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Brasília

Aniversário de Brasília é celebrado com homenagem à TT Catalão

Tributo, que aconteceu no Espaço Cultural Renato Russo, contou com música e muita arte

Mayra Dias

23/04/2023 9h14

21 de Abril. No dia do aniversário de Brasília, muitas foram as formas encontradas por diversos pontos culturais de prestar suas homenagens à capital. Um desses espaços, foi o Espaço Cultural Renato Russo (ECRR), que decidiu celebrar a data prestando uma bela homenagem à uma personalidade considerada importante para a cena cultural do DF: TT Catalão. 

Localizado na avenida W3 Sul (na quadra 508), que já foi considerada por muitos como o coração de Brasília, o ECRR teve um feriado agitado com a participação de mais de mil pessoas ao longo do dia com as atividades da programação oficial do Aniversário de Brasília. No entanto, o evento principal foi o ocorrido na tarde de sexta-feira: A homenagem ao jornalista, escritor, poeta e agitador das artes de Brasília, TT Catalão, falecido em janeiro de 2020. “Foi um ato de amor dos familiares e de muita gente que conviveu com essa figura importante para construção da identidade e o respeito ao universo da cultura do nosso imenso Brasil”, comenta Fabiano Medeiros, coordenador de atividades do espaço. 

Vanderlei dos Santos Catalão foi jornalista, poeta, escritor e ativista cultural. Chegou em Brasília em 1972 e se tornou pioneiro na estruturação de políticas públicas voltadas para a cultura na capital. Ele entrou para o governo distrital em 1985, na primeira gestão pós-ditadura, e criou o Espaço Cultural Renato Russo em 1994. 

Se materializando como uma usina de atrações culturais, o dia de homenagem ao mestre da cultura e jornalismo, se deu devido sua história caminhar junto com a de Brasília. Embora ele tenha nascido no Rio de Janeiro,  desde os anos 70 o jornalista residiu no DF. “Brasília está muito associada como a capital do poder, da política e o TT Catalão foi além dessa mácula”, avalia o poeta Nicolas Behr. 

Presente no evento, a filha de TT, Nanan Catalão, não economizou nos elogios ao pai. “TT firmou uma verdadeira comunhão com o coletivo, um espírito solidário de partilha da vida”, comentou. “A gente sentiu a vivência de uma comunhão profunda. É como se ele não fosse mais o TT, mas fosse esse espírito solidário. Foi muito especial”, afirmou, reiterando a força da exibição do último trabalho dele, que é uma narrativa dos pontos de cultura, uma experiência, de acordo com ela, revolucionária para o país. 

Emocionada, a filha de TT diz que se sente eternamente grata à Secretaria de Cultura, bem como pelo Instituto Janelas. “O Pajé que fez uma cerimônia de homenagem quando ele faleceu, disse que ele não havia sido enterrado, mas sim plantado. E o que vivemos aqui hoje foi isso, a vivência profunda da semente. A semente, ao semear, quebra a dormência e hoje nós a quebramos. Ele está em todos nós”, acrescentou. Como forma de expressar todo seu amor, Nanan, que também é cantora, apresentou duas músicas ao final do evento, e uma delas foi escrita juntamente com seu pai. 

Como compartilhou Nanan, mais do que celebrar a pessoa, celebrou-se, nesta sexta, o sonho fundador de uma Brasília amorosa que convida, todo dia, as pessoas a conviver e a partilhar seu espírito fundador. “Sonho vivido plenamente por TT Catalão em sua entrega generosa à cultura brasileira, às manifestações da cultura popular,  aos saberes tradicionais”, defendeu. “Só temos a agradecer por esta celebração,  que não é somente dele, mas de todos os que fizeram este sonho. Nas palavras de meu pai: ‘Um sonho começa com um, brota e cresce até virar comum’. São 63 anos neste caminho luminoso pelo bem comum, pelo saber, pelo compromisso comum com Brasília e a cultura brasileira”, finalizou. 

Vera Catalão, viúva de TT, por sua vez, disse que pôde sentir o marido nessa homenagem.  “Eu sinto a inspiração do TT em toda essa homenagem. Ele tinha uma frase que era: nós somos soma”, pontuou. “Era isso que ele gostava. Estar junto com as pessoas. Sinto aqui, o compartilhamento de dons inspirados por sua trajetória. O artista e sua obra se fundem numa extrema coerência, e aqui nós vimos isso. Pessoas sonhando ainda mais alto. Como ele mesmo dizia, Brasília nasceu de sonho, mas ele tinha o compromisso de fazer, dessa cidade, um sonho ainda mais bonito. Foi muito tocante e me fez sentir uma saudade feliz”, acrescentou Vera. 

O tributo contou com exibição de vídeo e doação de gibis à mágica Gibiteca do espaço, a segunda maior do país, e que leva o nome do homenageado. Quem esteve no local ainda pôde apreciar as apresentações do Coral Intermezzo e o concerto do grupo de cordas da Orquestra Filarmônica de Brasília, regido pelo Maestro Thiago Francis. O encerramento no Espaço Cultural contou o hipnotizante cortejo do movimento de cultura popular Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro e a Orquestra Alada Trovão da Mata. “TT, como ninguém, conhecia a força da ancestralidade e da cultura brasileira e, por muito tempo, a defendeu. Ele foi um exemplo de homem público que devia ser seguido e copiado em cada canto desse Brasil”, afirmou Fabiano Medeiros. Segundo o coordenador, o Espaço cultural Renato Russo 508 Sul brilhou no dia no aniversário de Brasília irradiando luz e memória desse amigo e irmão das artes. 

Também presente na festividade, Janete das Graças Souza, moradora do Guará, esposa de um amigo próximo de TT, que também estava presente na ocasião, disse que o evento foi emocionante. “Percebe-se um envolvimento muito grande de todas as pessoas”, comentou. Janete ressaltou ainda que, por ironia do destino, já havia tido contato com TT, mas só descobriu isso no dia da homenagem. “Eu tinha uma locadora de CDs musicais na Asa Norte, chamada CD Shop Music, e descobri, aqui, que TT era um dos meus clientes”, contou, sorridente. “Por acaso, decidi perguntar ao pessoal qual era o verdadeiro nome de TT e descobri que é Vanderlei. Vanderlei Catalão era um dos meus clientes mais fiéis, e o filho dele acabou de me confirmar que o pai dele realmente frequentava muito aquela loja”, continuou Janete. 

Diante das diversas histórias contadas e compartilhadas no evento, Janete pôde sentir a presença de TT. “Ele está aqui”, afirmou. “TT é história. É a história de Brasília. Tudo que ele construiu aqui, temos que preservar para que o pessoal do futuro saiba da história da capital”, finalizou. 

Durante as 4 horas de evento, foi transmitido o Vídeo de Bento Viana “Agora sessenta. E contempla”, com texto de TT Catalão, bem como a abertura da cerimônia com Carmem Moretzsohn, que precedeu a entrega dos livros para a Família Catalão e a oficina de quadrinhos com Luigi Pedone. O evento também contou com Rosana Gonçalves da Silva, Bené Fonteles e Tico Magalhães. 

Para encerrar o tributo, Luciana Ribeiro, em nome da Secretaria de Cultura e do ECRR, agradeceu a presença de todos e ressaltou a importância de comemorar o 1 ano da Gibiteca TT Catalão. “Estou aqui no Espaço Cultural Renato Russo desde a sua reabertura, em 2018, e foi uma construção em pequenos pedaços até que a gente conseguisse reabrir o espaço, que é tão cheio de referências”, declarou. “Continuemos lutando pela cultura”, seguiu.

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