Menu
Brasília

Copa do Mundo aquece economia de bares e comércio em Brasília

Permanência do Brasil na competição é essencial para manter vendas, que cresceram entre 20% a 30% nos estabelecimentos

Vítor Mendonça

07/12/2022 10h59

Foto: Vítor Mendonça

Além de animar as expectativas para o hexacampeonato, a Copa do Mundo no Catar também ajuda o comércio a incrementar os ganhos neste fim de ano. Devido à competição, são diversos os setores que se beneficiam da festa gerada e, principalmente, das vitórias do Brasil. O consumidor busca desde decorações até locais para assistir aos jogos e comemorar as conquistas da seleção brasileira. Todo esse fluxo intensifica a atividade do comércio e aquece a economia.

Há apenas um mês no Guará, o bar e choperia Porks conseguiu um bom início de vendas com a chegada da Copa do Mundo. Conforme pesquisa anterior feita pelo sócio da unidade na região, Ítalo Carvalho, 33 anos, não fosse o mundial, o fim de ano seria com expectativa de baixas vendas, uma vez que muitas pessoas viajam e o setor tem certo desaquecimento ao longo das semanas.

“Além disso, tem a chuva, que tem impactado muito no nosso comércio, já que boa parte do que temos de espaço aqui é na área externa, sem cobertura. Então, quando chove, costuma ter pouco movimento. Mas nos dias de jogo do Brasil, principalmente, a casa tem ficado bastante cheia. Até mesmo se chove, o pessoal se espreme na parte coberta e, quando a chuva passa eles voltam para a área externa”, afirmou o empresário. “Durante o jogo tem sido muito bom.”

O único dia de jogo do Brasil em que o movimento caiu foi na última partida da fase de grupos, em que a seleção perdeu para a equipe de Camarões. “Nesse dia todo mundo foi embora com a derrota. Mas nesse último jogo [contra a Coreia, em que o Brasil venceu por 4×1], o pessoal ficou aqui até 00h, que é o horário que fechamos, então foi muito bom”, destacou.

“Estamos esperando que o Brasil continue ganhando, porque depois do dia de inauguração, esses dias de jogos têm sido os melhores para nós”, explicou Ítalo. Segundo ele, as vendas aumentam em cerca de 40% durante os jogos da seleção brasileira, então cada vitória conta não apenas para o hexacampeonato, mas também para o estabelecimento.

O padrão de maior movimento é visto também em outros bares e restaurantes da capital, que garantem bons rendimentos nos dias dos jogos do Brasil. Conforme explica o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, o crescimento nos dias de jogos é de aproximadamente 20% a 30%, podendo impactar positivamente o setor no mês de dezembro, que costuma ter outros tipos de movimentação.

Conforme explicou, de maneira geral, a Copa do Mundo tem a capacidade de aquecer a economia do setor em aproximadamente 10%. “Temos visto os bares lotados. Os jogos de maneira geral movimentam também quem faz Uber e transporta quem quer ir aos bares na hora do jogo, então há um movimento muito bom”, destacou.

“Os bares que resolveram colocar televisões para transmitir os jogos estão se dando muito bem. As pessoas estão se dirigindo aos bares e restaurantes para assistir às partidas, e praticamente todos estão fazendo isso porque acaba aumentando o movimento”, disse. Apesar de mais efetiva em dias de jogo do Brasil, a estratégia tem servido também para outras partidas da Copa do Mundo.

Ele explica que, apesar da boa movimentação, similar à de 2018, o consumo em bares e restaurantes, entretanto, de uma maneira geral, ainda não atingiu os mesmos níveis de 2019, antes da pandemia. Segundo Jael, as vendas nos estabelecimentos estão melhores, mas não voltaram à normalidade anterior.

Além do mundial, outras festividades também colaboram para o setor, como as confraternizações de fim de ano de muitas empresas, o Natal, o Réveillon e, neste ano e o próximo, também a posse presidencial. “Será um ano diferente, com bares, restaurantes e hotéis com faturamento melhor”, completou.

