As fortes luzes no alto de uma tenda colorida já denunciam a chegada do espetáculo. Pipoca, água, churros e balões de led acompanham a apresentação do Ciro Dubai, atualmente alocado na avenida Araucárias, em Águas Claras (DF).
O Dubai tem cinco anos de existência e, durante esse tempo, acumulou espetáculos e histórias para contar. Os artistas independentes tiveram que se reinventar para o show não parar durante o período de pandemia. “No nosso espetáculo tem de tudo, mágica, palhaçada, acrobacias, homem aranha. Estamos trabalhando com 50% de público por conta da pandemia”, disse o responsável pelo circo Dubai, Jefson Benhur.
O artista explicou que dessa vez o circo se instalou em sociedade, quando dois grupos de artistas se unem para formar um grande espetáculo. Com cerca de 25 pessoas, o cercado do circo também conta com artistas do circo Cirque 21. “Estamos aqui em uma sociedade com os integrantes do Cirquê 21. ‘Nós somos de Brasília e eles de Goiânia. Passamos pela capital e Goiás como Novo Gama e Luziânia”, contou Jefson.
Pandemia
Com a pandemia causada pela Covid-19, espetáculos que envolvem aglomerações foram proibidos no Brasil e no mundo. Os artistas independentes foram os que mais sofreram com a falta de verba para sobreviver. Com o circo Dubai não foi diferente.
“Antes de Águas Claras, estávamos no Areal. A gente estreou lá, veio a pandemia e paramos com os espetáculos. Foi difícil, estávamos vivendo à base de doações. O pessoal de Águas Claras e Areal foram os que mais ajudaram. Estávamos vendendo coisas na rua”, contou Jefson Benhur
Como os artistas já estavam reunidos quando a quarentena foi decretada, o grupo resolveu continuar junto e fazer o isolamento social que o momento exigia. De acordo com o Jefson, ninguém ainda teve contato com o vírus.
“Que a gente sabe não né. Fomos abençoados por deus, fizemos nosso isolamento, privados, somos uma família né? estamos juntos o tempo todo. Então se um pegar pode passar para todos”, afirmou Benhur.
Tradição de família
Jefson, além de ser o responsável pelo circo, também é trapezista e apaixonado por manobras aéreas. “O circo é uma tradição de família. Eu estudava, fiz ensino médio, me casei e fui para outro circo. Depois me separei e quis ir para fora do país trabalhar com arte, mas usei esse dinheiro para montar o meu circo que já tem quase 5 anos de existência”, contou.
O trapézio ainda deixa um frio na barriga
Durante o espetáculo, uma apresentação deixa o público aflito. Um trapezista se pendura em uma corda estendida na estrutura da tenda e realiza movimentos cirúrgicos, que causam frio na barriga de quem assiste.
A apresentação envolve delicadeza e força ao mesmo tempo. Os artistas esbanjam classe e parecem se sentir a vontade no espetáculo. Mateus Oliver é um dos trapezistas responsáveis por causar arrepios em quem assiste. Diferente da maioria dos integrantes da trupe, o jovem trapezista de 20 anos começou no circo sem influência familiar.
“Essa apresentação que eu faço chama Corda Marinha. Nunca caí, nem nos ensaios”, disse o jovem aliviado após a apresentação. Além de não ter influência familiar no circo, Mateus Oliver é pernambucano e veio para Brasília após uma transferência de artistas.
“Eu sou de Pernambuco, trabalhava em um circo lá. Daí fui transferido para o cirque 21. Estamos em sociedade com o circo Dubai”, contou o trapezista.
‘O circo me salvou”, diz palhaço Chuvisco
Quando vemos uma apresentação de comédia esperamos dar gargalhadas com o artista que faz o espetáculo. No circo, o responsável pela parte das risadas é o palhaço. Muitas das vezes prestamos atenção na sua performance e esquecemos da pessoa que está por trás da fantasia.
Um dos responsáveis pelas gargalhadas do público é o William Gabriel, ou melhor, o Palhaço Chuvisco.
“Eu gosto demais. Aqui todo mundo é família. Faz 10 anos que me apresento”, disse o comediante.
Durante a infância, William Gabriel, de 18 anos, teve dificuldade para desenvolver a fala. Por ser uma tradição de família, o jovem começou cedo na arte circense e conseguiu desenvolver habilidades que o ajudaram na recuperação da voz.
“Tenho nem o que falar, minha história é … O circo me salvou, desde pequeno quando comecei a me apresentar tinha vergonha, mas fui perdendo com o tempo e me desenvolvendo”, contou palhaço Chuvisco.
Com um pouco de vergonha, o jovem palhaço se aproximou da reportagem para dar a entrevista e logo ficamos rodeado de crianças que queriam a sua atenção. Durante a conversa com os pequenos, William Gabriel atende todos de coração aberto e sempre lembra a todos para estudarem.
“Eu estudo lá em Santa Maria, o circo Dubai é lá. Gosto muito do circo, mas não posso deixar de estudar né? Estou terminando o ensino médio”, disse William Gabriel
Pandemia
Com a pandemia causada pela Covid-19, espetáculos que envolvem aglomerações foram proibidos no Brasil e no mundo. Os artistas independentes foram os que mais sofreram com a falta de verba para sobreviver. Com o circo Dubai não foi diferente.
“Somos daqui de Brasília e ficamos um ano e seis meses, parado, sem espetáculos. Foi bem difícil para gente. Com a volta estamos começando a ficar bem, as apresentações estão indo bem”, contou chuvisco.
Serviço:
- Os espetáculos acontecem quinta e sexta, às 20hrs, e aos sábados e domingo em dois horários diferentes, às 18h e 20h.
- Os valores de entrada são divididos entre cadeiras populares e Vip.
- Nas populares, criança paga R$ 10,00 e adulto R$ 20,00. Na área VIP, os pequenos pagam R$ 15,00 e os grandões R$30,00