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Brasília

DF tem sete picadas de escorpião por dia

Somente entre janeiro e maio deste ano foram registradas 1.134 ocorrências em toda a capital federal

Elisa Costa

27/06/2023 19h16

O DF continua a registrar casos de picada de escorpião maiores do que o usual, com um aumento de 45% nas incidências. Segundo os dados da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), de janeiro a maio deste ano foram registradas 1.134 ocorrências, enquanto no mesmo período do ano anterior foram registradas 780. Quando dividimos o número de casos pela quantidade de dias do ano até o momento, é visto que cerca de sete pessoas são picadas pelo animal todos os dias. Em 2022, cerca de cinco pessoas eram picadas diariamente. O levantamento é feito pela Gerência de Vigilância das Doenças Imunopreveníveis e Transmissão Hídrica e Alimentar.

De acordo com a SES-DF, as regiões com maior incidência de casos em 2023 são Planaltina, Ceilândia, Samambaia e Taguatinga, sendo que o caso mais recente ocorreu no Riacho Fundo I, quando um menino de 12 anos foi calçar a chuteira e foi surpreendido pelo escorpião. Ele foi encaminhado para o hospital e passa bem. No ano passado, foram registrados 2.187 ataques de escorpião na capital federal, sem óbitos identificados, enquanto em 2021, o acidente ocorreu 2.019 vezes e também não houve óbitos. Há oito anos atrás, o DF marcava uma picada por dia. Há quatro anos atrás, o número subiu para três casos diários e desde então, subiu ainda mais.

Segundos os biólogos, existem certos fatores que estimulam o aumento dos casos, como o crescimento desordenado da cidade, que abrange invasões e utilização de áreas de reserva ambiental, além da falta de uma coleta de lixo diária, pois os escorpiões se alimentam de baratas, moscas, aranhas e besouros. A picada do escorpião causa dor e calor na região atingida, dormência, formigamento, sudorese e inchaço. Em casos mais graves, pode causar dificuldade para respirar, aumento da pressão arterial, taquicardia, arritmia, espasmos, visão embaçada, vômitos e náuseas. Se não observada, a condição pode levar a óbito.

Vale destacar que a picada é mais perigosa para crianças e idosos, por sua fragilidade natural. Crianças podem apresentar um quadro intenso de vômito, enquanto um idoso pode sofrer de arritmia, contudo, o agravamento pode acometer também pessoas com condições especiais, como sobrepeso, alergias, e outras patologias. Por esse motivo, Israel Moreira, biólogo da SES, explica que a pasta faz visitas recorrentes aos locais onde há pessoas mais vulneráveis, como escolas, unidades de saúde e asilos. O aparecimento do escorpião deve ser comunicado à Vigilância Ambiental pelos números 160 e 2017-1344, ou pelo e-mail [email protected].

Como prevenir

No DF, o escorpião mais comum é o amarelo, e caso o cidadão se depare com um, a recomendação é capturá-lo com um pote e um papel por baixo – para não entrar em contato com o animal – e depois liberá-lo em um local afastado, onde não tenha residências próximas. Especialistas da biologia explicam que é importante não matar o escorpião, pois eles têm uma grande importância no controle de outros animais, isso porque a morte de muitos escorpiões pode gerar um desequilíbrio em outras cadeias.

Todo escorpião é venenoso. Eles estão na classe dos aracnídeos, predominantes em zonas tropicais e subtropicais, onde há maior temperatura e umidade. As espécies mais comuns no Distrito Federal são o Tityus serrulatus, conhecido como escorpião amarelo, o Tityus fasciolatus, de patas rajadas e o Bothriurus araguayae, que é preto. Eles vivem entre dois a seis anos e não há inseticida que mate o animal. Para prevenir a aparição do animal, a Secretaria de Saúde alerta que seja evitado o acúmulo de materiais que sirvam de abrigo ou esconderijo, como restos de materiais de construção, entulho, madeira acumulada ou mato alto.

O escorpião injeta o veneno pela cauda que possui um ferrão na ponta. Assim como aranhas, lacraias e serpentes, habita em locais escuros e úmidos, onde há lixo, vãos e rachaduras, esgoto e gorduras, além de tubulações de energia e fosso de elevador. Nos locais de avistamento, é indicada a realização de uma visita da equipe de vigilância, para realizar vistoria e fazer a identificação de condições para a presença desses animais. Destacamos que as cobras devem ser deixadas para a captura da Polícia Ambiental, assim como as abelhas devem ser retiradas pelo Corpo de Bombeiros.

Fui picado, e agora?

O Ministério da Saúde (MS) recomenda que diante da picada de um escorpião, a pessoa deve limpar o local com água e sabão e procurar o pronto-socorro, evitando o uso de demais medicamentos ou substâncias sem orientação médica. Vale ressaltar, que atualmente, o soro contra o veneno deste peçonhento está disponível apenas em na rede pública de saúde. No DF, os pacientes picados por escorpiões devem procurar os hospitais regionais da Asa Norte, Brazlândia, Ceilândia, Paranoá, Guará, Taguatinga, Gama, Santa Maria, Sobradinho, Planaltina e o Hospital Materno Infantil (HMIB).

Lá, os infectados recebem o soro contra o veneno do animal, o chamado antídoto escorpiônico, que é administrado em pacientes com quadros de saúde considerados graves e moderados, conforme avaliação médica. A rede privada de saúde não disponibiliza o soro, mas podem encaminhar os pacientes às unidades públicas. Conforme explica Luiz Antônio Silva, médico emergencista pediatra do HRT, “a função do antídoto é inibir, neutralizar a ação do veneno, evitando o efeito tóxico no organismo”. Caso necessário, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), por meio dos números 0800 644 6774 ou 0800 722 6001, auxiliam a população com informações sobre os primeiros socorros.

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