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Brasília

Academia fortalece espírito comunitário em Planaltina-DF

Espaço idealizado por dois jovens reúne moradores interessados em exercitar a musculatura e a coletividade

Afonso Ventania

28/03/2023 5h00

Afonso Ventania – Bikerrepórter
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A ideia inicial era manter a atividade física e exercitar os músculos para os testes físicos de concursos públicos que viessem a passar no futuro. Mas o sonho de dois jovens em buscar estabilidade no serviço público transformou de maneira positiva a região administrativa de Planaltina-DF.

O ano era 2019 e os amigos Fabiano Carvalho e Arthur Caldeira sonhavam ingressar em carreiras policiais. Para isso, sabiam que, além de passar nas provas teóricas, precisariam superar os testes físicos muito exigentes das forças de segurança pública. Sem tantos recursos para pagar uma academia à época, decidiram treinar em uma barra e paralelas ao lado do restaurante comunitário.

Empolgados, mas cientes de que aqueles equipamentos não seriam o suficiente para cumprir o objetivo, decidiram instalar no local um banco com barras para supino. Encontraram outros amigos e iniciaram a empreitada. A partir daí, perceberam que outras pessoas também passaram a frequentar o espaço. Eram moradores de todas as idades e gêneros em busca de melhor qualidade de vida.

A interação social foi inevitável. Conectou as necessidades e os anseios daquele grupo e todos passaram a priorizar o bem comum: construir um ambiente em que todos pudessem compartilhar interesses, perspectivas e boas resenhas. “A ideia sempre foi agregar valor a esse espaço democrático e que é usado por todas as pessoas independentemente da classe social”, conta Fabiano.

A construção coletiva iniciou com o desenvolvimento de estratégias de captação de recursos, doações de equipamentos, materiais (graxa, cabos de aço), tintas, cimento e tudo o que fosse necessário para levantar a Academia Comunitária. Hoje, 4 anos depois, o espaço oferece dezenas de aparelhos, halteres e anilhas a qualquer um que queira dar uma malhada.

Os dois jovens alcançaram seus objetivos. Fabiano hoje é policial civil e Arthur, policial militar. Ambos podem se considerar bem sucedidos. Não apenas por terem conquistado o sonho individual, mas por terem despertado a responsabilidade solidária na comunidade.

Afinal, a dupla exercitou não apenas o corpo, mas incentivou o exercício da cidadania e estabeleceu uma sólida rede de apoio em Planaltina do DF.

Espaço democrático

A Academia Comunitária é a céu aberto, gratuita e funciona 24h, sete dias na semana. Há duas câmeras de segurança monitorando o local e a academia oferece até wifi aos usuários. Tudo doado pelos próprios moradores da região. Segundo Fabiano, passam por lá, em média, 500 pessoas diariamente. Há frequentadores esporádicos, mas muitos se tornaram assíduos e criaram um vínculo de amizade.

“É uma emoção muito grande ver que o projeto deu certo porque foi iniciativa da própria comunidade. Fico muito feliz de ver as pessoas malhando, cuidando do espaço e da saúde física e mental. Já resgatamos pessoas das drogas e da depressão”, diz Fabiano, emocionado.

O ex-fisiculturista Geovane Nunes malha no local desde o início e elogia a iniciativa. “A academia oferece vários aparelhos e muita segurança porque tudo é filmado. Além disso, é muito bom malhar ao ar livre”, comemora.

Um dos oito coordenadores da Academia Comunitária, José Bento Costa Borges acrescenta que a manutenção dos equipamentos está sempre em dia. Até a tinta utilizada nos aparelhos é especial, à prova d’água. “É uma luta muito grande para manter o projeto. Nós mesmos precisamos colocar a ‘mão na massa’ e fazer todos os reparos necessários”.

Há também o cuidado de reservar um espaço “preferencialmente” às mulheres e uma placa com o aviso para se cuidar das crianças no local. A equipe de coordenação cuida também do jardim ao redor da academia e plantou árvores frutíferas.

Interessados em ajudar a Academia Comunitária podem doar equipamentos que não utilizam mais ou mesmo quebrados. Eles recebem também bicicletas de spinning e estacionárias em geral. Segundo José Bento, todos os aparelhos são consertados e disponibilizados para uso coletivo.

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