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Brasília

A dor e a delícia da maternidade

Mães solos contam ao JBr os desafios de criar os filhos, trabalhar e cuidar da casa sem ajuda

Amanda Karolyne

14/05/2023 5h00

Atualizada 12/05/2023 12h38

Lídia (à direita) é uma das mais de 125 mil mães solo do Distrito Federal. Foto: arquivo pessoal

O Dia das Mães, comemorado neste domingo (14), é uma data que celebra a força dessas mulheres que são o pilar central das famílias e que muitas vezes estão sozinhas na tarefa de sustentar a casa. Segundo o Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), a partir da Pesquisa Distrital de Amostra Por Domicílio (PDAD) de 2021, o número de mães que vivem em um arranjo familiar monoparental feminino é de 125.150 pessoas. O valor representa 21,6% do total de mães no DF.

De acordo com o IPEDF, o conceito de “mãe solo” não se refere ao estado civil da mulher que é mãe. “Mãe solo é aquela que assume a responsabilidade exclusiva pela criação de seu(s) filho(s) no domicílio, ou seja, que exerce a parentalidade sem apoio na divisão de tarefas, cuidados e gastos com as crianças no domicílio”, diz o Instituto.

Áurea Moreira de Souza, de 44 anos, é autônoma e tem dois filhos, Laura, de 12, e Guilherme, de 24, que hoje é casado e tem duas filhas. Ela conta que os dois são filhos de pais diferentes e foram totalmente criados sem a ajuda dos homens. “Eles têm pouquíssimo contato com os pais”, afirma. Ela é empreendedora e comanda uma pequena empresa. No passado, precisou deixar a filha mais nova com alguém para poder trabalhar, entretanto, depois da pandemia, ficou com um escritório em casa e está mais próxima do dia a dia da filha.

Para a empresária, o lado bom de ser mãe solo é “não depender de homem”. Entretanto, ela acredita que é também uma sobrecarga para as mulheres que encaram essa rotina. Áurea se questiona sobre o quanto a falta de carinho de uma figura paterna afeta os filhos, mas em geral, admite que cumpriu e ainda cumpre o seu papel de mãe na vida deles. “Eu me sinto bem como mãe, apesar de trabalhar muito e ter que dividir o tempo por conta disso”.

Uma das dificuldades relatadas por Áurea é achar um tempo para ela como mulher. “Eu vivo em função do trabalho e dos meus filhos”. Ela conta que sempre se esforçou para que eles tivessem tudo do
melhor. “Não é fácil criar filhos, porque você está sempre se cobrando, tem medo de errar, medo de que o filho não se dê bem na vid a”, reflete. “Mas eu não desisto”, conclui.

Áurea com os filhos e netos. Foto: arquivo pessoal

A professora Lídia de Sousa Martins, de 32 anos, é divorciada e tem uma filha de 6 anos, a pequena Raquel. Ela e o pai dividem a guarda da criança. “Tudo que eu faço é acerca dela”, afirma. “Eu acordo e faço o lanche dela, depois vou pensar em mim, mas tenho sempre que pensar na logística para levar a Raquel comigo”, exemplifica. “É uma vida bem corrida ser uma mãe solteira”.

Entretanto, Lídia vê o lado bom de tudo e acredita que a filha é sua companheira. Ela cita os momentos de carinho entre mãe e filha. “A gente sai para passear. Eu estou recém-operada e ela cuida de mim, me dá beijinhos. É muito gostoso ser mãe, apesar de ser cansativo”, pontua. Mesmo com a rotina puxada, e até mesmo com a dificuldade de ter uma vida social, Lídia se sente forte por conseguir lidar com o trabalho e a educação da filha. “Gosto de ter a independência de escolher como educar minha filha, o que vamos fazer. E eu gosto de estar com ela porque esqueço dos problemas da vida.”

Lídia se sente forte por conseguir lidar com o trabalho e a educação da filha. “Gosto de ter a independência de escolher como educar minha filha, o que vamos fazer. E eu gosto de estar com ela, porque eu nem lembro dos problemas da vida”, finaliza.

Lídia e a filha, Raquel. Foto: arquivo pessoal

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