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Brasília

APA do Planalto Central sofre com poluição e desmatamento

No Lago Norte, parte da Área de Proteção Ambiental tem entulhos, folhagens e outros resíduos jogados, poluindo a região.

Vítor Mendonça

13/07/2022 6h00

Atualizada 12/07/2022 22h01

Foto: Vitor Mendonça

Além das constantes tentativas de invasão, lixo, entulhos, folhagens e até eletrodomésticos têm poluído uma das Áreas de Proteção Ambiental (APA) do Lago Norte. Sem nenhuma limpeza ou medida para manter a conservação do local entre os quilômetros 15 e 16 da Rodovia DF 005, as autoridades de fiscalização do Distrito Federal e do governo Federal empurram a responsabilidade, enquanto a área de preservação continua sendo degradada.

Na última quinta-feira (7), o Jornal de Brasília mostrou que a região do Lago Norte voltou a ser alvo de grileiros no Distrito Federal. Com grandes áreas verdes de preservação ambiental, a região que pode oferecer vistas únicas do Lago Paranoá é muito visada pela possibilidade de alta valorização, uma vez que alguns loteamentos de interesse dos grileiros estão às margens da água.

Ademais da grilagem, a poluição é mais uma das demandas a serem combatidas na região. Em frente à placa pichada que afirma ser aquela área uma APA, os entulhos e descartes se acumulam. Conforme indicado na chapa metálica, a área seria de responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma vez que a logo da organização está estampada ao lado dos dizeres “Início da APA do Planalto Central, Unidade de Conservação Ambiental”.

Foto: Vítor Mendonça

Entretanto, procurado pelo JBr, o órgão federal não emitiu uma resposta oficial até a última atualização desta matéria quanto à responsabilidade da conservação da área. A princípio, a área em questão não pertenceria ao ICMBio, e estaria, porém, sob responsabilidade do Instituto Brasília Ambiental (Ibram). À reportagem, este último instituto declarou que a região é de atribuição daquele primeiro.

Conforme apurado pela reportagem, o trecho é alvo de descarte de resíduos há pelo menos uma década, havendo, cada vez mais, uma intensificação da degradação. Desde de 2011, conforme os registros feitos pelo serviço de pesquisa e visualização de mapas do Google, o Maps, a vegetação da região diminuiu consideravelmente.

Conforme indica o Mapa de Zoneamento Ambiental do ICMBio – que evidencia que a região pertence ao órgão –, dentro do limite da APA do Planalto Central, aquela é uma Zona de Uso Sustentável (ZUS). A atual realidade do local, porém, indica o completo oposto.

Durante uma das visitas do JBr ao local, a reportagem flagrou a aproximação de um carro modelo Fiat Weekend puxando uma carretinha com dois grandes sacos. Um homem encapuzado os abriu e despejou restos de folhagens e galhos, sem nenhuma dificuldade ou aparente preocupação.

Desmatamento

Foto: Vítor Mendonça

Atrás da área poluída, há outra parte da APA que deveria receber o cuidado do Instituto, sendo uma Zona de Preservação da Vida Silvestre (ZPVS). Também conhecida como Floresta Distrital dos Pinheiros, a vegetação sofre com constantes incêndios e descartes de lixo. Entre 2018 e 2019, as imagens por satélite do Google Earth evidenciam que a floresta perdeu boa parte da vegetação ao longo dos dois anos.

Fotos: Vítor Mendonça

De acordo com o especialista em Engenharia Florestal, professor Eleazar Volpato, que lecionou na Universidade de Brasília (UnB), cada Área de Proteção Ambiental terá um objetivo específico de preservação, seja de nascentes, fauna ou flora. Independentemente de qual for a finalidade, é preciso haver uma conservação da região, agindo, principalmente, com fiscalizações preventivas e de manutenção das áreas, para evitar mais situações como esta vista na APA do Planalto Central, no Lago Norte.

“Com relação ao desmatamento, é preciso saber se houve autorização por parte do órgão competente, porque existem restrições pelo Código Florestal Brasileiro”, destacou o professor. “Já o lixo prejudica o meio ambiente de diversas formas. Com a chuva, esse material pode ser levado para leitos de córregos e é um grande problema para os animais. Até a própria paisagem é prejudicada.

Segundo Volpato, as denúncias precisam ser cada vez mais constantes para evitar que as áreas de preservação sejam degradadas. Pelo ICMBio, as queixas e delações podem ser feitas, com imagens, vídeos e relatos, pelo endereço de e-mail [email protected].

“Isso é terrível. Demonstra uma falta de civilidade da nossa sociedade e a falta de presença do Estado e de entidades competentes nestes tipos de caso. Existem locais próprios para os descartes e é necessário haver denúncias e cobranças dos órgãos competentes”, destacou. “Agride a paisagem, além do mau cheiro, conforme o tipo de descarte”, continuou.

O risco é haver produtos químicos e outros tipos de resíduos indesejáveis para a área de conservação. O descarte incorreto do lixo pode levar materiais como baterias e produtos químicos levar a redes de águas conservadas.

Até a atualização desta reportagem, o ICMBio não se manifestou a respeito desta e de outras questões de conservação da região. O espaço permanece aberto para manifestações.

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