Menu
Brasília

Bombeira militar é filmada no banho por colega sargento dentro do batalhão

Ela percebeu que estava sendo gravada no banheiro do quartel: ao buscar as câmaras de segurança, constatou que o autor das filmagens era um amigo da corporação

Redação Jornal de Brasília

03/02/2021 17h00

Foto: Reprodução

Cezar Camilo
[email protected]

Um sargento do 1º Grupamento de Bombeiro Militar do Distrito Federal, no centro de Brasília, foi preso em flagrante, nesta terça-feira (2), após filmar uma colega de equipe, também sargenta, enquanto ela tomava banho no banheiro feminino do batalhão. Segundo relatos de outros militares, não é a primeira vez que o bombeiro realiza este tipo de abuso dentro da corporação.

A vítima confirmou o caso, mas não quis comentar o assunto. O autor do crime, 3º sargento Thiago Batista, está enquadrado como condutor e operador de viaturas e agora responde processo junto à Corregedoria do CBM-DF. Segundo relatos, em outra situação parecida, o bombeiro estava no alojamento dos socorristas do quartel quando uma colega de patente inferior percebeu que estava sendo observada dentro do banheiro feminino. Ela pediu ajuda a quem estava no local, mas não achou ninguém e o caso não avançou.

Com a convocação de mais bombeiros para a equipe do DF – cerca de 378 pessoas no fim do ano passado – a corporação teme que a situação de abuso se repita com o aumento do contingente feminino. “São várias as situações que elas não se sentem seguras: preconceitos quanto a capacidade profissional das bombeiras, a cabeça antiga do pessoal, é um tema que caminham devagar dentro do Corpo de Bombeiros”, relata um militar que preferiu não se identificar.

“As mesmas discriminações que existem na sociedade em geral estão presentes no batalhão. Pessoas com outro olhar perante às colegas de trabalho, apelidos pejorativos que as mulheres têm que lidar muitas vezes, ou situações onde qualquer aproximação física é sinônimo de interesse sexual”, disse o bombeiro militar em entrevista ao Jornal de Brasília.

Outra companheira de farda lamentou o acontecido, mas esclareceu ao JBr que não é nenhuma novidade. Segundo a bombeira militar que preferiu ter o nome suprimido para evitar possíveis retaliações, os abusos acontecem rotineiramente com várias mulheres, não só na corporação. “As situações de preconceito mais rotineiras acontecem durante o serviço, onde muitos companheiros não acreditam na capacidade de realizar algumas atividades enquanto mulher. Mas essa situação extrapola o âmbito profissional, não vamos nos acostumar nunca a ver de perto esse tipo de desrespeito. Dessa vez foi uma bombeira, mas é preciso dar publicidade a essas atitudes para que não se repitam mais em nenhum lugar”, disse.

Segundo a advogada trabalhista Jéssica Vieira, que atua em casos de abuso dentro do ambiente profissional no Distrito Federal, a coerção sexual de funcionários por superiores é mais comum, mas colegas no mesmo nível hierárquico também sentem-se à vontade para praticar o crime de importunação. “As trabalhadoras têm medo de perder o emprego ou cair de patente, nos casos dentro de instituições de segurança pública, mas a primeira atitude é denunciar, não se sentir acuada ou receosa em relação ao acontecido”, explicou.

“A promoção de atividades, como palestras, cartilhas e oficinas, é necessária em todos os ambientes de trabalho para criar um ambiente mais harmônico. É imprescindível avisar aos colaboradores que qualquer excesso no trato com o colega não ficará por isso mesmo”, ressalta a advogada.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado