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Brasília

Conheça a história de crianças que aprenderam a ler e a escrever durante o ensino remoto

Em um grande desafio para pais e professores, crianças do DF se alfabetizaram apesar de estarem longe das salas de aula

Redação Jornal de Brasília

12/08/2021 5h00

Gabriel Bezerra
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Por conta do início da pandemia de Covid-19 no Distrito Federal, as aulas presenciais nas escolas foram interrompidas em março de 2020, como forma de proteger os frequentadores das instituições e promover o distanciamento social. As crianças da Educação Infantil e dos primeiros anos do Ensino Fundamental foram talvez os mais afetados, pois devido ao seu início de vida escolar, necessitam do contato com os professores para aprender a ler, a escrever e a socializar com outros colegas de turma.

As aulas presenciais do grupo foram retomadas no dia 5 deste mês, e por incrível que possa parecer, os pequenos alunos conseguiram progredir durante o período de um ano e meio tendo aulas no computador. Para Socorro Martins, diretora da Escola Classe 03 de Planaltina, o motivo do progresso foi a “dedicação e empenho dos professores para aprender métodos novos de ensino”. Apesar das dificuldades e dos receios dos pais, o corpo de funcionários da escola receberam diversos vídeos de alunos lendo livros dentro de suas casas durante todo o período de ensino remoto.

Para Tatiane Lima, professora de alfabetização da escola de Planaltina, o tempo fora das salas de aula teve diversos desafios. “No início foi bem complicado, porque eu já trabalho já tem muitos anos com alfabetização, mas nunca imaginei uma situação que nós tivéssemos que trabalhar de longe, porque nós estávamos acostumados com o trabalho presencial”, conta.

A professora se reinventou, e aprendeu com o tempo a mexer com os métodos tecnológicos para poder ensinar os seus alunos: “Como na alfabetização a criança precisa de estímulos visuais e auditivos, eu pensei em uma forma de trabalhar no Google Meet, onde a gente pode tanto conversar como se ver.” A recompensa veio assim que a docente viu os vídeos de seus alunos praticando o hábito da leitura de forma espontânea.

Uma das gravações foi feita por Angeline Fernandes, moradora da cidade e mãe da pequena Isabella, de 6 anos, que estava lendo uma pequena história no horário de lazer. Na legenda da captura enviada para a professora Tatiane, a mãe dizia: “Quanto orgulho eu tenho de você e da minha pequena. Minha filha está lendo, graças a você, graças à sua paciência, boa vontade e dedicação! Pensa em uma mãe que está encantada! Gratidão, é o que tenho por você. Obrigada de coração.”

Angeline diz que antes da pandemia, a filha não sabia ler, conseguindo apenas somente soletrar o alfabeto e escrever o próprio nome. Com a introdução do ensino remoto, a mãe diz ter ficado receosa com o novo método à distância. “ No começo eu achava que não iria dar certo, fiquei preocupada e com medo das crianças não derem conta e pensei que seria um ano totalmente perdido. Mas no decorrer do ano eu vi que realmente estava tendo sucesso.”

A professora de alfabetização diz que muitos outros vídeos foram enviados até ela por outros pais, parabenizando pelo seu trabalho frente à pandemia. Para ela, o mais recente e emocionante acontecimento, aconteceu no primeiro dia de retorno às aulas presenciais ocorrido nesta segunda-feira (5). Segundo a docente, uma aluna chegou na sala e começou a ler as palavras espalhadas nos cartazes da escola. Engajada, a criança disse: “Tá escrito ‘parabéns’, não é tia?”. Uma outra aluna perguntou: “Você já está lendo?”, e a menina respondeu: “Sim. A tia nos ensinou nas aulas remotas, você não lembra?”

Alunos de escolas particulares evoluem longe das escolas

Para Hosana de Carvalho, empresária, técnica em enfermagem e mãe de Rafael de Carvalho, de 6 anos, que estuda em uma escola particular de Planaltina, a pandemia fez com que os pais tivessem que ficar mais próximos das crianças para amenizar as dificuldades impostas pela distância da sala de aula. “Eu acho que estar mais presente foi necessário para eles. Quando eu voltei a trabalhar, às aulas já estavam no ensino híbrido. Mas antes disso, quando eles ficavam mais em casa, eu estava sempre muito presente com eles”, relata.

Rafael, que no ano passado estava no Jardim I da educação infantil, aprendeu a escrever as letras e o nome dele a partir das aulas online. Segundo Hosana, o motivo para o progresso do filho foi o apoio de professores capacitados e o acesso à materiais que foram cedidos pela escola. “Ele aprendeu bem porque teve uma ótima professora, um material bom, a escola era muito boa.”

Mesmo assim, ela afirma que o filho teria aprendido mais conteúdos se as suas aulas tivessem sido presenciais desde o início da pandemia. Além disso, a falta de contato com os colegas fizeram bastante falta para Rafael, que teve que brincar somente o irmão, no quintal da sua casa em Planaltina.

Perguntadas sobre o retorno presencial das atividades presenciais nas escolas, a mãe de Isabella, estudante da Escola Classe 03 de Planaltina, diz que sente receios da ida da filha à escola, devido ao aparecimento das novas variantes na cidade. Na última segunda-feira (5), a Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que 21 dos 75 casos confirmados na capital da variante delta foram registrados por lá.

Já Hosana, mãe do pequeno Rafael, diz não temer a ida dos filhos às salas de aula: “Particularmente, eu nunca tive medo. Eu sou profissional da saúde mas eu nunca tive medo”.

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