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Brasília

CLDF realiza audiência pública para debater mobilidade ativa 

Reunião contou com a presença de especialistas e autoridades e foi uma das iniciativas do mês da mobilidade urbana

Mayra Dias

12/09/2023 18h39

Foto: Carlos Gandra/CLDF

O ato de se mover usando a energia do próprio corpo. Esse é o princípio da ‘mobilidade ativa’, tema da audiência pública realizada nesta terça-feira (12) no plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Organizada pelo deputado distrital Max Maciel (Psol), a reunião teve como objetivo discutir  a importância da mobilidade ativa como direção prioritária a ser tomada, visando a integração, sustentabilidade e eficiência nos sistemas de transporte da capital. 

O mês de setembro é considerado o mês da Mobilidade Urbana no Brasil, e durante a data são realizadas diversas atividades visando conscientizar a população sobre o tema. Por esse motivo, Maciel reuniu autoridades e especialistas para discutir “Mobilidade ativa como forma de melhorar a mobilidade urbana”. “O aumento de investimentos em infraestrutura viária não tem garantido uma melhoria proporcional na mobilidade urbana, torna-se fundamental refletir e debater alternativas sustentáveis e eficientes para o nosso trânsito”, explica o distrital. 

O principal assunto da audiência foi como melhorar as condições de tráfego para ciclistas e pedestres, o que vai de encontro com dois importantes projetos de autoria de Max Maciel, que visam a melhoria da mobilidade urbana e consequentemente da qualidade de vida, o Política de Mobilidade a Pé e o Fundo Distrital do Transporte e Mobilidade Urbana.

No encontro desta manhã, Perseu Rufino, arquiteto e urbanista, ativista pelos direitos da pessoa com deficiência, pontuou que novas necessidades têm surgido, e que a qualidade de vida está diretamente ligada ao caminhar. No entanto, segundo ele, o espaço urbano ainda segrega e exclui alguns grupos sociais. “Competimos com os veículos e ficamos à mercê dessa hierarquia, na qual o carro domina”, destacou. 

Tal cenário, na avaliação do arquiteto, gera impactos psicossociais aos PcDs (Pessoas com Deficiências), ao limitar os estudos, bem como a profissionalização desse grupo. O ativista, por sua vez, sugeriu a flexibilidade nos meios de transporte. “Isso aumenta a capacidade de pessoas sem prejudicar no fluxo local. Cidades mais dinâmicas são mais seguras, porque estimulam a ocupação dos espaços”, disse. 

O principal objetivo do debate, segundo Max Maciel, é tornar a cidade mais ‘caminhável’ e acessível para as pessoas. “Os meus projetos contribuirão nessa transformação, deixando a nossa cidade mais saudável, amigável e acessível aos pedestres, aos ciclistas e às pessoas com mobilidade reduzida”, ressaltou o parlamentar. 

Por sua vez, Maria Lúcia Rego Veloso, da Rede Urbanidade (Prourb/MPDFT) e do Brasília para Pessoas, reiterou o desafio dos PCDs em garantir o direito de ir e vir, já pontuado por Perseu. Ela aproveitou para compartilhar imagens de acidentes que sofreu ao andar com sua scooter em calçadas quebradas. “É importante resgatar a proximidade dos locais que nos atendem. Mas para isso precisamos de calçadas e de uma região que realmente receba o pedestre”, avaliou Maria Lúcia. “Quem tem carro dificilmente vai voltar para o transporte público, principalmente se este não tiver qualidade”, acrescentou a convidada. 

Quem também compartilhou com o público um acidente, foi Sheylla Maria Brito, da Bike Anjo e Rodas da Paz. O fato ocorreu quando ela pedalava em ciclovias má planejadas. “Quantas tragédias serão necessárias para que haja uma manutenção nas ciclovias do Plano Piloto?”, questionou. 

A mestre em Ciência Política e pesquisadora do Grupo Demodê do Instituto de Ciência Política Universidade de Brasília, Íris Pavan, também estava presente, e chamou atenção à ausência de opções de transporte que levam aos locais envolvidos no trabalho reprodutivo. “Andar a pé pode ser uma atividade bastante complicada para as mulheres, seja pela falta de infraestrutura e de segurança, seja pelo tempo de deslocamento, que é significativamente maior dependendo da distância”, argumentou.

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