Após o primeiro ano de vida, os pais de Matheus começaram a suspeitar do seu desenvolvimento. Alheio à presença dos outros, distraído, ainda sem emitir uma palavra, ele parecia viver em seu próprio universo. Quando fez dois anos, contudo, Samara Sales e Rômulo Oliveira começaram a entender o mistério: o menino, hoje com quatro anos, é autista.
O mesmo bebê, que nasceu no dia 24 de abril de 2009, com mais de quatro quilos e 52 centímetros, “saudável e grande”, como destaca a mãe, é portador de um transtorno até hoje dito incurável. Palavra essa, contudo, que não existe no dicionário do casal.
Não existem dados oficiais sobre o transtorno no DF. De acordo com a Secretaria de Educação, são mais de 800 alunos portadores da deficiência. No mundo todo, estima-se que aproximadamente 70 milhões de pessoas são autistas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). “Muitos pais ignoram as características, mas, na verdade, os sinais são claros. Basta prestar atenção”, indica Samara, 35 anos.
“Baque”
“Foi um baque. Ficamos assustados porque o autismo ainda é um mistério. Então, fomos atrás de todas as informações possíveis sobre o transtorno. Procuramos associações, ONGs e todo o tipo de pediatras e terapeutas que trabalham com esse tipo de comportamento”, conta Rômulo, 35 anos. O pai do menino, visivelmente emocionado, confessa que buscou “trabalhar a cabeça” para lidar com as limitações do filho. “Hoje, abraçamos a causa, uma causa nobre. Quero o melhor para o meu filho”, diz.
Matheus nasceu um ano depois de seu irmão, Samuel, de cinco anos. Para Samara, foi um susto descobrir que estava grávida. “Já estava com seis meses de gestação quando soube. Fiquei com medo, porque passei aquele tempo todo sem fazer pré-natal”, diz. Porém, o choque logo deu lugar ao amor. “O nome dele significa presente de Deus”, comenta, entre um olhar e outro para os filhos.
O grau de comprometimento do desenvolvimento de um autista depende da intensidade. Vai desde quadros mais leves, como a síndrome de Asperger, na qual a pessoa fala normalmente, até formas graves em que o paciente se mostra incapaz de manter convívio social e tem comportamento agressivo e retardamento mental. As causas, porém, até hoje não foram definidas. A tendência atual é admitir que o transtorno tenha relação com fatores genéticos e biológicos.