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Brasília

Caso Villela: ex-cunhado de Adriana depõe no quarto dia de julgamento

Enio Esteves Perche, ex-cunhado da suposta mandante do crime, engasgou, soluçou e chorou ao depor sobre a relação de Adriana e os pais

Aline Rocha

26/09/2019 16h44

Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Vítor Mendonça
[email protected]

O quarto dia de julgamento de Adriana Villela começou com muita emoção, às 9h08. O primeiro depoente desta quinta-feira (26) foi a nona testemunha e a segunda pessoa a depor em defesa da ré. Enio Esteves Perche, ex-cunhado da suposta mandante do crime, engasgou, soluçou e chorou ao depor sobre a relação de Adriana e os pais, Guilherme e Maria Villela. De acordo com ele a relação entre os entes poderia ser conturbada em alguns momentos, mas de pilar “amoroso”.

“Uma relação de amor, uma amor que compreende as diferenças”, disse Enio. Quando referido pela defesa da ré, cartas e e-mails “carinhosos” foram juntados pela defesa para que fizessem contraponto à carta escrita por Maria Villela à filha em 2006, lida na quarta-feira (25), por meio da qual recomenda que Adriana procurasse um tratamento para sua “agressividade compulsiva”, conforme descreve.

Enio Esteves Perche. Foto: Vítor Menonça/Jornal de Brasília

Filha pródiga

Um dos e-mails foi enviado no domingo, 8 de julho de 2007, às 8h. “Nana querida, seu sucesso é nossa alegria. Leia, no Evangelho de Lucas, a “Parábola do Filho Pródigo”, e não precisarei te dizer mais nada […] Seja bem-vinda à Casa à Paterna, que recebê-la-á sempre de braços abertos. Hoje almoçaremos no aeroporto por volta de 14h. Beijos Carinhosos, Sua mãe.”

A partir de outro endereço de e-mail, no que parece ser uma resposta à mãe, cerca de um mês depois, no dia 11 de agosto, Adriana escreveu no assunto da mensagem “Gratidão que não cabe em caixa”. No conteúdo, destrincham-se palavras mansas.

“Que lindo, mãe. Em todos os sentidos, visíveis e invisíveis planos… Grata por sonhar comigo […] Beijos, mãe. Nana. / Ps.: comprei um presente lindo pro meu pai. Espero que ele vá gostar. Uma maquininha de expresso”. Em outro trecho, não parece haver ganância nas palavras. “Como é que a pessoa vai entender o tamanho da gratidão que tem dentro das coisas? Pelo preço? Pelo carinho com que se dá? Espero que ele entenda o que o cafezinho dessa máquina significa para mim […]”.

O advogado de defesa, Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, trata as duas primeiras testemunhas como um trunfo em favor da ré. “Hoje é um dia especialmente importante para a defesa. a primeira testemunha disse das inúmeras ocasiões de afeto entre Adriana e seus pais, ao contrário do que a acusação fala, por causa de uma única carta”, considerou.

“Mabel me pediu algo que era errado”

De acordo com a terceira testemunha de defesa do caso, o advogado do norte de Minas Gerais e morador de Montalvânia, Geraldo Flávio de Macedo Soares, a ex-delegada da Coordenação de Crimes Contra a Vida (Corvida), Mabel Alves de Faria Corrêa, teria ido à cidade mineira e encontrado o homem para lhe dar orientações sobre o caso que envolvia a cidade.

Testemunha de defesa, Geraldo Flávio de Macedo Soares. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Nas investigações, conforme conversavam, Mabel teria pedido que o advogado orientasse Paulinho, já preso por outro homicídio em Montalvânia, que o crime de mando lhe renderia uma pena menor que o crime de latrocínio, infração defendida pelos advogados em favor da ré, quando assaltantes roubam e matam em seguida.

“Achei errado ela me pedir para orientar a dizer para Paulinho que dissesse que haveria mandante no crime, então eu só perguntei para ele se tinha ou não”, defende o advogado. “O Paulinho me disse, mesmo eu insistindo em entender se teve mando ou não, que ninguém mandou que matassem o casal”.

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