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Brasília

Cidade Eclética nega envolvimento em negociação por rendição de Lázaro

Boato que corre entre agentes de segurança é desmentido por representantes da comunidade

Lucas Neiva

24/06/2021 18h48

No 16º dia de buscas, o paradeiro de Lázaro Barbosa permanece desconhecido. A dificuldade em encontrar qualquer pista de sua localização, somada às práticas esotéricas do assassino em série já abre espaço para mitos envolvendo a população da Cidade Eclética, pequena comunidade espiritualista estabelecida entre os limites das cidades goianas de Águas Lindas e Santo Antônio do Descoberto.

O mito que circula entre parte dos policiais da força-tarefa que reúne agências de segurança do Distrito Federal, Goiás e União em busca de Lázaro é de que o criminoso estaria tentando fugir em direção à Santo Antônio do Descoberto para se entregar, e de que lideranças na Cidade Eclética estariam procurando advogados para fazer a negociação entre Lázaro e as forças policiais.

O representante da Fraternidade Eclética Espiritualista Universal (instituição que gerencia a Cidade Eclética), identificado como Silvain, nega a narrativa que circula entre policiais e que chegou a ser divulgada em canais de televisão. “Não faz sentido uma instituição que tem um rigor muito grande com a conduta correta do indivíduo abrigar um criminoso”, afirmou.

Silvain conta que a comunidade soube do mito por meio da televisão, e recebeu com surpresa a história. “Até então, a nossa impressão era: o rapaz está por aí nas redondezas, mas em uma distância enorme, e o policiamento está aqui o tempo todo”. O representante ainda acrescenta que, desde que as buscas por Lázaro começaram na região, a comunidade foi constantemente procurada por autoridades policiais para fazer estudos do terreno ao redor, e que nunca houve qualquer obstáculo para a entrada dos policiais.

“Nós ficamos chateados e descontentes com o uso do nome da instituição ou de um posicionamento sem uma checagem básica”, declarou Silvain. O representante acrescenta que, dentro da comunidade, não é difícil desmentir mitos como esse, mas a associação do nome da instituição à uma história de proteção ao assassino em série pode comprometer a imagem da cidade em relação aos chacareiros da região ao redor.

O representante ainda explica que, conforme o regimento da comunidade, não seria possível sequer abrigar Lázaro no local. “Qualquer membro da instituição que estiver devendo na justiça tem a obrigação de se desconectar da instituição e responder primeiro aquilo que está devendo para que possa voltar a se envolver com a instituição”, explica Silvain.

“A instituição não quer ver o fim desse homem de maneira trágica, mas gostaria muito de vê-lo preso e respondendo pelos seus crimes. Se possível, recebendo o tratamento necessário para que ele consiga, se for possível, porque não sabemos as suas características de fato, para que ele resolva essa questão. Mas a instituição nunca abrigou qualquer criminoso”, reforça.

Alarmes falsos sem rastro

Ainda sem rastros de Lázaro, a força-tarefa permanece procurando nas chácaras e fazendas próximas à base, no distrito goiano de Cocalzinho, por pistas de seu paradeiro. Visando guiar o criminoso em direção ao erro, a força-tarefa diminuiu a quantidade de equipes dentro da mata, para que se sinta confiante ao se movimentar e acabe saindo de possíveis esconderijos.

Até o fechamento da matéria, a última movimentação da tropa foi na fazenda Estrela Brilhante, propriedade próxima do município de Águas Lindas, último antes de chegar ao Distrito Federal. O secretário de segurança pública do Goiás e comandante da operação, Rodney Miranda, chegou a participar da busca, mas não houve resultado.

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