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Brasília

Caso Lucas Monte: laudo sugere suicídio, mas corpo tinha 32 perfurações

Polícia aguarda outros três laudos para concluir as investigações a respeito do estudante da UnB encontrado morto em Sobradinho

Carolina Freitas

06/03/2024 20h07

Reprodução

O laudo de exame de corpo de delito (cadavérico) do estudante da Universidade de Brasília (UnB), Lucas Monte, de 20 anos, encontrado morto no mês passado em um condomínio de Sobradinho indica que o jovem tenha se suicidado. De acordo com o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML), o corpo tinha 32 perfurações superficiais.

 

Conforme informações da 13º Delegacia de Polícia de Sobradinho, para concluir as investigações a polícia ainda aguarda o resultado de outros três laudos: do local, análise genética (material biológico) e toxicológico. Até o momento, nove pessoas já foram ouvidas pelas autoridades policiais. Além disso, ao menos uma pessoa será indiciada por tráfico de drogas, com pena de três a 15 anos, e corrupção de menores, reclusão de um a quatro anos.

 

Para a polícia, a linha de suicídio tornou-se mais robusta com o resultado do laudo cadavérico, mas a possibilidade de homicídio continua sendo investigada, agora numa linha secundária. “O fato está sendo investigado por completo. Inclusive se haverá responsabilização criminal (indiciamento) de alguém por induzimento ao suicídio”, informou a 13º DP.

 

Segundo informações do laudo, a morte foi causada por “choque cardiogênico secundário a tamponamento cardíaco após hemopericárdio causado por perfuração de câmaras cardíacas por instrumento pérfuro-cortante”, ou seja por perfuração no coração produzida por uma faca. A possibilidade de suicídio prevaleceu, até o momento, pelo fato das 32 perfurações tenham sido identificadas, quase em totalidade, agrupadas na região esternal e paraesternal esquerda, variando em dimensão entre 0,2 cm a 2,5 cm.

 

 

O laudo mostra ainda que as perfurações penetraram superficialmente no tecido subcutâneo e na musculação peitoral. As múltiplas lesões superficiais e paralelas, agrupadas no mesmo local, sugerem lesões de hesitação por parte de Lucas. Em casos de suicídio, a hesitação é comum pelo fato da vítima testar a dor com pequenos e sucessivos golpes.

 

 

“O fato de as lesões estarem agrupadas em uma mesma região sugere a possibilidade de suicídio, sendo extremamente incomum de serem vistas em casos de homicídio, onde a vítima tende a lutar, se movimentar e as lesões acabam dispersas no corpo e em sentidos não-paralelos. A ausência de lesões típicas de defesa nos membros superiores e nas mãos também fala contra a hipótese de homicídio”, cita o laudo.

 

O delegado-chefe da 13º DP, Hudson Maldonato, comentou: “O laudo identificou que não há lesão de autodefesa, as lesões estão todas concentradas na região torácica e apenas duas lesões realmente foram mais profundas. Somado o laudo a outras análises da investigação, os trabalhos tendem mais para a hipótese de suícidio, mas vamos apurar o caso por completo para concluir as investigações”.

 

O caso

 

O estudante da UnB, Lucas Monte, foi encontrado morto, no dia 13 de fevereiro, na casa de um amigo, no condomínio Alto da Boa Vista, em Sobradinho. O jovem encontrava-se desaparecido desde o dia 10 do mesmo mês. Já o boletim de ocorrência, do desaparecimento, foi registrado pela família apenas no dia seguinte ao sumiço (11/02).

 

A morte de Lucas tornou-se um mistério para a polícia, que seguiu desde o início duas linhas de investigação, de suicídio e homicídio. No dia 9 de fevereiro, o jovem e mais três amigos foram a um bloco de carnaval, no Setor Comercial Sul. Após a folia, os jovens foram para casa de um outro amigo em Sobradinho.

 

De acordo com as informações iniciais passadas para a polícia, Lucas teria saído da casa sem que os amigos percebessem e sem carregar a mochila ou o celular. Mas depois de dois dias do desaparecimento, o corpo do jovem foi encontrado dentro de um matagal, nos fundos do lote da casa. O corpo da vítima estava sem camisa e com as calças abaixadas até o meio da coxa.

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