Vítor Mendonça
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Adriana Villela se apresentou nesta terça-feira (1º), para prestar depoimento em júri popular sobre o caso da 113 Sul. A ré é acusada de encomendar o assassinato dos pais, ocorrido no dia 28 de agosto de 2009 e cometido por Leonardo Campos Alves e Paulo Santana. A empregada Francisca Nascimento também foi morta no dia do crime. “É engraçado eu estar aqui hoje sem eu ter feito nada para isso”, afirmou a ré.
Ainda antes do início do interrogatório à Adriana, o advogado de defesa Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, se manifestou e informou que, por decisão dos defensores da ré, a acusada não irá responder aos questionamentos que seriam feitos pela acusação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Sobre a decisão, o promotor de justiça Marcelo Leite Borges, que divide a bancada de acusação, encara a medida como “um lamento”. “Adriana teria várias questões a serem respondidas que não serão. Ela veio com um discurso nitidamente ensaiado e isso não vai contribuir em nada com o esclarecimento da verdade”, apontou. “É muito cômodo e ao meu ver não reforça a tese dela de inocência.”
Em crítica à postura do procurador do MPDFT, Maurício Miranda, responsável pela articulação da acusação, que nesta segunda-feira afirmou nunca ter enfrentado tamanho poder econômico em Tribunal, Adriana respondeu em Júri de forma contundente.
“Eu é quem nunca tinha enfrentado tamanho poder econômico. Um dia ainda farei um cálculo para descobrir o quanto do dinheiro público foi usado para construir uma acusação falsa contra uma filha de duas pessoas influentes”, contrariou.
À ré, os primeiros questionamentos do juiz Paulo Giordano foram com sobre o relacionamento de Adriana com os pais, se havia conflitos constantes. “Eu era muito rebelde”, respondeu. De acordo com ela, a origem da carta da mãe, em que é afirmado que precisaria buscar um tratamento para sua “agressividade compulsiva”, foi escrita com uma conotação diferente da levantada pela acusação.
“Minha mãe e meu irmão estavam me ajudando a fazer minha dissertação para a conclusão do curso. Ela com as fotos e ele com o texto. Talvez ela não estivesse num momento tão bom. Lembro dela me entregar a carta nestes dias”, afirmou. Segundo Adriana, a mensagem foi recebida “com muita surpresa”. “Lembro que quando recebi, me espantei e pensei: ‘Nossa, que carta bizarra!’. Me esforcei, mas não vi motivos para ela ter escrito algo do tipo.”
“De repente a vida me deu um tropeção e eu perdi meus pais”
O plenário do Tribunal do Júri esteve cheio até a hora do almoço, quando os integrantes da formalidade e a plateia foram dispensados. O espaço com capacidade para 224 pessoas esteve lotado durante a primeira parte da sessão. Do lado de fora, foi esquematizado um sistema de senhas para novos ingressos no local. Até o momento, a fila se estendeu para além de 350 fichas, distribuídas entre curiosos, alunos de direito, amigos dos envolvidos no caso, e servidores do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).