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Brasília

Exclusivo: a contribuição de um amante do teatro de Dulcina

90 dias para recuperar um patrimônio cultural de Brasília, esse é o desafio de Gilberto Rios, novo interventor da Fundação Brasileira de Teatro

Larissa Galli Malatrasi

05/08/2021 6h00

Gilberto Rios, novo interventor da Fundação Brasileira de Teatro. Foto: Divulgação

Gilberto Rios, novo interventor da Fundação Brasileira de Teatro. Foto: Divulgação

Com muita vontade de resgatar e honrar a grande história de Dulcina de Moraes, de dar vida ao espaço fundado pela atriz e entregar à população brasiliense toda a grandiosidade do patrimônio cultural que resiste na Faculdade Dulcina de Moraes. É assim que o diretor teatral e jornalista Gilberto Rios chega para assumir a presidência da Fundação Brasileira de Teatro em uma “gestão desafio” de 90 dias, que ele clama para que seja participativa e chama por voluntários. Só assim, segundo Gilberto, será possível reerguer o espaço com um legado tão importante para os artistas do Distrito Federal e do Brasil.

Em qual contexto o senhor chega à presidência da Fundação Brasileira de Teatro?

Chego num cenário de caos. Estamos perto da falência. Tem salvação e solução? Tem! Eu devo apresentar algumas ao promotor e com certeza algumas orientações devem vir do Ministério Público também. Mas é nesse contexto que eu chego: um total descaso com um dos maiores patrimônios do teatro mundial. Dulcina de Moraes é a primeira dama do teatro brasileiro e eu fico feliz em poder colaborar com esse processo de retomada da Faculdade Dulcina de Moraes.

Quais são as expectativas para o trabalho?

As expectativas são grandes. Nós temos um grupo que nunca esteve à frente do Dulcina que chama-se Herdeiros de Dulcina, formado por todos aqueles que tiveram aula com ela, algum contato direto. Eu tive a sorte de além de trabalhar com ela, de ter sido secretário, diretor executivo e aluno. Minha ligação espiritual com ela é muito grande. E a minha expectativa é também da mesma proporção […] as expectativas são grandes porque a partir do momento que meu nome foi colocado lá, muita gente se colocou à disposição pra me ajudar. A expectativa é de muito trabalho, de quebrar a quarta parede e trazer todos para dentro.

Gilberto Rios. Foto: Divulgação

Gilberto Rios. Foto: Divulgação

De imediato, qual será a ação a ser desenvolvida na Fundação?

Várias ações precisam ser desenvolvidas. Eu preciso de colaboradores, de voluntários, de pessoas que querem fazer esse trabalho social. Voluntários para cuidarem da biblioteca, secretaria, RH, rádio, ouvidoria… A primeira ação é recompor tudo isso, organizar a casa e trazer a dignidade da Dulcina de volta. Preciso de pessoas capacitadas para contribuírem. Alunos, ex-alunos, aposentados, pessoas sensíveis à causa. As portas estão abertas Todos que quiserem ajudar serão bem-vindos.

Qual é a prioridade hoje?

Tudo. Reestabelecer a energia, sentar com a Neoenergia e chegar a um acordo para zerar as dívidas — algo que Dulcina de Moraes nunca teve em vida — , pagar as contas e fazer as coisas dentro da legalidade. Mas a prioridade mesmo é a colaboração de profissionais de todas as áreas para me ajudar. Temos muita vontade e expertise para transformar o local.

O senhor pode adiantar algum projeto que pretende desenvolver na Fundação e Faculdade Dulcina de Moraes?

O primeiro projeto é trazer a originalidade para a faculdade, aquilo que Dulcina pensou para a instituição. Vou fazer um curso de requalificação com os professores com a essência daquilo que Dulcina pensou, trazer o projeto original e resgatar muitas coisas para transformar essa faculdade naquilo que Dulcina queria: uma escola stanislavskiana. Para a fundação, convidei André Amaro para ser o diretor voluntário do complexo do teatro. Muitos amigos estão se juntando para preservar a memória de Dulcina de Moraes. Teremos também alguns cursos livres com TVs comunitárias. A ideia é dar vida àquele espaço e lembrar que essa faculdade formou muitos arte-educadores que estão na cena cultural hoje.

Como a Fundação vai atuar sob sua liderança?

Com a participação da sociedade, da classe de artistas, empresários, e de todos aqueles que veem a importância da cultura como um instrumento poderoso de transformacão da sociedade. Só será possível salvar o projeto com a participação popular. Com a mesma liderança que dulcina exerceu em relação ao teatro brasileiro, nós vamos recuperar e reconquistar o nosso espaço — que nunca deveríamos ter nos ausentado.

Gilberto Rios. Foto: Divulgação

Gilberto Rios. Foto: Divulgação

Como preservar a história do teatro brasileiro e incentivar seu desenvolvimento?

Por meio da Academia. Temos no nosso quadro de professores um Doutor voluntário que pertence ao patrimônio e eu quero muito preservar o patrimônio. Se a gente não preservar a nossa memória, o que a gente vai entregar de legado para os nossos filhos e netos? Uma cidade como Brasília que tem uma população jovem impressionante, com uma veia artística muito forte, precisa estar ciente disso. Nós temos dois teatros ali dentro da faculdade, um de 530 lugares e um de teatro de bolso maravilhoso. Precisamos entregar isso pra sociedade brasiliense e retomar as manifestações artísticas pós-pandemia assim que possível.

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