Os estudantes de Ceilândia ocupam o Salão de Atos da Reitoria há três noites. Passada a tensão inicial da ocupação e as primeiras rodadas de negociação realizadas por minha equipe, sinto-me na responsabilidade de esclarecer a comunidade sobre nossa proposta de acordo e de apelar ao bom senso dos vários atores que protagonizam o movimento.
Reitero a justiça da pauta inicial de reivindicação dos estudantes e reconheço que as atuais condições de trabalho em Ceilândia estão no seu limite. Porém, as instalações são provisórias. O novo campus nasceu de uma parceria entre a UnB e o GDF para a expansão da universidade nas cidades do DF, incumbindo-se o governo de construir dois prédios.
Quero o campus de Ceilândia em pleno funcionamento como todos os alunos, professores e técnicos. Não ganho nada com o atraso nas obras. Mas é uma realidade que não correspondeu às nossas expectativas e com a qual temos que lidar. É nesse sentido que peço que cada um reflita sobre o que estamos propondo aos estudantes.
A pauta inicial dos alunos, como podem ver em documento anexo, tinha 13 itens. Construímos o entendimento sobre 12. Todos os aspectos relacionados à conclusão das obras foram atendidos para garantir no menor prazo possível as plenas condições de ensino, pesquisa e extensão na FCE.
A Universidade propôs ao GDF romper o contrato com a empresa que fazia a obra e assumir a execução de um dos prédios. Também solicitei ao GDF que o outro prédio seja construído em regime de urgência. No final da tarde de hoje, recebi documento do secretário de Obras do GDF formalizando o aceite à proposta da Universidade.
A conclusão dos prédios, eu acredito, é o principal tema da pauta inicial dos estudantes. Dela, resta uma pendência: a apuração das responsabilidades por agressões físicas e danos ao patrimônio público ocorridos na manhã de terça-feira. Todos sabem que sou um defensor da negociação e da tolerância. Não criminalizo o movimento estudantil, reconheço sua legitimidade e sua história de lutas. O próprio movimento afirma que não se reconhece na agressão.
Pois bem, da pauta inicial essa é a única pendência. Mas na quinta-feira, surgiu um novo pleito proposto pelo Conselho da Faculdade de Ceilândia e acolhido por estudantes e professores. Trata-se da suspensão do vestibular até que todos os prédios do novo campus estejam prontos. Não posso concordar com isso.
O vestibular é uma conquista da comunidade de Ceilândia e um compromisso histórico da UnB, assumido pelo Conselho Universitário para a ampliação do acesso ao ensino público.
Compreendo, no entanto, a intenção de evitar que as aulas continuem em instalações provisórias no próximo semestre. Por isso, minha proposta é discutir a questão de forma realista em função do estágio das obras antes do início do próximo semestre. Continuarei a fazer todo o possível para que, até lá, Ceilândia tenha seu campus em plenas condições de funcionamento. Seguirei praticando o diálogo sincero e fraterno com todos que defendem o crescimento e a consolidação dos quatro campi da Universidade de Brasília.
José Geraldo de Sousa Junior
Reitor da UnB