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Brasília

Após a pandemia, 38,2% das pessoas moram nas ruas do DF

Pessoas improvisam um local de moradia e pernoite ou vão para um dos serviços de acolhimento disponibilizados pelo GDF

Mayra Dias

15/06/2022 17h45

Situação de rua

Foto: Agência Brasília

2.938. Essa é a estimativa de quantas pessoas vivem em situação de rua no Distrito Federal. É isso o que revela a mais recente pesquisa da Companhia de Planejamento (Codeplan), realizada em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas, com a Secretaria de Desenvolvimento Social do DF e apoio da Secretaria de Economia, sobre o Perfil da População em Situação de Rua do DF, divulgada nesta terça-feira (14/6). 

No lançamento da pesquisa, que ocorreu de manhã pelo canal do Youtube, estavam, presencialmente, a secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha, e o presidente da Codeplan, Jean Lima. De acordo com a secretária, os dados vão balizar ações voltadas a esse público, para que sejam feitos trabalhos cada vez mais efetivos. “De posse dessas informações, a equipe técnica vai ser capaz de fazer os recortes necessários para que a atuação da política de assistência social chegue com ainda mais eficácia ao cidadão”, afirmou Mayara. 

Para Jean Lima, por sua vez, a pesquisa surge da demanda dos movimentos sociais que atuam com o tema, que necessitavam de informações sobre esse segmento. “Essa demanda foi prontamente atendida pela Secretaria de Desenvolvimento Social e pela Secretaria de Economia. Dessa maneira, pela primeira vez, o GDF e a Codeplan entregam uma pesquisa que retrata o perfil socioeconômico e dados demográficos da parcela mais vulnerável da população do DF”, declarou o presidente. 

Os dados do levantamento que também contou com o apoio técnico da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e com recursos da CLDF, por meio de emenda parlamentar da deputada Arlete Sampaio, contou com dados coletados em fevereiro de 2022 em todas as 33 regiões administrativas do Distrito Federal. Nenhum lugar ficou de fora do radar da coleta, que incluiu espaços públicos, serviços de acolhimento e comunidades terapêuticas nos itinerários da equipe de entrevistadores.

Vale ressaltar que, classificou-se como pessoa em situação de rua, aquele ou aquela que respondesse que dormiria ou tinha dormido pelo menos uma vez nos últimos sete dias na rua ou em um serviço de acolhimento da capital. Desta forma, com esse perfil, foram localizadas 2.938 pessoas, sendo que 1.767 foram entrevistadas e 927 também classificadas como pessoas em situação de rua pelas equipes de coleta, não puderam ou não quiseram responder o questionário. 

Um dado que merece atenção é que, desse grupo, 244 eram crianças ou adolescentes. Também vale destacar que 46,3% das pessoas entrevistadas estão na rua há pelo menos mais de cinco anos.  38,2% dos entrevistados afirmaram terem ido para a rua durante a pandemia, ou seja, há 2 anos ou menos. Mais especificamente, 14,2% declararam que foram entre 1 e 2 anos e 24% foram no último ano. Do total de pessoas, 3,9% não sabem ou não responderam.

Entre as crianças e adolescentes, 42,7% são do sexo masculino e 52,4%, do sexo feminino. As informações foram fornecidas por seus pais ou responsáveis que afirmaram, ainda, que 37,7% das pessoas nesse grupo são pardas e 34,0% são indígenas. 

O estudo levantou ainda informações pautadas em outras características dessa população, como identidade de gênero, cor da pele, localidade de origem e etnia. Desta forma, foi possível observar que, no universo das pessoas identificadas em situação de rua, aproximadamente 80,7% são do sexo masculino, já 19,3% são do sexo feminino. Do total de pessoas entrevistadas, 92,7% afirmaram ser heterossexuais, 1,9% gays e 1,7% lésbicas. Dentre as entrevistadas, 50,4% se autodeclararam de cor parda, 20,7%, pretas e 14,7% se autodeclararam brancas e 11,6%, indígenas.

A maior parcela das pessoas que se encontrava em situação de rua em fevereiro 2022 estava na faixa etária entre 31 a 49 anos . A maioria das pessoas entrevistadas declarou que as principais atividades que realizou para geração de renda nos dias anteriores à pesquisa foram as de coleta de material reciclável, lavar ou cuidar de carros, vender produtos em semáforos ou simplesmente pedir. 

Por fim, mais da metade da população em situação de rua no Distrito Federal – 51,7% são migrantes internas.  Elas nasceram em outros estados brasileiros e se mudaram para o Distrito Federal em algum momento de suas vidas.  47,2% disseram aos entrevistadores que sempre moraram no DF.

Conforme informou a Sedes, de posse dessas informações, a equipe técnica da pasta vai ser capaz de fazer os recortes necessários para que a atuação da política de assistência social chegue com ainda mais eficácia ao cidadão. “Atualmente, as equipes sociais que realizam a abordagem sempre apresentam os serviços, programas e projetos sociais do governo; além disso, é ofertado o acolhimento institucional, uma vez que a pasta dispõe de 19 casas de passagem, sendo que oito foram inauguradas em 2021, bem como unidades de acolhimento para todas as faixas etárias, inclusive para famílias”, afirmam, em nota. 

As unidades de acolhimento institucional, de acordo com a secretaria, ofertam cinco refeições por dia aos acolhidos. Atualmente, são 28 equipes de abordagem social que atuam em todo o território do Distrito Federal, sendo elas referenciadas aos 12 CREAS e dois Centros Pop. Destas, 20 equipes atuam de segunda a sábado das 8h às 20h (horários alternados de 8h às 14h e de 14h às 20h, conforme característica de cada território) e oito equipes atuam em regime de plantão com horários intercalados, tendo funcionamento de 8h às 22h.

“É importante destacar, porém, que a Sedes não retira compulsoriamente pessoas em situação de rua; realiza, sim, atendimento nos espaços públicos da rua para inserção na Política de Assistência Social e demais políticas públicas, tais como: Saúde, Justiça, Educação, dentre outras”, destacam. “Outra questão importante é que essas pessoas têm gratuidade nos 14 Restaurantes Comunitários do Distrito Federal”, finaliza a Sedes. 

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