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Brasília

Após ataques, Praça dos Três Poderes fica vazia

A Esplanada dos Ministérios foi aberta para o trânsito às 9h30 da manhã de ontem, mas pode ser fechada caso haja novas manifestações

Redação Jornal de Brasília

16/01/2023 11h55

Foto: Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Elisa Costa
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Exatamente uma semana após as invasões e ataques antidemocráticos às sedes dos Três Poderes, em Brasília, um dos mais visitados pontos turísticos da cidade ficou praticamente vazio nesse domingo: a Praça dos Três Poderes. Mesmo com um clima agradável, o local estava com movimentação mínima. Algumas passavam de bicicleta e outras caminhavam, mas a reportagem do Jornal de Brasília não avistou muitas famílias ou turistas por ali, como geralmente acontece nos finais de semana. Entre os poucos, estava Renan Magalhães, 29, morador da Vila Planalto: “Estava pedalando pela cidade e resolvi parar aqui para descansar, mas infelizmente, o que aconteceu aqui ainda não dá para esquecer”, contou.

Segundo Renan, esse percurso é geralmente tomado por ele durante as pedaladas semanais e que, antes dos atos de vandalismo e terrorismo, encontrava a Praça dos Três Poderes mais movimentada. “É claro que, com aquelas cenas que vimos na TV, as pessoas ficaram com medo, inseguras. Mas esse sentimento vai passar”, relatou. Ele acredita que com a intervenção federal, decretada pelo presidente Lula na segurança pública do DF até o fim de janeiro, outros possíveis atos radicais serão, consequentemente, desmotivados. “Daqui algumas semanas as pessoas vão voltar a frequentar mais por aqui”, pontuou.

A Praça dos Três Poderes já não está mais como estava há sete dias atrás, pois ao longo da semana, diversas equipes foram designadas para fazer a limpeza dos edifícios e o reparo de móveis, portas, janelas e obras de arte de valores inestimáveis. As cadeiras, vidraças e objetos que ficaram caídos no chão já foram removidos. O trabalho também contou com o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que produziu um relatório completo sobre os estragos, os quais são pertencentes à arquitetura modernista de Oscar Niemeyer.

“Além de representar o centro do poder, são construções tombadas pela Unesco, né? É um patrimônio nosso, patrimônio cultural”, disse Helena Sousa, 45, moradora do Plano Piloto. Ela estava indo em direção ao Lago Paranoá, passando pela Esplanada dos Ministérios, quando decidiu parar na Praça dos Três Poderes para tomar um picolé. À reportagem, contou que adora fazer esse programa, mas não tem coragem de levar o filho de 10 anos ao local após os ataques. “Vou esperar essa intervenção acabar e os ânimos se acalmarem. Foram cenas horríveis”, destacou.

O vendedor de picolés que estava na praça e que atendeu Helena não quis se identificar, mas relatou que as suas vendas foram “muito fracas” durante a última semana. Além disso, comentou que, por opção própria, ficou dois dias sem trabalhar devido ao local estar passando por um intenso processo de revitalização. “No domingo em que tudo aquilo aconteceu, por sorte eu estava em outro ponto de vendas, e fiquei muito triste quando vi que a praça estava um caos”, pontuou. Vale lembrar que, entre os estragos causados naquele domingo fatídico havia computadores quebrados, carpetes arrancados, sangue, fezes e urina espalhados por vários locais.

O engenheiro de software, Thiago Silva, de 28 anos, é mais um que se sente inseguro após os acontecimentos e tem uma opinião mais forte a respeito do incidente. Ao Jornal de Brasília ele comentou que os ataques vieram de um grupo de extremistas que “agiram por impulso”, e que na sua visão, compartilham com características do fascismo das décadas de 30 e 40. “Estamos observando vários indícios de militares de alta patente dando um certo apoio a esses movimentos, o que faz a gente lembrar do golpe de 64”, ressaltou.

A reportagem não avistou nenhuma equipe de limpeza pelo local e nem equipes de restauração, apenas as equipes das forças de segurança dos prédios. A Esplanada dos Ministérios foi aberta para o trânsito às 9h30 da manhã de ontem, mas pode ser fechada caso haja novas manifestações. O governo federal monitora possíveis atos marcados para essa segunda-feira (16) na Esplanada, comentados pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, contudo, as movimentações ainda não foram confirmadas pela inteligência.

Agora, após tanta destruição, a população só torce para que tudo volte ao normal. “Fiquei revoltado por ver um crime ser cometido contra a nossa democracia, e pela falta de respeito com a nossa história. Mas acredito que esse sentimento de insegurança na nossa cidade deve passar em breve”, concluiu Thiago. Segundo o interventor federal, Ricardo Capelli, as forças de segurança no centro de Brasília estão maciçamente mobilizadas e que “ninguém ficará impune” em caso de crime contra o Estado Democrático de Direito.

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