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Brasília

8M: 61% das pessoas que empreendem no país são mulheres

Baixo faturamento, dupla jornada e o preconceito são alguns dos obstáculos, que implicam em consequências diretas no retorno financeiro

Redação Jornal de Brasília

08/03/2023 5h00

Atualizada 06/03/2023 17h36

Foto: Divulgação

De acordo com dados do Instituto Rede Mulher, o Brasil ocupa a sétima posição no ranking mundial de empreendedorismo feminino. Com isso, o dia 8 de março ganha destaque como representante da trajetória das mulheres para atingir tal patamar, resultante de anos lutando contra a desigualdade de gênero e a marginalização política e econômica.

Ingressar no mercado de trabalho como empreendedora é sinônimo de enfrentar desafios, dado que, mesmo anos buscando condições justas e igualitárias, as mulheres ainda são submetidas a circunstâncias sexistas nesse cenário. Baixo faturamento, dupla jornada e o preconceito são alguns dos obstáculos, que implicam em consequências diretas no retorno financeiro – números da Rede Mulher Empreendedora revelam que 50% dos homens no país recebem valores superiores a R$10 mil reais, enquanto 63% das brasileiras empreendedoras possuem um retorno de até R$2.500 por mês. 

Apesar do cenário díspar, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) constatou que, no quarto trimestre de 2021, a participação feminina na esfera dos negócios correspondia a 34%, com mulheres gerindo 10,1 milhões de empreendimentos no Brasil.  A busca pela independência financeira, o almejo pela ascensão profissional e a realização pessoal e familiar são alguns dos fatores impulsionadores do aumento da presença de mulheres no empreendedorismo. Em 2022, o boletim do Empreendedorismo Feminino do Sebrae revelou que cerca de 61% das pessoas que empreendem no país são mulheres.

Foi há três anos, que a escritora, cientista e preparadora literária Lella Malta criou o projeto “Escreva, Garota!” um grupo de apoio, engajamento e capacitação continuada de mulheres que escrevem. As participantes, que estão distribuídas em mais de 5 países, se encontram virtualmente para debater teoria literária, técnicas de escrita criativa, os segredos da autopublicação e o marketing literário, em uma espécie de clube exclusivo com vários benefícios. 

Além de aulas com grandes nomes da literatura (Aline Bei, Carla Madeira e Socorro Acioli já passaram por lá), as inscritas participam de sorteios, têm descontos em gráficas e livrarias, e também marcam presença nos maiores eventos literários do Brasil. Sobre isso, vale registrar que o grupo estará com um estande na próxima Bienal do Livro de São Paulo, que acontecerá em julho, para que as assinantes possam lançar suas obras e realizar sessões de autógrafos para seus leitores.

“O objetivo é fortalecer uma rede de apoio feminina que se fundamenta na troca de experiências sobre escrita”, explica Lella, que também mentora dezenas de mulheres que desejam publicar seus próprios livros. “Além de colocar nossas palavras no mundo, é fundamental que consumamos livros escritos por mulheres – e mulheres em toda a nossa pluralidade . Quantas escritoras você leu nos últimos tempos? Quantas delas são negras, LGBTQIA+, nortistas, nordestinas?”, finaliza. 

Para Lella, ainda existem desafios no empreendedorismo feminino. “Ser mulher é resistir na existência. É lutar diariamente pelo direito de ser quem se é. Como empreendedora do mercado editorial, função alinhada ao meu propósito de dar voz a outras mulheres, ocupo espaços que por muitas vezes nos foram roubados. Provo que faço arte, mas também faço negócios, que minhas palavras têm o poder de reinvantar o mundo, mas também de garantir minha independência financeira”, explica.

Empreendedorismo feminino no mercado cannabis

Juliana Guimarães é empresária e especialista em estratégia e desenvolvimento de negócios. Também é fundadora do 55Lab.co, um laboratório de negócios que desenvolveu os primeiros programas de pré-aceleração de negócios do lifestyle canábico do país e também é co-fundadora do ODispensário – primeiro espaço físico Espaço físico de acolhimento, compartilhamento de informações e comercialização de produtos lícitos do mercado canábico brasileiro.

“O ambiente de negócios no DF mudou muito nos últimos anos em decorrência de políticas de desburocratização e desoneração tributária. Ainda existem desafios importantes que são inerentes ao empreendedorismo em um país sem cultura empreendedora, mas o Distrito Federal tem muitas oportunidades por ser economicamente estável e potencial de crescimento. Empreender como mulher pode apresentar alguns desafios a mais (principalmente para as que, assim como eu, também escolherem também exercer a maternidade). Ainda vivemos pré-conceitos e desafios para acessar crédito (tanto em volume de grana quanto nos prazos de pagamentos e taxas de juros); enfrentamos também os desafios da tripla jornada (casa, filhos e trabalho) que ainda pesa muito na rotina feminina e, em vários momentos, dificuldades em processos de negociações e visibilidade quando comparamos com a perfomance de colegas do gênero masculino”, explica.

O primeiro dispensário do país foi inaugurado no ano passado, na CLN 102 Bloco C loja 30, na Asa Norte. O espaço conta com produtos terpenados – usados principalmente para conferir cheiro e sabor, mas sem canabinóides, apenas inspirados na cannabis. Quem frequentar o dispensário poderá provar cafés terpenados, cervejas artesanais com blend de óleos, pratos especiais e até chocolates. Para os entusiastas no lifestyle, a organização do local preparou ainda uma curadoria especial de roupas e acessórios.

“A gente também fez uma curadoria das melhores marcas de produtos de cultivo, extração e acessórios para fumo tanto aqui no Brasil quanto no exterior, então é uma curadoria em que trabalhamos com um bom custo-benefício para o mercado canábico brasileiro”, ressalta Juliana.

Paixão pela gastronomia

A arquiteta Mariana Miranda, 37 anos, sempre teve uma paixão pela gastronomia. Há seis anos passou a comandar o tradicional restaurante italiano Don Romano, com endereços no Lago Sul, Asa Norte e Águas Claras. Recentemente, a empresária decidiu investir em mais um negócio do ramo. Dessa vez, a aposta é uma casa especializada em comida havaiana e oriental, o Aloha Ni Hao, em Águas Claras. “São dois negócios distintos, mas que tem um segredo especial e essencial para dar certo e conquistar o público brasiliense: o afeto”, comenta.

Nesse processo, a mente criativa, a experiência com arquitetura e urbanismo e o interesse pelo universo da gastronomia foram fundamentais para alçar o nome de Mariana entre os profissionais mais promissores da culinária brasiliense.

“Sempre tive essa essência empreendedora. Encontrei diversas barreiras no caminho, mas sempre dei o meu melhor e não desisti. É um desafio administrar e empreender, mas sempre busco um caminho para que tudo dê certo. Tanto na arquitetura, como na área da gastronomia, devemos ter atenção, ainda mais por vivemos em uma sociedade que a mulher ainda é subestimada. Hoje, estamos vendo a força da mulher em vários segmentos e mostrando como somos eficazes e também podemos ocupar esses lugares de destaque. Não só podemos, mas como vamos, cada vez mais, ocupar”, finaliza.

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