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Brasília

Assédios sexuais aterrorizam brasilienses; a cada um minuto duas mulheres são abusadas no Brasil

Os números de vítimas de estupros no Brasil deixam uma grande preocupação para as autoridades e para a sociedade brasileira

Redação Jornal de Brasília

08/03/2023 5h00

Nathália Maciel
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Os números de vítimas de estupros no Brasil deixam uma grande preocupação para as autoridades e para a sociedade brasileira. Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os casos de abusos sexuais no país por ano é de 822 mil, ou seja, a cada um minuto, duas mulheres são violentadas. Os dados também mostram o receio da mulher em denunciar as agressões, onde apenas 8,5% chegam ao conhecimento da polícia e 4,2% são identificados pelo sistema de saúde.

A psicóloga Karla Lopo Paiva atende diariamente crianças, adolescentes e adultos vítimas de violência sexual, familiar ou doméstica. A especialista afirma que grande parte das mulheres que passaram por algum tipo de violência se sentem culpadas pelo crime e, por isso, tendem a não denunciar.

“Percebo que parte das mulheres chegam com muita culpa e vergonha por terem sofrido a violência sexual. Este é um tipo de crime em que, muitas vezes, ocorre uma criminalização da vítima, imputando a ela responsabilidade pela violência que sofreu, por meio de justificativas de comportamento, lugares onde estavam, roupas que estavam vestindo, etc.”, explica Lopo.

Diante de tantas vulnerabilidades, as mulheres do DF tentam se proteger da forma que podem. A vendedora Daniela Ferreira, de 30 anos, é moradora de Santa Maria e costuma se deslocar até Taguatinga por volta das 6 horas da manhã. Ela conta que, ao sair de casa, procura se planejar, calculando rotas, esperando por alguém que possa a acompanhar e usando um rastreador no celular caso algo aconteça.

Daniela ainda conta que não se sente segura nem mesmo nos transportes públicos. “Uma vez, dentro do ônibus, um homem que parecia meio alterado sentou do meu lado e em certo momento do trajeto quis me abraçar. Quando o cobrador percebeu colocou o indivíduo para fora do ônibus.”

Medos

Karla explica que o medo de sofrer uma violência por vezes pode ser protetivo, de forma que pode deixar as mulheres mais atentas para observarem fatores de risco de sofrê-la. Porém, é necessário equilíbrio a partir do momento em que este medo gera impactos no cotidiano, na saúde psicológica e nas relações sociais.

Além disso, o medo excessivo de sofrer violência sexual pode desenvolver outras doenças como mania de perseguição, ansiedade, fobia social e agrafobia, que está relacionada ao medo irracional de vivenciar uma situação futura de estupro ou outras formas de violência sexual.

A estudante Geisy Santos, de 17 anos, moradora da Estrutural, também sai de casa antes das 6 horas da manhã. Ela alega que já sentiu por muitas vezes medo de ser violentada. “Um homem que eu não conhecia passou a me seguir enquanto eu voltava para casa, no momento fiquei assustada e então decidi cortar as ruas para despistar o homem, só fiquei aliviada quando encontrei alguém conhecido”.

Tratamentos

Em casos de abuso ou assédio sexual, o psicológico deve ser um dos principais pontos a ser tratado por um profissional que entende os aspectos que envolvem o fenômeno da violência, de modo a ser capaz de levá-la a uma reflexão dos fatores base para que ela esteja nesta situação, sem julgar a forma da mulher de lidar com isso.

Karla Lopo conclui afirmando que é importante ter um cuidado maior nos casos de violência sexual aguda, ou seja, que ocorreu até 72h. Nesses casos, a mulher deve procurar os serviços de saúde que disponibilizam realização de teste rápidos e ministram aprofilaxia-pós-exposição, a fim de prevenir possíveis Infecções sexualmente transmissíveis. Se a violência for crônica, é necessário que se faça os testes rápidos para averiguar se será necessário algum tipo de tratamento.

Como Denunciar

As denúncias devem ser registradas por meio da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) ou da Secretaria de Justiça e Cidadania do DF (Sejus-DF):

Delegacia Especial de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), no Complexo da Polícia Civil no Parque da Cidade;
Ligar para o Disque Denúncia, por meio do telefone 197;
Procurar Conselhos tutelares.

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