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Brasília

Doação de córnea já beneficiou mais de 100 pessoas somente este ano no DF

No Banco de Olhos do DF, situado no Hospital de Base, o dia a dia da equipe é corrido, e tem como objetivo garantir o sucesso na captação

Mayra Dias

19/06/2022 19h13

Foto: Lu?cio Bernardo Jr/ Age?ncia Brasi?lia

Enxergar a vida com outros olhos. É isso que a doação de córneas proporciona para quem as recebe. No Banco de Olhos do DF, situado no Hospital de Base, o dia a dia da equipe é corrido, e tem como objetivo garantir o sucesso na captação e o transplante de córneas na capital. O reflexo disso, desta forma, tem sido positivo. De janeiro a abril, já foram mais de 200 doações captadas em todo Distrito Federal e 118 cirurgias de transplante executadas.

Compondo a parte anterior do globo ocular, a córnea só pode ser doada após o falecimento do doador. Trata-se de um tecido transparente e que desempenha papel fundamental na formação da visão e deve ser coletada de seis a 12 horas após a parada cardíaca.

O processo

Os receptores são vítimas de doenças como a ceratocone (a mais comum), o leucoma e também de queimadura ocular. Após receberem o novo órgão, elas podem seguir com a vida normal. No entanto, não é um processo simples. O processo se inicia com a autorização da família de quem irá doar. Isto feito, ocorre a retirada do globo ocular e uma análise criteriosa para que ele possa seguir para o transplante.

Conforme explica a médica responsável técnica pelo banco de olhos, Micheline Lucas Cresta, a ação é feita, diariamente, pelos enucleadores. “São técnicos que vão ao local onde o corpo está, podendo ser o IML, um necrotério, centros cirúrgicos de hospital, entre outros, e realiza a captação que leva no máximo uma hora. O banco funciona 24 horas”, menciona. O tecido, com isso, é armazenado em três câmaras frias com temperatura de 2ºC e a 8ºC e a sorologia do doador é verificada, com o auxílio do Hemocentro de Brasília. É preciso averiguar a possibilidade de contaminação por doenças infecciosas causadas pelo HIV ou hepatites B e C, por exemplo.

A córnea pode ficar armazenada até 14 dias, ganha uma numeração e seu receptor é apontado pela Central Estadual de Transplantes (CET) que sistematiza uma fila de espera para cada unidade da federação.

Problemas da desinformação

Por mais que os números de doações sejam satisfatórios, muito mais pessoas poderiam ser contempladas e ajudadas se ainda não houvesse tanta resistência com relação a doação não apenas de córneas, mas de órgãos no geral. Como pontua Micheline, o desconhecimento e o medo ainda são fatores que impedem famílias de serem solidárias com quem precisa. “Nosso objetivo é evitar que a família tenha qualquer trauma ou culpa em relação a isso”, pondera a profissional. “São colocadas próteses no lugar do olho retirado e o velório pode ser realizado sem problemas. Não fica qualquer indício que o globo ocular foi manipulado”, explica a médica oftalmologista.

Ao contrário de outros órgãos como por exemplo o coração, que precisa ser transplantado em no máximo quatro horas, e o fígado, em até 24 horas, a córnea tem uma “sobrevida” de vários dias. Atualmente, a fila de espera por uma córnea, segundo Micheline, é de oito meses. Segundo números da CET, a média de transplantes feitos no DF em 2022 é de cerca de 30 por mês, três vezes mais que o de fígado. Estão aptas para doar pessoas com idade entre 3 e 75 anos.

Como frisa a diretora da Central de Transplantes do DF, Daniela Salomão, por mais que haja um crescente número de procedimentos de transplantes, não é um órgão que nasce no banco de tecidos, por isso é necessária a doação. Tanto unidades públicas como os hospitais de Base e o Universitário de Brasília (HUB) como clínicas da rede privada realizam a cirurgia. “Há um volume crescente de transplantes de córnea que são promovidos pela capacidade do banco de gerar esse tecido nobre para a realização da cirurgia”, enfatiza.

De acordo com a diretora, trata-se de uma rede bem estruturada, onde há uma busca ativa de doadores elegíveis mas que também está aberta a famílias que quiserem informar a doação de um ente querido. “A gente não deve perder a oportunidade de ajudar o próximo. A chance de precisarmos de um transplante de córnea ou de um outro órgão existe e daí seremos nós os beneficiados”, defende Daniela.

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