Lucas Valença
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O debate sobre atitudes adotadas por policiais dentro das escolas militarizadas está em voga a partir de cenas de violência praticada no Centro Educacional 07 de Ceilândia. Na última sexta-feira (25), um aluno chegou a ser arremessado ao chão por um policial militar. Com o objetivo de colher denúncias acerca da violação de direitos nessas unidades, a Universidade de Brasília (campus Ceilândia) sediou aula pública no início da tarde de hoje (29). Participaram da atividade o deputado Distrital Fábio Felix, a professora da UNB, Andréa Gallasi, além de alunos das escolas sob gestão compartilhada.
“A Comissão de Direitos Humanos da CLDF vai investigar graves denúncias que chegaram até nós. Os alunos relatam xingamentos como ‘verme’ e ‘peba’ por parte da PM, além de constante estímulo para abandonarem a escola. Isso é inadmissível”, destaca Fábio Felix, deputado Distrital e presidente da CDH. Para o parlamentar do PSOL, a tática é clara: “em vez de incluírem e encontrarem soluções pedagógicas para os alunos com mais dificuldades, eles estão retirando esses estudantes da escola. Dessa forma, tentam melhorar os índices para fazer propaganda em cima de um modelo absolutamente excludente”.
Aluna do Centro Educacional 07 de Ceilândia há três anos, Ana Carolina, de 17 anos, relatou algumas situações que serão objeto de apuração do Observatório da Militarização das Escolas, criado no âmbito da CDH para fiscalizar a gestão compartilhada no DF. “Estamos vivendo uma pressão psicológica constante. Não existe liberdade de expressão e nem espaço para contestarmos a abordagem truculenta. Os policiais ofendem os alunos e dizem que se não estamos satisfeitos, devemos ‘pedir pra sair’, como se fôssemos obrigados a aceitar até xingamento”.
A professora Iêda Ferreira, que dá aulas de história no CED 07, revela a aplicação de advertência escrita “por motivos absurdos, como camiseta para fora da calça”. A docente também relata a hostilidade dos policiais na unidade. “Os meus alunos vivem assustados com a abordagem desses profissionais. Enquanto se preocupam com cabelo bagunçado dos estudantes, a escola não tem papel para cópia e alunos estão até hoje sem livros didáticos. O governo devia focar no que realmente importa”.
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa vai juntar os relatos apresentados hoje aos anteriormente coletados para que tanto o GDF quanto o Ministério Público se pronunciem. A CDH deu início a uma série de diligências nas escolas militarizadas. A primeira unidade visitada foi o CED 07, que já recebeu a equipe 3 vezes desde o início do modelo de gestão compartilhada.