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Brasília

Com mais de 130 dias sem chuva, cerca de 10% da área do Parque Nacional de Brasília já foi queimada

O calor, o tempo seco e os ventos fortes contribuem para a rápida propagação do incêndio

Mayra Dias

15/09/2022 18h49

A mesma seca que aflige os brasilienses nos últimos dias está colocando em risco o bioma Cerrado e suas reservas naturais. Dados mais recentes do ICMBio mostram que, até terça-feira (13), foram destruídos 4.092,75 hectares do Parque Nacional de Brasília, o que corresponde a quase 10% da área da unidade de conservação, que tem 42.355,54 hectares. O primeiro incêndio no Parque Nacional de Brasília, registrado no dia 5, queimou 3.855,32ha da reserva. Na segunda-feira (12/9), o segundo foco destruiu 237,43ha. 

De acordo com os militares, a área é de mata de galeria, cuja característica é ser muito fechada e com muita carga de material orgânico. Além disso, o calor, o tempo seco e os ventos fortes contribuem para a rápida propagação do incêndio. São mais de 130 dias sem chover e, há 18 anos, isso não acontecia em Brasília. O DF, nesta quarta-feira (14), bateu o recorde de calor em 2022 pelo quarto dia consecutivo. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), informam que a temperatura chegou a 35,2ºC, às 14h, e a umidade relativa do ar ficou em 11%, bem menos do que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera ideal, que é 60%. 

Os índices de calor no Distrito Federal foram registrados na estação meteorológica de Águas Emendadas, na cidade de Planaltina. O Inmet prevê, contudo, que esse calor intenso pode dar uma trégua na noite dessa quinta-feira (15), pois há previsão de pancadas de chuvas em algumas áreas de Brasília. No entanto, a previsão é que a chuva só chegue de vez com a primavera, no fim de setembro. Em 2020, a estiagem durou 127 dias e em 2021, 76 dias. Com os índices, Brasília entrou em alerta vermelho.

Nesta quinta-feira,15, até o momento da publicação desta matéria, o Instituto Nacional de Meteorologia registrou temperatura máxima de 34,1%, com umidade relativa do ar em 18%. Segundo o órgão, 2022 registra a pior estiagem dos últimos 52 anos. Em 1970, o DF registrou 135 dias consecutivos sem chuva. O recorde maior se deu em 1963, com 164 dias de seca.

Nesta quarta-feira, um novo incêndio atingiu o local. Segundo o ICMBio, o fogo começou pela manhã, na parte norte do Parque, entre os córregos Três Barras e Milho Cozido. Brigadistas do Instituto, militares do Corpo de Bombeiros e servidores do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) estão mobilizados com aeronaves e caminhões-pipa. Segundo o CBMDF, as equipes, que entraram de serviço no fim da tarde desta quarta e na manhã desta quinta-feira, foram mobilizadas e foram para o local, a aeronave está fazendo o monitoramento das áreas quentes. Segundo eles, uma linha de fogo de 3 quilômetros de extensão se formou na mata. A causa dos incêndios é, principalmente, resultado de ação antrópica, seja esta acidental ou proposital. Muitas vezes, o fogo é iniciado com o descarte de bitucas de cigarro e queimadas de lixo, por exemplo. Os órgãos oficiais do DF pedem atenção máxima para que se evite esse tipo de situação. 

O Parque 

Contribuindo para o equilíbrio do clima na região, a reserva foi criada pouco depois da inauguração de Brasília, em novembro de 1961, para proteger os rios que abastecem o Distrito Federal de água potável. 

O parque conta com a represa de Santa Maria, que abastece boa parte da população da capital federal. De acordo com o ICMBio, cerca de 80% da água da capital do país vem de dentro do Parque Nacional, e essas queimadas podem trazer malefícios para a captação, pois isso acaba mudando o regime hídrico do parque. Segundo Juliana de Barro, chefe do Parque, a situação pode vir a diminuir a disponibilidade de água, ou essa água pode ser disponibilizada em outro local. 

Queimadas também atingem outras regiões

Devido ao tempo quente e seco, os militares  do Corpo de Bombeiros receberam 82 solicitações para combate a incêndios nesta quarta-feira. Uma delas foi no Park Way. O fogo, que destruiu 110 mil metros quadrados de vegetação,  ameaçou casas e assustou moradores da região, principalmente os próximos da Quadra 28, nos conjuntos 3 e 6. Além da área verde, as chamas atingiram um automóvel e duas estruturas. 

Foram inúmeros focos de incêndio. Segundo a equipe, enquanto o trabalho ocorria, outras solicitações chegavam e, em uma delas, o fogo atingiu parte do telhado de uma residência e foi erradicado. Todo o processo de combate ao fogo durou mais ou menos três horas. O imóvel e o automóvel permaneceram aos cuidados dos seus proprietários. Seis viaturas e 35 militares atuaram no local. 

Na manhã desta quinta, eles atenderam a ocorrência de um incêndio às margens da Estrada Parque de Taguatinga (EPTG), próximo à Caesb. A corporação não soube informar a área atingida.

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