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Brasília

Aplicativo promete revolucionar o mercado de mobilidade urbana no DF

Novo app de transporte vai cobrar apenas R$ 150 ao mês dos motoristas credenciados e garante preço reduzido nas viagens aos passageiros

Afonso Ventania

28/06/2023 6h24

A mobilidade urbana é um problema dos tempos modernos. Começou com a migração do campo para as grandes cidades. A falta de planejamento urbano, no entanto, prejudicou a capacidade de deslocamento das pessoas e os gestores públicos não conseguem acompanhar a demanda por soluções para garantir a qualidade de vida e o bem-estar dos habitantes enquanto transitam pelos centros das metrópoles do Brasil de carro particular, ônibus, bicicleta, metrô, motos, aplicativos de transporte ou mesmo a pé.

Na capital federal, que recentemente completou 63 anos, não foi diferente. O crescimento superou todas as estimativas do projeto urbanístico de Lúcio Costa e, hoje, abriga quase 3 milhões de moradores. Para atender tanta gente que circula nas vias e rodovias que cortam o Distrito Federal há uma frota de cerca de 2 milhões de veículos motorizados. Resultado: congestionamentos, aumento de sinistros no trânsito, estacionamentos lotados, estresse, poluição. “Os brasileiros que residem nas capitais passam cerca de 2h do dia no trânsito (21 dias/ano)”, aponta a Pesquisa Mobilidade Urbana 2022, conduzida pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e pelo Serviço de Proteção ao Crédito.

Para tentar reverter a situação, especialistas e entidades ligadas ao tema da mobilidade urbana enviaram, no último dia 21 de abril, aniversário de Brasília, carta aberta ao governador do DF, Ibaneis Rocha, pedindo mais investimentos “à mobilidade sustentável e humanizada, com menor velocidade, priorização do transporte coletivo e incentivos para caminhar, pedalar e usar outros modos saudáveis de transporte”.

Todos esses problemas na mobilidade urbana geram oportunidades de inovação. E onde a ociosidade da burocracia governamental emperra, o empreendedorismo surge como alternativa para promover a transformação desejada. Diante de tantos desafios, a empresa N1 Car escutou as reclamações, sugestões e demandas dos usuários das plataformas já existentes e criou um aplicativo de transporte ágil e eficiente que promete revolucionar o mercado.

“O motorista ganha mais e o passageiro paga menos”

Depois de ampla pesquisa de campo, a N1 Car detectou os principais problemas apontados por motoristas e passageiros e oferece a solução com uma prestação de serviço inovadora. O modelo de negócio elaborado pela nova empresa vai contemplar principalmente os motoristas credenciados que serão remunerados de maneira mais justa. O altíssimo percentual descontado do valor das corridas realizadas nos aplicativos que rodam na praça atualmente é apontado como principal causa do descontentamento dos condutores cadastrados.

“Os aplicativos atuais estão muito defasados e desvalorizam o trabalho dos motoristas. A maior parte de nossos ganhos ficam para os aplicativos”, lamenta Manoel Scooby, motorista com mais de 30 mil viagens em todos os aplicativos, desde 2016, e ativista pelo direito da classe.

Ciente da informação, José Geraldo Rosa Júnior, diretor da N1 Car, revela a estratégia que promete estremecer a concorrência. “Na nossa plataforma, 100% da corrida fica para o motorista. Vamos cobrar apenas uma assinatura mensal de R$ 150 (cerca de R$ 5,00/dia) independentemente do lucro do nosso parceiro”. “E os passageiros terão uma viagem com o valor mais barato do mercado”, completa.

De acordo com o executivo, o modelo de negócio inédito vai promover o aquecimento da economia local, auxiliar o governo na política pública do setor e, sobretudo, abrir novas vagas no mercado de trabalho. Entre março e abril de 2023, o desemprego na capital federal atingiu 281 mil pessoas, segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-DF), divulgada no dia 30 de maio.

