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Brasília

A história de Brasília através dos olhos das crianças

Crianças pintaram o mapa afetivo do DF em uma oficina de educação patrimonial do Iphan

Redação Jornal de Brasília

17/04/2023 18h51

Por Amanda Karolyne
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Em comemoração aos 63 anos de Brasília, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) está com uma ação especial esta semana, o Colóquio Brasília, Qual a sua história?. O objetivo do projeto é promover ações de sensibilização em torno do patrimônio cultural do Distrito Federal nas instituições escolares da rede pública de ensino do DF.

O primeiro evento da ação de aniversário de Brasília, foi uma Oficina de Educação Patrimonial com estudantes do Ensino Fundamental, com crianças do 4o e 5o ano. No período em que o currículo escolar previa aulas de geografia e história, os alunos foram reunidos na galeria de arte da Escola Parque 210/211 Norte, para produzirem mapas afetivos do Distrito Federal.

Essas oficinas costumam ser realizadas pelo Iphan em parceria com a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. Responsável pelo projeto, Ana Carolina Dantas, analista em patrimônio cultural na superintendência do Iphan no Distrito Federal, explica o que são essas oficinas de mapas afetivos. “A gente está partindo de mapas do Distrito Federal, e as crianças que vão preencher esses mapas a partir da experiência delas”, elabora. Tudo começa com uma pergunta de base para que as crianças sejam inspiradas a falar a história delas nesse mapa, e o preencher com lugares onde elas moram, por onde elas passam, o que elas gostam na cidade. “Tudo a partir dessa construção das próprias crianças, a gente consegue desenvolver conceitos como patrimônio cultural, referência cultural, bens culturais, a partir do que elas identificam como passos afetivos na cidade”.

A essência dessa ação é poder configurar e colocar dentro da cidade, o patrimônio cultural. Porque, como Ana aponta, o costume é pensar em Brasília como patrimônio da humanidade, como cidade tombada, o que pode ser uma coisa boa, entretanto, corre o risco de pensar que os valores culturais de Brasília estão concentrados somente na Praça dos Três Poderes, no Conjunto Urbanístico. “E as crianças conseguem mostrar para a gente que esses valores de afeto, de pertencimento, de memória, estão localizados no DF inteiro, a partir da história de cada criança, a gente consegue identificar também a história de formação do DF”, afirma. E para as crianças é importante, porque a ação transmite esses conceitos sobre o patrimônio cultural, a partir de uma perspectiva que é muito mais próxima a realidade delas.

Alice, 10 anos, participou da ação na segunda-feira (17), ela descreve que da sua casa até a escola, ela costuma ver bastante árvores. Ela gosta muito de morar em Brasília, e aprendeu muito com a ação de desenhar o mapa afetivo. “Gostei de ficar desenhando e pintando. Achei muito divertido”. Alice desenhou a escola, mas ela estava gostando tanto da atividade, que se empolgou e começou a desenhar outras coisas além da escola. Para ela, é importante preservar os lugares que ela mais gosta na cidade. “Porque é de todo mundo, e a gente não pode estragar o que é nosso”. O monumento da capital que Alice mais gosta, é o Planetário. “Eu fui quando eu era da creche e adorei”.

Bia, de 9 anos, mora em Valparaiso, Goias. Na cidade dela, ela gosta muito de que as ruas são bastante coloridas. “Lá onde eu moro tem um clube e um shopping, e eu desenhei os dois”, conta. No caminho de casa para a escola, Bia conta que observa pontos conhecidos da cidade, como o Conjunto Nacional. Se ela pudesse escolher um monumento de Brasília, escolheria o Congresso Nacional. “A gente tem que preservar tudo o que está no meio ambiente”, finalizou. Ela contou que na escola, elas tentam não jogar lixo no chão, e procuram sempre uma lata de lixo para não deixar as coisas espalhadas.

Presente na ação, o presidente do Iphan, Leandro Grass, considera que o Colóquio visa a educação patrimonial na prática, através do conhecimento, da partilha de informações, principalmente dentro da escola. “Para que as crianças entendam o que é a sociedade, que lugar é esse que elas vivem, qual é a história deste lugar e principalmente que cidade é essa que elas querem para o futuro”. Além das oficinas, ele explica que o projeto conta com várias atividades, como debates e seminários nas instituições de ensino superior. “Estamos fazendo algumas ações em parceria com outras instituições públicas, mas o nosso olhar mais carinhoso, nossa atenção, nossa prioridade realmente são as crianças e adolescentes, porque são elas que vão permitir que Brasília, nos seus próximos sessenta, sessenta e três anos, seja uma cidade sustentável, uma cidade inclusiva”, salienta.

Para ele, essa oficina dos mapas afetivos, são importantes para que as crianças possam entender que lugar é esse que elas estão. Alguns estudam no Plano Piloto e moram em outras regiões, como no Paranoá, Valparaíso e etc. “Então essas novas cidades que foram surgindo em torno do Eixo Central de Brasília, também são Brasília e fazem parte da história da nossa capital”, afirma. Sendo assim, Leandro destaca que essas crianças podem se sentir parte dessa história, e é isso que o Iphan quer com esse projeto, que as crianças se sintam pertencentes tanto no local geográfico, mas também no local histórico. “Ou seja, eu sou parte dessa Brasília que está fazendo 63 anos, eu vou ser parte da próxima Brasília, então é uma tentativa de conexão dessas crianças com o seu lugar”. Ele afirma que assim, elas compreendem que estão na capital do país, e que elas são a capital do país.

No dia 19 de abril, a ação vai acontecer no Centro Educacional do Lago Sul. No dia 27 de abril, mais uma etapa do projeto acontecerá no Iphan, o seminário “Palácios de Brasília: Projeto e Destinos”. A palestra é promovida em parceria com a Universidade de Brasília, e será transmitida on-line, às 9h30.

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