Semana passada estive no evento Vinhos de Portugal e pude conversar com o produtor Pedro Branco, da Quinta do Portal, que me contou um pouco da história da adega e dos seus vinhos.
A Quinta do Portal, é uma vinícola familiar, que está localizada no Vale do Rio Pinhão, região vitivinícola do Douro que se desenvolveu ao redor da bacia hidrográfica do Rio Douro. Portanto, há o vale principal que é o Vale do Rio Douro, mas há também os seus afluentes como: Vale do Pinhão, Vale do Tua, Vale do Torto, etc.
Foto: Quinta do Portal /Divulgação
Quando falamos do Douro, é preciso ter em mente que é uma região montanhosa, com uma viticultura difícil, trabalhosa, onde manejo na vinha, inclusive a vindima, precisa ser manual. O Douro é a maior área de viticultura de montanha do mundo e representa mais de 50% da área mundial total.
Foto: Vinhedo da Quinta do Portal/ Divulgação
Segundo Pedro, a montanha dá diversidade, sobretudo altitudes e exposição solar diferentes, com praticamente 360º de exposição solar, portanto há muita riqueza em termos de matéria-prima. A mesma variedade de uva terá um resultado diverso a depender do local em que esteja plantada, da orientação solar e altitude. Além disso, no Douro há cerca de 110 castas diferentes e nas vinhas mais velhas temos o chamado “field blend”, que é uma mistura muito grande de castas na mesma parcela de vinhedo.
Ainda de acordo com o produtor, na Quinta do Portal tem uma parcela de vinhedo onde foi possível identificar 29 variedades de uvas, entre mais de 1.000 plantas. Tradicionalmente o “field blend” era utilizado na elaboração do vinho do Porto, mas, atualmente, também é utilizado para fazer vinho tranquilo, ou seja, vinho tinto ou branco, fino ou de mesa, como vocês preferirem chamar.
Na visão de Branco, toda essa peculiaridade permite à Quinta do Portal ter uma variedade de uva para trabalhar. O vinhedo começa junto ao Rio Pinhão, em 150 metros e vai até 600 metros de altitude, numa distância muito curta, ou seja, com declives muito acentuados. No Douro, até 40% de inclinação é preciso plantar no segmento da encosta, que se chama “Vinha ao Alto”, com mais de 40% é necessário construir patamares, que são terraços feitos com máquinas. Portanto, toda essa diversidade irá influenciar no resultado do vinho.
Pedro afirma que a Quinta do Portal busca elaborar vinhos sobretudo com elegância e frescor, pois a base do solo do Douro é o Xisto, apesar de ter algum granito, sobretudo em altitude, o que irá entregar um vinho com muita mineralidade e salinidade, principalmente nos brancos de altitude.
Foto: Vinhedo Quinta do Portal/ Divulgação
Em relação à vinificação, o produtor ressalta que o objetivo principal é fazer vinhos que dão prazer ao serem degustados. Em todos as gamas, desde os vinhos mais simples, até os mais complexos, o frescor não se pode perder, manter o padrão de qualidade é fundamental.
Branco afirma que a maioria dos vinhos elaborados, tanto os tintos, brancos e Porto, são feitos a partir de blend ou corte (com várias variedades de uva), tendo poucos monovarietais (de uma só variedade de uva). A Quinta do Portal primeiro vinifica os mostos das variedades para fazer o blend, depois de elaborar o grande reserva, se sobrar vinho será utilizado para o monovarietal, que será sempre 100% varietal.
Foto: Produtor Pedro Branco/ Divulgação
A Quinta do Portal exporta seus vinhos para o Brasil desde 1998, e em Brasília, com a Silvia Soares, proprietária da Más Vino, desde 1999. A Más Vino está localizada na 306 Asa Sul, e possui uma ampla gama de vinhos desta adega, inclusive o ícone Auru, feito apenas 6 vezes, o primeiro em 2001, ganhou o troféu de melhor vinho português, em Londres, no Wine Challenge. O Auru foi elaborado apenas nas seguintes safras: 2001, 2003, 2007, 2009, 2011 e 2019.