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Brasília

Acampamento Terra Livre: “Fomos declarados como extintos e éramos um povo enorme”, diz indígena do povo kariu

O cacique Ednaldo dos Santos Silva, do povo Tabajara, da Paraíba, disse que viajou até a capital para lutar por vida

Agência UniCeub

27/04/2024 10h24

Foto: Juliana Sousa/Agência Ceub

Por Juliana Sousa
Agência Ceub/Jornal de Brasília

Nesta semana, os manifestos no Acampamento Terra Livre e durante a marcha pela Esplanada dos Ministérios, chamaram atenção para os riscos que sofrem.  

A participação contou com cerca de 9 mil pessoas, segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). O cacique Ednaldo dos Santos Silva, do povo Tabajara, da Paraíba, disse que viajou até a capital para lutar por vida. 

“Esse movimento é uma forma de dizer pro Estado que eles não nos mataram. A gente ensina também para a população não indígena como se defende diretos de educação, saúde e território”.

Cacique Tabajara Ednaldo dos Santos Silva. Foto: Juliana Sousa/Agência Ceub

“Fomos dizimados”

O indígena Dzubuyê Kariu, do povo Kariu- Kariri do sul da Bahia, de 20 anos de idade, explica que foi importante estar em Brasília diante das violências históricas que a sua etnia sofreu.

“Estamos aqui porque meu povo foi declarado pelo Estado como extinto. Pelo censo, não existimos mais. Fomos dizimados, nós éramos um povo enorme que ocupava todo o vale do kariri. Como jovem, é muito importante estar aqui, representando a cultura do meu povo. Por que por mais que não tenha vários, eu to aqui e se um kariu tá aqui eu to por todos”, confessa.

 Ele explica que o povo dele tem uma reza que diz que um kariu sozinho e isolado de todos os demais não é um kariu. “Mas quando ele tá junto com a sua cultura, trajado com suas vestes, levando o nome do povo, ele tá conectado em espírito”, afirma.

Dzubuyê Kariu durante dança tradicional Kariu. Foto: Juliana Sousa 

“Cortaram nosso tronco”

O ATL reuniu cerca de 200 povos indígenas durante esta semana e foi palco de debates e discursos de líderes indígenas, além de palestras para os presentes. O espaço contou com estandes de artesanato indígena e apresentações.  Ednaldo Silva, do povo Tabajara, foi um dos líderes a discursar no evento.

 “Eles arrancaram nossas folhas, quebraram nossos galhos e cortaram nosso tronco, mas esqueceram de arrancar nossa raíz. Nós, povos indígenas somos isso, uma árvore que tá nascendo e querem cortar de novo, mas vai ter muita luta ainda.”

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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