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Você gosta de escutar?

“A maioria das pessoas não ouvem com a intenção de entender, elas ouvem com a intenção de responder.” Stephen Covey

Luana Tachiki

13/12/2023 11h52

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Por que não gostamos de escutar, mas amamos falar? Você faz seleção de pessoas para acionar uma escuta ativa? Existem assuntos que você ouve ativando o “modo automático” e decide escutar apenas uma parte do que foi dito, aquela que lhe interessa? Você tem mania de “atropelar” os outros para expor sua opinião sem esperar sua vez?

Segundo um estudo publicado no Journal Experimental Social Psychology, liderado pelo pesquisador Boaz Keysar, o diálogo entre indivíduos do ciclo íntimo, como pai, mãe, irmãos e cônjuges, costuma ser pior do que com estranhos que acabaram de se conhecer. Ou seja, os desentendimentos ocorrem com mais frequência com aqueles mais próximos. Consequentemente, o fato de serem mal compreendidas e julgadas nessas relações mais íntimas leva as pessoas a perderem a vontade de compartilhar experiências mais complexas e vulneráveis por medo de gerar conflitos.

Outros estudos estadunidenses reforçam a teoria de Keysar, ao afirmar que, na maioria das situações, as pessoas dão preferência a compartilhar assuntos mais complexos com gente de fora do ciclo íntimo. Isso se resume ao fato de criar-se uma imagem sobre alguém, uma opinião fixa a respeito delas. São pensamentos que predizem o que essas pessoas desse ciclo responderiam. Para exemplificar, pense numa decisão importante que você precisa tomar e gostaria de ouvir algumas opiniões para ajudar na sua escolha. Quando se imagina pedindo a opinião do pai, mãe e/ou cônjuge, por exemplo, você já afirma saber o que vão dizer sobre o assunto e prefere não consultar o ponto de vista previsível deles, optando por conselhos de quem não convive com você.

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Além de escolher escutar a opinião de certas pessoas, muita gente imagina, pensa, julga e seleciona de acordo com seus interesses num processo de escutatória. Isso faz com que haja uma escuta superficial que impeça de compreender mensagens mais complexas. Ouvir genuinamente é uma escolha diária. Decidir por uma escuta ativa é decidir se quer entender e compreender uma informação por completo e não apenas parte dela, evitando um entendimento fragmentado e parcial. Para isto, é necessário disposição, vontade e curiosidade intensa para prestar atenção em detalhes que vão além do que está sendo dito.

“Muitas vezes, os segredos não são revelados em palavras, mas ficam ocultos no silêncio entre elas ou na profundidade do que é indizível entre duas pessoas.” John O’Donohue

Mas por que existem tantos entendimentos equivocados sobre uma informação, se ela foi entregue corretamente, num discurso direto, sem margens para ambiguidade na compreensão? Ainda, se não houve ruídos semânticos que comprometessem o entendimento original da mensagem, ou ruídos externos que pudessem distrair o interlocutor? Uma explicação considerável é que grande parte das pessoas não querem escutar uma informação em sua completude, e sim parte dela, geralmente, aquela que as interessam ou que demonstre um em envolvimento parcial.

“A maioria das pessoas não ouvem com a intenção de entender, elas ouvem com a intenção de responder.” Stephen Covey

Afinal, como ser um bom ouvinte?

  • Abandonar o ego. É ele que te faz atropelar os diálogos com julgamentos e imaginações desnecessárias;
  • Ter interesse genuíno pela mensagem de alguém, ficar curioso pela história que está sendo compartilhada;
  • Escutar para entender e compreender e não apenas para responder;
  • Validação. Repita o que o outro disse ou pergunte se o seu entendimento está correto. Assim, evitará os ruídos de comunicação, que é a distorção da mensagem original.

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Por fim, descobrimos que ouvir é tão ou até mais importante que falar. Escutar para dialogar é uma maneira assertiva para se manter uma comunicação eficaz. A comunicação não se resume a fala, pelo contrário, envolve um processo profundo e complexo de escuta ativa.

“Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.” Rubem Alves

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