito e não ficar por aqui”, expõe. Na avaliação de Cesar Bergo, contudo, não é preciso desanimar. Como ressalta o economista, da mesma forma que muita gente deixa a capital, outras tantas chegam. “Temos então um equilíbrio. Brasília atrai muitas pessoas”, relembra o profissional.

Materializando memórias

Apesar de a comida ser sempre uma boa aposta para atrair clientes, os trabalhadores de outros setores também tem suas ferramentas para essa época do ano. A fotógrafa Nayara Monteiro, de 35 anos, montou um belo cenário temático para registrar a data entre as famílias. “Estou com o cenário de Natal até o final de dezembro e este é, sem dúvidas, um dos ensaios mais procurados pelas famílias”, comenta a moradora de Planaltina.

Como ela conta, todos os anos, este foi um dos cenários mais procurados pelas famílias. “Tenho bons lucros nesse período se comparar com os outros ensaios temáticos”, avalia a fotógrafa. Segundo Nayara, os lucros, com relação a 2020, estão bem melhores. “Eu começo o Natal em novembro, e na primeira semana eu já estava com minha agenda fechada até final de dezembro”, afirma. Depois de um 2020 marcado por acontecimentos jamais imagináveis, a profissional acredita que as pessoas estão em busca de um Natal melhor. “Creio que as pessoas estão querendo terminar 2021 de uma forma mais feliz e com muitas expectativas para 2022”, finaliza Nayara.

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