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Crimes de estelionato crescem 61% no DF

O número de ocorrências em 2021 aumentaram significativamente em estelionatos aplicados fisicamente e virtualmente. Golpe do motoboy, extorsão, whatsapp, pirâmide e falso emprego estão entre os mais comuns.

Redação Jornal de Brasília

27/07/2022 21h24

Foto: Divulgação

Por Marcos Nailton
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O número de crimes de estelionato cresceu no Distrito Federal. De acordo com dados do 16° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2021, foram 40.533 registros na capital, um aumento de 61,6% comparado a 2020, quando o número de ocorrências foi de 25.078. Já em 2019, foram registrados 15.815 casos.

Se compararmos o ano de 2018, que registrou 13.911 casos com o ano de 2021, as ocorrências da prática criminosa quase triplicaram. Em entrevista ao Jornal de Brasília, o especialista em segurança pública, Leonardo Sant’Anna, contou que há alguns fenômenos que explicam o aumento expressivo do crime, como a pandemia, no qual acabou intensificando ainda mais a realização do estelionato pela internet.

“Tinha muito menos gente nas ruas, nos ônibus, nos grandes espaços comerciais que tiveram uma diminuição muito grande de frequentadores. Então tudo isso colaborou para que houvesse uma nova modalidade para execução de crime, que eu não preciso ter a pessoa perto de mim, pois pode ser feito pela internet, pelo celular, por meios eletrônicos, pelo whatsapp e redes sociais. Então você tem uma ampliação desse crime”, contou o especialista.

Leonardo Sant’Anna ressalta que há uma dificuldade em saber a origem do criminoso quando a prática é feita a distância. Ele ainda conta que outro problema é conseguir recuperar o bem material ou valores que foram entregues aos golpistas.

O especialista ainda conta que a prática de estelionato é vantajosa para os criminosos, porque não envolve violência. Ele disse que a pena caso o bandido seja pego é menor do que casos de roubo e furto, e que isso acaba sendo uma contribuição para a ação.

“Um dos pilares é a questão do risco, e o risco ele é medido pelo criminoso, tudo aquilo que oferece pra ele menos risco e não só o risco dele ser pego pela realização do crime, mas também o risco dele ter uma pena maior. Então essa questão específica de uma pena branda é um reforço para a realização da prática em larga escala”, contou Leonardo Sant’Anna.

Principais tipos de crimes

De acordo com dados da Polícia Cívil do Distrito Federal (PCDF), os golpes mais comuns aplicados na capital em 2021 foram: Golpe pelo whatsapp (612) , golpe do motoboy (583), golpe do falso sequestro (142), extorsão (93), pirâmide em criptomoedas (50) e falsa promessa de emprego (27).

Golpe do whatsapp: A vítima recebe ligação de suposto operador de empresa de telefonia, ou de plataformas de compra e venda, que, através de algum artifício ardil, a convence a digitar um código, em seguida o aplicativo é sequestrado pelo criminoso, que passa a pedir dinheiro pros contatos da vítima em nome da mesma.

Golpe do motoboy: A vítima recebe contato de um suposto funcionário do sistema antifraude de seu banco, dizendo que detectaram movimentações irregulares e que seu cartão de crédito/débito foi clonado. Afirmam que irão bloquear o uso do cartão, mas para isso pedem dados pessoais da vítima, e, em seguida, a orientam a entregar o cartão para suposto funcionário, que irá até a residência da vítima, geralmente de moto, buscar o cartão para perícia.

Pirâmide em criptomoedas: Os criminosos, travestidos de instituições financeiras, entram em contato com a vítima, convencendo-a a investir seu dinheiro em criptomoedas ou criptoativos, prometendo-lhe altos ganhos. No final desaparecem com o investimento da vítima.

Falsa promessa de emprego: Criminosos anunciam vagas de emprego. As vítimas entram em contato e são convencidas por estes falsos escritórios a depositar alguma quantia em dinheiro para liberação do cadastro ou pagamento de taxa de curso preparatório, que nunca acontece.

Estelionato pela internet

Sobre os estelionatos aplicados pela internet, os dados da PCDF mostram que em 2021 foram registrados 9.928 ocorrências, o que representa um aumento de 31,9% em comparação com 2020, no qual o número foi de 7.524 registros. Dentre as ocorrências, 271 foram de estelionato com instagram hackeado, no qual os golpes envolvem a venda de objetos (móveis, eletrodomésticos, eletrônicos e roupas).

Em entrevista ao Jornal de Brasília, o perito e especialista em crimes cibernéticos, Wanderson Castilho, contou que o fator crucial para os golpes serem efetivados acaba sendo a ajuda da própria vítima, que age antes de pensar. “A maioria dos golpes que existem hoje eletrônicos, eles necessitam do envolvimento da vítima. A vítima clicar em alguma coisa, passar alguma informação como um código que recebeu, como o link que recebeu”, contou.

Wanderson Castilho informou que a promessa de emprego falso acaba tendo um efeito pelo grande número de pessoas desempregadas no país. A vítima influenciada e já estando na necessidade de ter um trabalho para sobreviver, acaba deixando de lado a sensibilidade e o controle emocional e é influenciada pela falsa promessa.

“No caso do falso emprego, a necessidade que está passando em relação ao desemprego, a vítima acaba não tendo o mínimo sentido de parar e pesquisar, perguntar, pensar se faz sentido o salário alto e pagar antes uma quantia X para ter o emprego”, ressaltou o especialista.

Segundo Wanderson Castilho, a prática está sendo vantajosa para os criminosos devido a grande possibilidade de alcance de uma publicação ou anúncio. Ele também conta que as vítimas sempre apresentam as mesmas reclamações, a primeira é a falta de informação e campanha maciça por parte do Estado, segundo ele, deveria haver mais divulgação dos crimes que acontecem pela internet.

“O criminoso manda um anúncio dele pra um milhão de pessoas, que hoje é uma coisa fácil de se fazer. Vamos supor que 1% resolva entrar em contato. Vamos supor que desses 1%, que são 10 mil pessoas, 10% caem, estamos falando de 1000, que ainda é muita gente, se eu tiro R$ 300,00 dessas 1000 pessoas, já são 300 mil reais. Então acaba sendo um crime muito compensatório para os bandidos”, contou o especialista em crimes cibernéticos.

Como se previnir?

Há pontos importantes no qual deve-se atentar para evitar cair em golpes de estelionato, como: Verificar a veracidade das informações; Evitar clicar em links duvidosos e preencher formulários com dados; Não passar informações pessoais por celular a atendentes de bancos ou pessoas desconhecidas; Duvidar de anúncios super “milagrosos”, que oferecem emprego fácil com uma grande remuneração.

No caso de compras de aparelhos eletrônicos, automóveis, etc. Desconfiar de descontos muitos excepcionais, abaixo do valor de mercado; Em casos de negociação de compra e venda, transferir o valor apenas na presença da pessoa que está vendendo e não de terceiros e realizar o pagamento apenas para a conta com o nome da pessoa que está negociando.

Caso caia em golpes de estelionato, é importante que a vítima realize um boletim de ocorrência na Polícia Civil do DF (197), no caso dos estelionatos virtuais, a vítima também pode entrar em contato ou ir diretamente até a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), localizada no Setor Policial, próximo ao parque da cidade.

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