Menu
Vinhos e Vivências
Vinhos e Vivências

Quanto vale o vinho que você consome?

Será que quem consome o vinho tem noção de toda a rede de valores agregados ao produto? Proponho uma análise na coluna de hoje

Cynthia Malacarne

19/01/2024 5h00

Atualizada 18/01/2024 14h09

Foto: Cynthia Malacarne

Quanto do valor do vinho é imposto, logística e lucro de quem importa? Para quem trabalha neste setor, esses fatores são entendidos e compreendidos. O importador e os comerciantes já estão acostumados com essa conta. Mas e quanto ao consumidor final? Será que quem consome o vinho tem noção de toda essa rede de valores agregados ao produto?

Muitas vezes, quem tem a oportunidade de viajar para um país produtor de vinho se surpreende com os preços deste produto — o mesmo vinho importado para o Brasil tem um valor até 10 vezes menor no exterior.

Vou dar um exemplo: outro dia, fui ao supermercado do bairro que moro em Roma, Itália, e vi um vinho italiano. Eu já o amava desde quando morava no Brasil, mas só o consumia em ocasiões especiais porque custava R$ 365. Aqui na capital italiana o encontrei por 8,20 euros! Se convertermos para o real sem levar em consideração nenhum dos fatores supracitados, ficaria em mais ou menos R$ 45.

É claro que a conta não deve ser essa, porque esse vinho é italiano, produto interno, não passou por nenhum processo de exportação. Mas vamos ver o que faz com que esse vinho chegue no Brasil por R$ 365. Lembrando que o preço de 8,20 euros era no supermercado. O valor na vinícola, a ser vendido ao importador, é mais baixo.

Vamos começar a falar da logística e do custo para levar esse vinho ao Brasil. Li uma reportagem recentemente, na renomada revista Meininger’s International, que dizia que o valor do transporte marítimo irá aumentar por algumas razões. As principais são as consequências do efeito climático El Niño e a baixa no nível da água no Canal do Panamá de dois metros além do normal — o volume é o mais crítico desde 1950. Em novembro de 2023, podiam passar pelo canal 38 navios; em dezembro, esse número despencou para 24 e, em fevereiro, cairá para 18. Isso terá um impacto financeiro negativo, resultando na alta do valor do transporte.

Além disso, com os conflitos no Oriente Médio, os rebeldes têm atacado navios perto do Canal de Suez, em apoio aos palestinos. A atenção também está voltada para o Irã, e os Estados Unidos e Reino Unido têm bombardeado bases Houthi. Assim, as companhias marítimas estão a tomar rotas mais longas para evitar o canal, e os analistas financeiros estão calculando os custos diretos e indiretos que isso implicará.

Em resumo, o valor da logística dos vinhos que precisam utilizar transporte marítimo deve aumentar.

Quanto aos impostos brasileiros que incidem sobre o vinho, podemos citar PIS, COFINS, ICMS, IPI, e ainda em alguns estados e no Distrito Federal, o IST (imposto de substituição tributária). Estudos comprovam que a incidência tributária é responsável por um incremento de até 70% do valor do vinho. Os vinhos provenientes de países integrantes do acordo do Mercosul, no entanto, possuem algumas isenções tributárias se comparados com os europeus.

O importador também precisa ter o seu lucro sobre os vinhos que negocia. Isso é natural, pois  o comerciante possui custos com funcionários, transporte interno, marketing e outros impostos inerentes a atividade comercial.

 

Agora, vamos pensar juntos: se um vinho que custa 8 euros num supermercado na Itália chega ao Brasil por 365 reais, seria possível termos um vinho importado, europeu, custando menos de R$ 100? Por quanto um vinho italiano vendido a 50 reais no Brasil deve ser vendido na vinícola?

Cada leitor tire suas próprias conclusões. O que posso dizer é que, por conta da logística e impostos, estamos bebendo cada vez pior e pagando mais cara por isso. Solução? Deveríamos começar com menos incidência tributária e tornar o vinho um alimento, assim como já fazem em muitos países.

Taglio Rosso é revelação no Descorchados 2024

De 12 rótulos pontuados (sete tintos e cinco brancos) que a Tenuta Foppa & Ambrosi enviou para o especialista chileno Patricio Tapia, crítico que idealizou o reconhecido Guia Descorchados, cinco deles entraram para o ranking dos Melhores Tintos, todos com 91 pontos. Mas o destaque coube ao Taglio Rosso Double Vintage, um assemblage de duas safras de Cabernet Sauvignon com Ancellotta, que ganhou o título de Revelação na categoria. Os outros quatro rótulos são: Brazilian Colection Cabernet Franc 2022, Vista dos Plátanos Teroldego 2019, Insólito Red Blend Corte V (Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Tannat, Malbec, Marselan) e o Cultura Tannat 2021.

Segundo o enólogo responsável Ricardo Ambrosi, a linha Taglio nasceu da fusão de vinhos com características únicas. “Para fazer este vinho, tivemos todo cuidado na seleção de cada safra, pois buscamos um vinho fresco, fino e elegante, perfeito para harmonizar com pratos de todas as regiões brasileiras, além de influências internacionais. Estamos muito felizes em saber que nossa proposta foi bem recebida por Patricio Tapia”, comemora Ricardo Ambrosi.

O vinho incorpora o conceito Double Vintage, ou seja, o corte de duas safras, incomum em vinhos tintos. “Esta técnica pode ser um fator muito importante na consolidação dos tintos nacionais. Fizemos isso com o Insólito e pretendemos estender a outros vinhos, buscando a excelência ao combinar uvas tradicionais com uvas cruciais para o equilíbrio e a expressão máxima de cada ano e clima, criando rótulos excepcionais”, completa o enólogo.

Com este resultado, os ‘guris’ Lucas Foppa e Ricardo Ambrosi entram em 2024 mais orgulhosos do que nunca. “Mais uma vez, estamos fazendo história. Dedicamos esta conquista a quem acreditou no nosso projeto e convidamos todos a degustar o vinho”, celebra Foppa.

O desempenho da Tenuta Foppa & Ambrosi no guia mostra a qualidade da produção nacional de vinhos tranquilos. Alcançar 91 pontos, uma pontuação alta dado o histórico dos vinhos tintos brasileiros, é motivo de orgulho. “Estar no Descorchados com este destaque é estar na vitrine de importadores e, principalmente, de lojistas e consumidores de todo o Brasil”, reforça o enólogo Foppa.

O Guia Descorchados 2024, publicado pela Inner Editora, é compartilhado com um mailing vip que contempla restaurantes e as principais livrarias do Brasil.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado