A creche Assistência Beneficente Casa da Criança, em Santa Maria, acolhe 57 crianças, mas tem mais de cem na lista de espera. Com dificuldades de arcar com todas as despesas, o espaço, que sobrevive de doações de voluntários, corre o risco de fechar as portas.
Atualmente, a instituição não recebe verba do governo por falta de cadastro no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). O registro é necessário para o cadastramento junto a Receita Federal. “Nós encontramos um contador que faz esse trabalho de solicitação, mas ele cobrou R$ 2 mil. Não tenho esse dinheiro”, lamenta Andréia Aparecida, uma das responsáveis pelo espaço.
O projeto teve início com os pais de Andréia. Os dois cuidavam das crianças do bairro sem cobrar nada. “Eu não quero a ajuda para mim. Eu quero terminar o trabalho do meu pai”, esclarece, emocionada.
Há 12 anos, a iniciativa atende pessoas carentes do condomínio Porto Rico. Como a capacidade é restrita, existem critérios de seleção: “Nós vemos se os pais trabalham e se podem pagar por outra creche”, explica Andréia.
Aluguel
O aluguel do espaço é de R$ 850. A quantia fica sob responsabilidade de um grupo de sete médicos que atualmente trabalham no Hospital de Base. Andréia conta, aflita, que depois de seis meses de contrato, o proprietário do imóvel manifestou interesse em aumentar o valor da mensalidade. A empresa Ivan Nonato Imóveis também proporciona ajuda financeira regular.
Mas as despesas não param por aí. É de responsabilidade dos administradores do espaço quitar os salários mensais da pedagoga e cozinheiro, que também giram em torno de R$ 850. Os demais funcionários recebem apenas um salário-mínimo.
As dificuldades aumentaram após um roubo ocorrido em dezembro passado, quando brinquedos recém-doados foram levados pelos criminosos.
Depois de tantas adversidades, Andréia foi diagnosticada com trombose, e os gastos com os remédios foram altos. Tendo despesas mensais em torno de R$ 18 mil, a creche vive de constantes doações.