O clima de festa também impacta positivamente as distribuidoras de bebidas da cidade, que, com a demanda da torcida, aumenta as vendas nos dias de jogo, pouco antes das partidas. Em alguns estabelecimentos, filas são formadas, tamanha é a procura por quem prefere garantir o engradado para assistir ao jogo dentro da própria casa ou na casa dos amigos.

De acordo com Jadson Assis de Lucena, um dos sócios da distribuidora Cold Beer, em Taguatinga Norte, os dias de jogo do Brasil garantem movimentações bem maiores no estabelecimento, principalmente naqueles que acontecem às sextas-feiras, como será no próximo dia 9, em que a seleção enfrentará a Croácia nas quartas de final. Na última sexta (2), as vendas foram significativas, segundo o comerciante e empresário.

“Como é véspera de fim de semana, a galera engata e consome mais. Segunda-feira é mais parado, mas também está vendendo muito bem [nos dias de jogo do Brasil]”, disse. Jadson explica que o faturamento cresceu em mais de 50% desde que a Copa do Mundo começou. A procura é variada por cervejas, refris, vinhos, destilados, entre outros. “Copa e fim de ano ajudaram bastante”, continuou.

A continuidade do Brasil é crucial para que as vendas continuem em bom ritmo de crescimento, conforme destacou. “Quando é jogo do Brasil, o pessoal libera com o ponto facultativo, então se formos eliminados, com certeza as vendas vão baixar porque não haverá folga para o jogo igual está acontecendo agora. […] Todos os comerciantes estão torcendo para o Brasil chegar até a final porque até lá as vendas aumentam”, disse.

Brasil nas roupas e decorações

Conforme a tradição das cores do Brasil na torcida, os dias de jogos da seleção também garantem maiores rendimentos para o setor de roupas, decorações e acessórios. Focados no verde e amarelo, além da bandeira do país, o consumidor tem buscado elementos que alavanquem o espírito esportivo durante a Copa do Mundo, como bugigangas, tintas de rosto, fitas, buzinas e bandeirolas. O interesse nas vestimentas ajuda tanto lojas consolidadas no mercado quanto ambulantes.

Para o ambulante Everton Willy, de 32 anos, que há 11 anos vende roupas e outros itens na rua, a Copa tem ajudado muito a garantir uma renda extra. Normalmente, as festividades ao longo do ano já são vantajosas para o comércio que faz, como o Natal, carnaval, cada época com os respectivos itens típicos. “Sempre tem alguma coisa para acompanhar a tendência”, disse.

“A Copa ajuda muito porque as pessoas procuram bastante. Antes eu vendia umas 10 toalhas por dia. Hoje eu consigo vender 10 camisetas do Brasil em 10 minutos”, comparou. Morador de Ceilândia, ele utiliza o ônibus para transportar os produtos, mas as vendas da Copa poderão ajudá-lo a melhorar as condições para o comércio. “A grana está entrando de verdade agora, há uns 15 dias com a Copa. Estou aproveitando para juntar mais dinheiro para comprar um veículo para continuar trabalhando, porque ajuda bastante a transportar as coisas”, completou.

A procura maior tem sido a camiseta azul com os detalhes da onça pintada na manga, tanto para adultos quanto para crianças. A maioria dos produtos está voltada para o público feminino, que segundo ele consome mais que o masculino. “Enquanto o homem usa uma blusa só para a Copa inteira, a mulher costuma comprar duas, três ou quatro peças. Elas acabam sendo mais consumistas”, explicou sobre a estratégia.

Assim como nos outros negócios, segundo ele, o bom fluxo de caixa depende da permanência do Brasil na Copa do Mundo. “Não podemos ser eliminados de forma alguma, senão a venda zera. Enquanto estivermos dentro, vamos vendendo aos poucos. Vamos torcer para sermos campeões também, porque já são 20 anos [sem o título], né?”, finalizou.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado