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Grupos antivacina mudam foco para coronavírus e divulgam informações falsas, revela análise da USP

Dois grupos antivacina no Facebook mudaram o foco de suas publicações para a epidemia de coronavírus e têm divulgado informações falsas sobre a doença e seus tratamentos

Redação Jornal de Brasília

31/03/2020 15h02

Dois grupos antivacina no Facebook mudaram o foco de suas publicações para a epidemia de coronavírus e têm divulgado informações falsas sobre a doença e seus tratamentos. É o que revela uma análise produzida pela União Pró-Vacina, um grupo de pesquisadores da USP de Ribeirão Preto criado em outubro do ano passado para combater a desinformação sobre vacinas.

Eles avaliaram 213 postagens feitas entre 15 e 21 de março nos dois maiores grupos públicos brasileiros de conteúdo antivacina no Facebook, “O Lado Obscuro das Vacinas” e “Vacinas: O Maior Crime da História”, que atuam há 5 e 2 anos.

“Os métodos da desinformação continuam os mesmos: distorcer conteúdo científico e jornalístico, espalhar teorias da conspiração e até oferecer falsas curas usando produtos conhecidamente tóxicos para a saúde humana”, apontam os pesquisadores.

“Entre as publicações, há insinuações de que o vírus seria uma ferramenta para instituir uma nova ordem mundial ou mesmo uma arma produzida pela China. Outras afirmam que a vacina da gripe seria a responsável pela disseminação da covid-19 e que a doença seria facilmente curada por meio da frequência do cobre ou de zappers, supostos antibióticos eletrônicos”, continuam.

Os dois grupos, que em geral produzem 30 publicações por dia, aumentaram o ritmo de postagens no período analisado – no dia 21, chegou a 43. Durante a semana analisada, 65,3% dos posts (139) foram sobre coronavírus. O período, dizem os pesquisadores, coincide com o aumento de buscas no Google de informações sobre a doença.

Segundo eles, 78,4% das postagens “apresentam sérios problemas, como a disseminação de teorias da conspiração, utilização de informações falsas e de afirmações sem evidências, a distorção de informações confiáveis, a sugestão de uso e até a comercialização de produtos e tratamentos que não possuem comprovação científica ou aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”.

Eles observaram que mesmo quando o conteúdo da postagem era verídico, os comentários distorciam ou desacreditam as fontes e os dados, “gerando uma nova interpretação deturpada para o conteúdo original”. As interações nessas publicações também foram o dobro do que a média observada nos posts tradicionais dos grupos.

Segundo a análise, a postagem com maior envolvimento (204 interações) abordou o uso do chamado “MMS na cura da covid-19”, ou solução mineral milagrosa, na sigla em inglês. “O produto é composto por dióxido de cloro e é semelhante à água sanitária usada como alvejante. Sua ingestão ou administração pelo reto pode causar lesões no intestino, vômito, diarréia, desidratação, insuficiência renal, anemia, entre outros problemas de saúde graves”, escreve o grupo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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