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Brasil

Estudo aponta que Amazônia pode desaparecer em 50 anos

O ponto de inflexão não é claro, mas os cientistas acreditam em que a perda de 35% de sua superfície provocará seu desaparecimento.

Redação Jornal de Brasília

11/03/2020 13h51

Amazonia

Foto: REUTERS / Bruno Kelly

A floresta amazônica está chegando a um ponto sem retorno sob o efeito das mudanças climáticas e pode se transformar em uma savana árida dentro de meio século – alertam pesquisadores em um estudo publicado na “Nature Communications”.

Outro importante ecossistema, o recife de coral do Caribe, pode desaparecer em 15 anos se também passar por um ponto sem retorno, disseram cientistas do mesmo estudo.

Essas mudanças teriam consequências dramáticas para os seres humanos e para outras espécies que dependem desses hábitats, alertam os pesquisadores.

Nos dois casos, as causas dessas modificações são as mudanças climáticas provocadas pela ação do homem, assim como pelos danos ambientais – desmatamento, no caso da Amazônia; poluição e acidificação oceânica, para os corais.

Segundo os trabalhos dos especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), 90% dos corais em águas rasas estarão condenados, se o aquecimento global atingir 1,5°C em comparação com o período pré-industrial. Um aumento de 2°C significará seu desaparecimento quase completo. O aquecimento já atingiu 1°C.

Em relação à Amazônia, o ponto de inflexão é menos claro, mas os cientistas acreditam em que a perda de 35% de sua superfície provocará seu desaparecimento.

Cerca de 20% da floresta amazônica, que cobre mais de cinco milhões de quilômetros quadrados em sete países, foi arrasada desde 1970, principalmente para o cultivo de soja, madeira, óleo de palma, biocombustíveis, ou criação de gado.

Aceleração das mudanças

“A humanidade deve se preparar para mudanças muito mais rápido do que o esperado”, alertou o principal autor do estudo, Simon Willcock, da Universidade de Bangor.

O ecossistema da Amazônia pode, portanto, ruir no próximo ano, de acordo com ele e seus colegas.

Os incêndios florestais que ficaram fora de controle na Amazônia e na Austrália sugerem que muitos ecossistemas estão “à beira do abismo”, acrescentou.

“Se não agirmos rapidamente, podemos estar prestes a perder uma das maiores e mais diversas florestas tropicais, que evoluiu ao longo de 58 milhões de anos, das quais dezenas de milhões de pessoas dependem”, diz Alexandre Antonelli, do Royal Botanic Gardens de Kew, que não participou do estudo.

Outro estudo publicado na semana passada indicou que os bosques tropicais no mundo estão perdendo rapidamente sua capacidade de absorver o dióxido de carbono procedente dos combustíveis fósseis, principais causadores do aquecimento global.

As florestas, especialmente tropicais, absorvem entre 25% e 30% da quantidade de CO2 expulsa pelo homem para a atmosfera. Os oceanos fazem o mesmo para algo entre 20% e 25%.

Os ecossistemas podem mudar, às vezes rapidamente, sob estresse. Os pesquisadores estudaram essas mudanças em 40 regiões naturais de diferentes tamanhos.

Um deles, o Sahel africano, passou de uma paisagem florestal para o deserto – embora em um período mais longo de tempo.

“Os grandes ecossistemas podem entrar em colapso mais rápido do que imaginávamos”, disse o coautor do estudo, John Dearing, professor da Universidade de Southampton, na Inglaterra.

Agence France-Presse

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