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Brasília

Combustível caro pesa no bolso dos brasilienses

Reajuste anunciado na última sexta-feira já chegou aos postos de combustível no DF

Redação Jornal de Brasília

20/06/2022 19h42

Atualizada 21/06/2022 23h40

Por Vítor Mendonça e Marcos Nailton
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O reajuste no preço da gasolina e do Diesel anunciado pela Petrobras na última sexta-feira (17) pegou os brasilienses de surpresa. A estatal não aumentava o preço da gasolina desde março, e do diesel desde 10 de maio. Os novos preços passaram a valer no sábado (18) e em alguns postos a diferença pôde ser observada.

O preço médio de venda de gasolina da Petrobras para as distribuidoras passou de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro, o que acumula um reajuste de 31,08% desde o início de 2022. Já o Diesel passou de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro, acumulando 68,01% desde o início do ano.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), Paulo Roberto Tavares, destacou que o impacto ao consumidor final é variado nos postos, uma vez que cada bandeira irá aplicar o aumento conforme a margem adequada a cada local, variando de acordo com a concorrência, a margem de lucro mínima necessária para manter o negócio, entre outros fatores.

“Você tem até posto vendendo gasolina a preço de custo, então pode ser que esses postos que estão fazendo promoção já repassem [o aumento do preço], e outros que não estão, podem segurar, não dá pra saber. […] O mercado está muito confuso. Para o consumidor, o aumento vai depender de cada um de acordo com seu estoque”, contou.

No posto Melhor no Paranoá, por exemplo, a gasolina subiu de R$ 7,35 para R$ 7,51 de sexta-feira para ontem. Na Qi 27 do Lago Sul, o Posto Peter Pan estabeleceu a gasolina comum a R$ 7,65 e o Diesel S10 a 6,62. No Guará, o também posto Melhor, 24h, fixou o valor do litro a R$ 7,70 no último domingo (19).

Nas bombas, em geral, a gasolina teve variação de aproximadamente R$ 0,15 por litro, enquanto o diesel teve variação de R$ 0,63 por litro.

Considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da estatal no preço ao consumidor passou de R$ 2,81, em média, para R$ 2,96 a cada litro vendido na bomba. Para o diesel, a mistura obrigatória é de 90% de diesel A e 10% de biodiesel. O preço médio foi de R$ 4,42, em média, para R$ 5,05 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,63 por litro.

Impacto no dia a dia

De acordo com a recepcionista de hospital, Camila Pires, os aumentos são “um absurdo”. No dia a dia, mesmo com um carro econômico que costuma fazer 16km por litro, os impactos das elevações no preço comprometeram a qualidade de vida e a chance de encontrar com o restante da família, que mora no Goiás.

“Deixei de viajar para ver meus parentes em Anápolis. Por conta do preço da gasolina, não é viável ir para lá. […] Não tem o que fazer para economizar. Tenho que sair para trabalhar todos os dias [percorrendo aproximadamente 25 km paranir e voltar]”, afirmou.

Para Carlos Alberto, motorista autônomo de um pequeno caminhão, com o qual faz fretes e entregas, encher o tanque tornou-se um desafio. Anteriormente, ainda antes das constantes elevações de preço, o valor pago era em torno de R$ 600,00. “Hoje não encho o tanque por menos de mil”, reclamou o trabalhador.

O aumento do Diesel comprometeu algumas boas oportunidades de negócio, segundo ele, com entregas que seriam feitas em locais mais distantes dos habituais dentro do DF. “Se eu estiver com pouco dinheiro, não consigo fazer uma entrega para o Goiás, por exemplo, porque só recebo depois de concluir o serviço. Não compensa”, disse.

“Estou tendo que cobrar um valor mais alto para os clientes, e algumas vezes nem aceitam. Mas tem que continuar trabalhando e correndo atrás. Não posso parar porque as contas estão aí, né [para serem pagas]”, finalizou. Em casa, ele tem tentado procurar produtos com os valores mais baixos para compensar os gastos com o combustível.

A microempreendedora no ramo de festas e eventos, Clara Carvalho, contou que tomou um susto ao saber do aumento. Para os dois automóveis que usa para transportar os materiais de trabalho – um movido a diesel e o outro a gasolina – o reajuste deve afetar cerca de 20% na sua receita final, segundo ela, que já vinha fragilizada devido à crise gerada pela pandemia.

“Essa notícia caiu como uma bomba, eu não estava nem sabendo e agora estou enrolada. Cada vez que saio para um lugar próximo é R$ 70,00, R$ 80,00 de combustível para ir e voltar. […] Meu ganho já não está legal por conta da pandemia, o pessoal que trabalha com festas e eventos foram bastante prejudicados. […] Vou ter que rever meus preços”, relatou.

Segundo o motorista de aplicativo Felipe Oliveira, ele possivelmente precisará trabalhar mais horas durante o dia para conseguir pagar o valor do aluguel do automóvel que utiliza nas viagens. O profissional conta que, ao gastar mais na hora de abastecer, a receita se torna cada vez menor.

“Os valores já estão um absurdo e eu só consigo ver duas saídas: ou eu trabalho mais durante o dia, e também durante à noite, ou vou ter que achar um aluguel mais em conta de outro carro. […] Está bem complicada a situação. Daqui a pouco não vou conseguir nem ter mais ganho nas corridas”, contou o motorista.

Defasagem internacional

Ainda de acordo com o presidente do Sindicombustíveis, o aumento no preço dos combustíveis se deve à defasagem internacional. Conforme explicou à reportagem, a Petrobras mantém uma política na qual os preços no país devem ser iguais aos do mercado externo. Paulo também destaca que o reajuste feito pela estatal no preço do Diesel ainda não é o suficiente para nivelar os valores dos outros países.

“O Diesel tem subido muito no mercado internacional porque está em falta, até porque a Europa está deixando aos poucos de comprar da Rússia. […] Está começando a subir muito o preço do Diesel. A Petrobras tem uma política de manter o preço [igual ao internacional] e tem contratos firmados nesse sentido com os acionistas”, afirmou.

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