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Brasil

Informações pouco confiáveis atrapalham relação paciente-médico

Arquivo Geral

28/10/2016 10h48

Jorge Eduardo

Jorge Eduardo Antunes
Enviado especial
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Em uma era em que o conhecimento médico dobra a cada 73 dias e em que é comum o paciente se pre-diagnosticar nos buscadores de Internet antes de ir ao consultório, a grande batalha dos médicos é conseguir a adesão aos tratamentos indicados diante da oferta farta de informações, sendo que a maioria ou não é confiável ou não serve ao doente. Este é um dos desafios apresentados pelos organizadores do IV Congresso Internacional Oncologia D’Or, que ocorre no Rio de Janeiro.

Para Rodrigo Siqueira de Abreu e Lima, do grupo D’Or, não adianta o paciente ter muita informação se ela não vier de fontes confiáveis. Segundo dados apresentados por ele, dos adultos americanos que sentem algum sintoma, 35% fazem diagnóstico on line antes de ir ao médico e 53% comunicam suas “descobertas” ao profissional. “Mas apenas 41% acertam. E eu pergunto: e os outros 59%?”, questionou.

O resultado, muitas vezes, é que a expectativa alta do paciente combinada à informação gera uma adesão baixa aos tratamentos. E, para piorar, há mau uso da tecnologia também por parte dos médicos. Segundo levantamento apresentado por Abreu e Lima, no Brasil a comunicação entre médico e paciente via WhatsApp é de 87%, contra 50% da China, 19% da Alemanha, 4% dos EUA e 2% do Reino Unido.

Para Daniel Herchenhorn, que também é do grupo D’Or, outro problema grave da busca por diagnóstico na Internet é a disseminação de informações falsas e incorretas.

“O médico perde tempo com a coleta de dados e com desmentidos do que se vê pela Internet”, acrescentou. Ele também criticou a venda de tratamentos ditos “milagrosos” a preços caros. “No mundo, de 80% a 90% fazem tratamentos alternativos ou complementares. Isso não é problema, pois falamos aí, muitas vezes, de métodos como cromoterapia. Mas é uma covardia a venda de tratamentos caríssimos e de pílulas mágicas, sem comprovação científica alguma, para pessoas muitas vezes desesperadas”, concluiu.

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