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Brasília

Concursos suspensos da PCDF deixam concurseiros preocupados

Na semana passada, os certames para a nomeação de novos escrivães e agentes foram suspensas pela Diretoria da Escola Superior da Polícia Civil

Redação Jornal de Brasília

17/02/2023 15h07

Foto: Divulgação

Gabriel de Sousa
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A incerteza se tornou presente no cotidiano dos concurseiros que estão prestando os concursos para agentes e escrivães da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Na semana passada, a Diretoria da Escola Superior da Polícia Civil optou por suspender os dois certames, alegando a existência de possíveis irregularidades na desclassificação de candidatos que se enquadram como pessoas com deficiência (PCD’s). As decisões foram publicadas no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF).

Diversas denúncias sobre a forma em que foi feita a avaliação biopsicossocial foram encaminhadas para o Ministério Público de Contas do DF (MPC). Nas alegações, o órgão disse que os candidatos PCD’s, cujas deficiências eram compatíveis com as atribuições dos cargos, foram eliminados no teste médico mesmo com a sua condição física que, em tese, permite a sua concorrência no concurso público.

Segundo o MPC, os procedimentos adotados pelo Cebraspe, que é a banca organizadora do concurso, possuem vícios que maculam o certame, sendo necessária a atuação do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF). Em nota, a banca afirmou que, em breve, será divulgado um novo cronograma de realização das etapas do certame em que os candidatos PCD’s foram prejudicados. Além disso, as datas preliminares da divulgação do resultado final da primeira fase da seleção e a convocação para o curso de formação profissional foram adiadas.

Sinpol tenta reverter suspensão

Logo após as decisões que suspenderam os certames da PCDF, o Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol/DF) acionou o seu departamento jurídico para que o certame fosse retomado de forma imediata, resguardando os direitos dos candidatos com deficiência.

Em nota, o Sinpol/DF lembrou da grande duração do certame atual, que desde quando o seu edital foi lançado em junho de 2020, já foi adiado em outras cinco ocasiões. “O prolongamento de tais concursos é sem precedentes na história da PCDF”, afirmou a representação sindical. O Sindicato irá atualizar os aprovados na seleção sobre os próximos movimentos que pretendem reverter as decisões publicadas no DODF.

O Sinpol também criticou o Cebraspe, ao salientar que a banca organizadora possui uma “ineficiência e descomprometimento com os cidadãos” ao insistir em adiar os cronogramas previstos para a conclusão dos concursos. Além disso, o Sindicato também pontuou que as decisões agravam a situação atual da PCDF, que se encontra com um quadro de servidores abaixo do necessário. “Para além do prejuízo financeiro e desgaste emocional dos aprovados, a defasagem histórica em seu efetivo tem gerado reflexo na capacidade operacional da PCDF. A corporação se encontra sobrecarregada”, concluiu.

Aprovados se sentem desamparados

A equipe de reportagem do Concursos & Carreiras do Jornal de Brasília conversou com dois candidatos aprovados na primeira fase do concurso da PCDF, que preferiram não se identificar para evitar represálias durante a continuação do certame. Segundo os concurseiros, a suspensão já era esperada muito tempo antes das publicações no DODF. “Todo mundo já ficou comentando sobre a desorganização. A gente se sente lesado porque tudo isso poderia ser evitado, mas eles preferiram deixar suspender”, afirmou um dos entrevistados.

O que deveria ser uma oportunidade de dar início a uma carreira policial dos sonhos, se tornou uma grande “dor de cabeça” para J.D.E, que há três anos está destinando grande parte do seu tempo para se dedicar a um concurso público que parece não ter fim. “Já poderia ter feito muitas outras coisas na vida, outras oportunidades para a área, mas estou aqui persistindo. O problema é que a cada dia que se passa é uma coisa nova, e isso desestimula”, explicou.

Para A.S.S, a população do Distrito Federal é quem sai perdendo com a nova suspensão, já que, com a longa duração do certame, a Polícia Civil do DF está atuando com um quadro de pessoal abaixo do necessário. “Quem não está fazendo o concurso pode achar que é a gente que está sendo prejudicado, mas é por conta disso que, muitas vezes, falta um policial para atuar quando é preciso”, destacou o concurseiro.

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