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Brasília Candanga: “eu vim em um pau-de-arara”, diz pioneiro; assista a vídeo

Para a construção de Brasília, Juscelino Kubitschek lançou o seu plano de metas, 50 anos em 5. Esse foi o plano estipulado pelo presidente em sua campanha eleitoral

Redação Jornal de Brasília

27/04/2024 11h35

Foto: Mário Fontenelle/Arquivo Público do DF

Por Fernanda Ghazali, Maria Eduarda Lima e Ana Tominaga
Agência Ceub/Jornal de Brasília

“Eu vim de pau de arara, demorei 12 dias para chegar aqui. As empresas faziam acampamentos de madeira e a gente morava lá durante as construções”, Aos 88 anos, José Ventura de Araújo Moura relata que, em 1958, veio da Paraíba para trabalhar nas construções de Brasília, se tornando um verdadeiro pioneiro.

Para a construção de Brasília, Juscelino Kubitschek lançou o seu plano de metas, 50 anos em 5. Esse foi o plano  estipulado pelo presidente em sua campanha eleitoral. A construção de Brasília já era prevista desde o século 19, onde planejava levar a capital do país para o planalto central.

O projeto contou com os serviços de trabalhadores vindos de diferentes regiões do Brasil, especialmente do nordeste. Esses indivíduos, posteriormente denominados “candangos”, embarcaram nessa jornada em busca de melhores condições de vida.

Milhares de trabalhadores chegaram com suas famílias com pouca ou nenhuma condição. As instalações mais precárias eram as cozinhas, onde os alimentos eram preparados de forma improvisada. Com péssimas condições de moradia, muitos acabavam adoecendo.

Maria Eduarda Improise, estudante de pedagogia e guia do Museu Vivo da Memória Candanga, no Núcleo Bandeirante, conta como era a vida dessas pessoas: “As ‘casas’ eram improvisadas, muitas vezes feitas com lona de caminhão.”

Com a chegada da inauguração, os acampamentos provisórios começaram a ser desfeitos e os trabalhadores retirados de seus barracos e levados para regiões mais afastadas do Plano Piloto. As chamadas Cidades Satélites acabavam de ser inauguradas, mas sem o básico  infraestrutura. 

Inicialmente previstos para retornarem à suas cidades de origem, os candangos fizeram de Brasília sua nova casa. 

O professor de história e geografia Nilo do Matosinho explica que, como no projeto da nova capital não contavam com a presença desses habitantes, foi decidido que eles seriam realocados. 

“Após a inauguração, milhares de operários ficaram desempregados e os acampamentos acabaram virando as futuras RAs (regiões administrativas). Muitos vieram para Brasília sem grandes recursos.”

“De certa forma, eles foram excluídos após a inauguração de Brasília e não tiveram opção. Muitos não conseguiram voltar para sua terra natal”.

Energia

Apesar de não ter registros, José Ventura trabalhou na instalação dos primeiros postes de luz da via W3 Sul.

José Ventura de Araújo Moura. Foto: Fernanda Ghazali

Quando seu trabalho na Asa Sul acabou, José foi morar na Vila Amaury, que hoje está submersa no Lago Paranoá. 

“Quando fizeram o lago, a água veio subindo e a Novacap tirou o pessoal de lá. Fizeram uma fiscalização em todos os barracos perguntando se queríamos ir para Taguatinga ou Sobradinho, e eu escolhi Taguatinga. Fizeram uns barracões grandes para colocar as famílias enquanto esperávamos pelo terreno.”

Vila Amaury. Foto: Associação Candangos e Pioneiros de Brasília

José, que acompanha a evolução da cidade desde antes de sua inauguração, se emociona ao ver a evolução da cidade.

“Quando penso em Brasília vêm duas fotos na minha mente, uma em preto e branco e outra colorida. A diferença entre elas é muita, tudo  evoluiu para melhor”. 

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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