Entre os motoristas que estão participando do teste de campo, a novidade chega em boa hora e valoriza o trabalhador. “Tudo o que faturarmos será nosso. Vamos trabalhar com mais vontade e, principalmente, com mais alegria para atender ainda melhor o cliente da N1 Car”, comemora Felipe Rodrigues.

De acordo com ele, que está rodando com o aplicativo no último mês em caráter experimental, o aplicativo é muito seguro e intuitivo. “Temos suporte 24h e um botão de pânico para ser acionado em alguma situação de perigo”, acrescenta.

Comodidade e segurança

Uma das maiores preocupações da N1 Car, segundo José Geraldo, é garantir segurança tanto para o motorista quanto para o passageiro. Ambos receberão fotos, localização e todas as informações em 245 idiomas. “Nossa missão é garantir que o nosso parceiro volte em segurança para casa”, ressalta o gestor.

As mulheres também poderão escolher uma motorista do sexo feminino para evitar assédio e o serviço da plataforma também será pet friendly, ou seja, qualquer um poderá entrar com seu animal de estimação nos carros credenciados na plataforma.

Outro público que receberá total atenção é o usuário da bicicleta. Qualquer ciclista que tiver um problema mecânico durante o treino/passeio ou simplesmente quiser levar a bicicleta para a revisão, poderá utilizar um dos veículos credenciados na N1 Car. De acordo com a Federação Metropolitana de Ciclismo, há pouco mais de um milhão de bicicletas no DF e, pelo menos, 500 mil ciclistas em plena atividade. É um mercado tentador.

Legislação

Antenada com os desafios da mobilidade urbana do Brasil e solidária à condição de trabalho dos motoristas de aplicativos, a N1 Car já nasce com a mesma proposta da Frente Parlamentar em Defesa dos Motoristas de Aplicativos. A FPDMA foi lançada no último dia 22, na Câmara dos Deputados, para defender a segurança, os direitos socias e trabalhistas dessa categoria e a dos motoentregadores.

Segundo o colegiado, no Brasil há cerca de 1 milhão e 600 mil pessoas trabalhando como motoristas ou entregadores de aplicativos. No Distrito Federal, são pouco mais de 30 mil prestadores informais de serviço por aplicativo, com carteira assinada ou não, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF).

O coordenador da Frente Parlamentar, deputado Daniel Agrobom (PL-GO), avaliou, ao portal da Câmara dos Deputados, “que é preciso trabalhar em conjunto com representantes da categoria, as plataformas de intermediação do trabalho e também com o governo federal para aprimorar a prestação de serviço pelos condutores”.

O parlamentar também destacou que, enquanto os trabalhadores de aplicativos fazem o trabalho em jornadas extenuantes, as plataformas recolhem a maior parte do lucro a cada corrida.

Para o diretor da N1 Car, José Geraldo Rosa Júnior, nada mais justo do que valorizar o trabalho do motorista. “Apoiamos integralmente o pleito dos motoristas e a iniciativa do Congresso Nacional em garantir melhores condições aos condutores”, conclui.

Os problemas de governança e gestão da mobilidade urbana no Brasil geralmente constituem barreiras para os investimentos e a operação de sistemas de transporte alinhados aos princípios definidos tanto na Política Nacional de Mobilidade Urbana quanto às melhores práticas internacionais.

Iniciativas como a da empresa N1 Car de lançar uma plataforma digital com o objetivo de oferecer um aplicativo de transporte eficiente e que valoriza o usuário, no entanto, surgem para provar que a iniciativa privada é uma aliada da gestão pública na implementação de serviços de qualidade para a sociedade.

Em maio, a Confederação Nacional da Indústria estimou que o Brasil precisa investir R$ 295 bilhões até 2042 para modernizar a mobilidade urbana nas principais regiões metropolitanas do país. Os dados constam no estudo Mobilidade Urbana no Brasil: marco institucional e propostas de modernização.

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