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Brasília

Coronavírus: brasiliense “presa” em Portugal

Moradora do Riacho Fundo II espera voo de volta ao Brasil desde o último dia 23

Pedro Marra

27/03/2020 4h32

De férias em Lisboa desde o dia 14 de março, a brasiliense Daiane Ferreira, 30 anos, aguarda um voo da companhia aérea Azul para voltar ao Brasil. Devido à pandemia do novo coronavírus, a viagem de volta para a capital federal, que estava marcada para a última segunda-feira, foi cancelada pela empresa aérea porque Portugal está em situação de alerta à doença. Desde então ela está “presa” no país europeu, sem previsão de voltar para o Riacho Fundo II, onde mora.

“A azul não deu nenhum auxílio financeiro. A única coisa que falam é que estão fazendo uma lista com as pessoas que tiveram o voo cancelado, e que iriam mandar um avião para nos resgatar. Mas não deram previsão de quando seria isso. Recebi uma mensagem da Azul remarcando o meu voo para o dia 24. Aí no dia me mandaram um e-mail falando que estava tudo certo com a minha reserva. Eu cheguei no aeroporto e fui barrada na porta por um funcionário. Me falaram que não tinha ninguém nos guichês no momento e não estava tendo voo. Me disseram para ir à embaixada do Brasil para solicitar o voo de repatriamento”, relata Daiane, que é assistente financeira no Hospital Brasília.

Ela conta que ainda não recebeu orientação do que fazer por parte da embaixada do Brasil em Lisboa. “Cheguei na embaixada e estava fechada com avisos nas portas falando que só tinha atendimento on-line. Aí mandei e-mail, respondi formulários, e o pessoal da embaixada e do Itamaraty só respondem dizendo que estão cientes da situação dos brasileiros, e que estão fazendo de tudo para solucionar o problema. Mas não temos outra resposta além dessa”, lamenta.

 

Daiane não está sozinha na luta para voltar ao Brasil. Ela participa de um grupo com mais de 70 outros clientes da Azul, que também estão “presos” em Portugal. “Fiquei responsável de passar todas as informações do pessoal do grupo para a Azul. Consegui contato de uma pessoa da embaixada, para quem passo todos os dados de quem precisa de medicação”, diz.

“O dinheiro está acabando”

No período planejado para a viagem, Daiane se hospedou em um hotel de Lisboa. Mas desde a última terça-feira, ela está em um albergue, localizado no centro da cidade. Ela conta como tem se prevenido contra a doença no país, que já registrou mais de 3,5 mil casos do novo coronavírus e 60 mortes causadas pela covid-19. A boa notícia é que Portugal tem 43 pessoas recuperadas da doença, segundo Direção-Geral de saúde de Portugal.

“É um gasto a mais, e o dinheiro está acabando. A gente fica desesperado porque eu não sei até quando vou ficar aqui. Aqui em Portugal está crescendo muito rápido o número de casos (por coronavírus). Nesses 13 dias que estou aqui, só saí um dia para conhecer a Torre de Belém. Eu estou lavando as mãos quando saio para ir mercado para comprar o que está faltando para comer. Não consegui comprar o álcool em gel porque na farmácia onde fui estava em falta. Mas comprei outro produto para higienizar as mãos, porque foi a única solução que encontrei. Como não estou saindo tanto, passo o produto só quando chego da rua”, esclarece a brasiliense, que comprou um desinfetante para limpar as mãos.

A assistente financeira diz que procurou passagens pela TAP, companhia aérea portuguesa, mas os preços altos e o prejuízo desestimulam. “Quando entrei no site, vi que eles estão cobrando um absurdo, de 1,5 mil a 2 mil euros. A cada hora, aumenta mais esse valor, então é impossível comprar. E eu acho injusto eu gastar mais dinheiro, sendo que eu já paguei para a Azul. Então a Azul tem que mandar um avião para a gente que comprou e fez as reservas”, protesta Daiane, que fica de férias do trabalho até o próximo dia 31.

Por meio de nota, a Azul informou ao JBr que não está operando em Lisboa até o fim de abril por restrições impostas pela União Europeia. “Clientes impactados por essas alterações já foram procurados pela companhia. Eles podem optar por remarcar, alterar ou cancelar o bilhete. A companhia está disponibilizando opções de remarcação de voos com origem ou destino em Lisboa ou Porto, América do Sul e Estados Unidos. A medida vale para clientes com passagens adquiridas para voos até 30 de novembro”, comunica a empresa.

Procurados pela reportagem, a embaixada do Brasil em Lisboa e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) não retornaram o contato até o fechamento desta edição.

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