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Brasília

Covid-19: aglomeração marca início de vacinação para idosos no DF

O primeiro idoso imunizado na Unidade Básica de Saúde nº 1 da Asa Sul foi Ivar Camilo de Oliveira, 84 anos, morador da região

Redação Jornal de Brasília

01/02/2021 14h52

Primeiro dia de vacinação contra covid-19 de idosos acima de 80 anos no DF. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Aline Rocha e Vítor Mendonça
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A primeira vacinação na Asa Sul neste 1º de fevereiro começou ao som de aplausos entusiasmados de quem estava na fila. Às 13h10, a picada inicial foi no braço de Ivar Camilo de Oliveira, 84 anos, morador da região. O irmão, Pedro Miranda, 72, guardou o primeiro lugar para o idoso desde às 5h30 na Unidade Básica de Saúde nº 1. “Cheguei e ainda estava escuro”, contou. “Ele não pode ficar tanto tempo em pé, por isso chegou às 11h”, explicou.

Primeiro dia de vacinação contra covid-19 de idosos acima de 80 anos no DF. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Ivar Camilo de Oliveira, 84 anos, primeiro idoso imunizado na UBS 1 da Asa Sul. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

“É um momento muito importante. Quando cheguei disseram que a vacina poderia chegar só mais tarde, mas eu sairia daqui 00h se ela chegasse nesse horário, porque não tem remédio para esse vírus e essa é a única esperança”, afirmou, contundente. “Tomara que ela seja eficiente e não traga nenhum efeito colateral, mas a gente fica cheio de esperança.”

Atrás deles, outras centenas de idosos e acompanhantes faziam fila ansiosos pelo imunizante. O problema, no entanto, foi a aglomeração gerada na espera. Sem o devido distanciamento, os anciãos acima de 80 anos aguardam para serem os próximos da maneira que podem. Alguns esperam em pé e outros sentados em banquinhos, seja à sombra das árvores, sombrinhas ou debaixo do sol.

Veja imagens: 

Vacinas aplicadas

A vacina aplicada na UBS nº 1 é a Oxford/AstraZeneca, pesquisada e investida no Brasil em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O tempo para a segunda dose, portanto, é mais extenso, e acontecerá no dia 3 de maio deste ano, contando a partir desta segunda-feira (1º). Juntamente com a CoronaVac, cuja segunda dose ocorre duas semanas após a primeira, esta são as únicas vacinas permitidas no Brasil até o momento. Ambas são utilizadas na capital.

Lydia Garcia, 82, também compõe a fila formada antes da vacinação. Vinda do Rio de Janeiro em 1960, ela é pioneira em Brasília, sendo a primeira educadora musical no teatro da capital. Para descrever o momento, ela cita Pixinguinha com a música “Carinhoso”, de 1928. “Meu coração, não sei por quê bate feliz quando te vê”, recitou, com alegria no rosto. O “porquê” neste dia, porém, tem um motivo claro para a senhora.

Lydia Garcia, 82 anos, vacinada na UBS 1 da Asa Sul. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Lydia Garcia, 82 anos, vacinada na UBS 1 da Asa Sul. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

“É um sentimento de toda pessoa consciente que precisa estar longe desse vírus. Eu parabenizo os funcionários que estão fazendo o atendimento, que é muito importante”, declarou. Apesar da alegria para receber a vacina, no momento em que chegou, às 12h30, a fila já estava grande, dando voltas entre as sombras das árvores do local.

“Há uma falta de organização também, porque para uma vacinação de pessoas de 80 anos, não é um lugar com bom estacionamento e damos graças a Deus por não estar chovendo [visto que não haveria cobertura aparente para abrigar os idosos caso chovesse]. Não sabemos quantas enfermeiras estão atendendo ou que horas sairemos. Mas a vontade de me ver livre do vírus me fez sair hoje”, afirmou.

O desejo depois de todo o tempo necessário para a eficiência da vacina é ver as bisnetas, que há 1 ano e meio estão longe de Lydia. “Gosto muito de viajar também, então, vamos ver”, disse.

Regiões preocupantes

O Plano Piloto é uma das regiões mais preocupantes quanto à mortalidade pela doença pandêmica. Até últimas atualizações no Portal da Transparência da Secretaria de Saúde do DF (SES/DF), a região contabilizou 277 idosos acima de 60 anos vítimas da covid-19. Este é o terceiro maior dado no DF, estando atrás apenas de Taguatinga, em segundo lugar, com 363 mortes; e Ceilândia, em primeiro lugar, com 582 óbitos.

Ao todo, 1.170 idosos acima de 80 anos morreram devido a complicações decorrentes da covid no DF. Juntamente com as vítimas de idade entre 60 e 79, a capital federal registrou 3.159 óbitos.

Primeiro dia de vacinação contra covid-19 de idosos acima de 80 anos no DF. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

O público estimado no DF é de 42.355 pessoas acima de 80 anos a serem vacinadas nesta etapa da campanha, de acordo com dados da Codeplan. Serão 36 salas de aplicação, sendo 30 em UBSs já existentes e outras seis em locais estratégicos, como escolas e ginásios, segundo a SES/DF.

De acordo com a Codeplan, 40% da população idosa do Distrito Federal vive nestas três Regiões Administrativas (RAs) mais preocupantes. Isso significa dizer que, em cada uma dessas regiões, existem mais de 30 mil idosos vulneráveis ao novo coronavírus.

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