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Sem Firula

Para refletir

Arquivo Geral

20/06/2016 8h01

Sei que a expectativa dos torcedores, numa segunda-feira, é ler sobre seu time. Envolvido na rodada de fim de semana do Brasileiro, o leitor sempre quer mais uma opinião, para concordar ou divergir. E ajudar nas conversas com os amigos. Hoje, porém, peço paciência aos que me acompanham para falar de algo mais importante. Quero conversar um pouco sobre a situação do futebol brasileiro como um todo, tocando, de forma firme, na seleção brasileira.

Não há dúvidas de que, desde o fatídico 8 de julho de 2014, quando fomos humilhados em Belo Horizonte, pela Alemanha, na semifinal da Copa do Mundo, perdemos o rumo. Desde então procuramos um novo caminho, ou melhor, procuramos, de forma nova, reencontrar aquele futebol que nos levou a cinco títulos mundiais, que nos transformou no “país do futebol”, que provocou a admiração de todo o planeta pela camisa amarela – que tornou-se um fantasma na vida de todos os adversários pelo mundo. Na realidade, e por isso falo que é um momento para reflexão, o problema não começa no 8 de julho.

Vamos retroceder um pouquinho. Alguns dias. E, vejam só, voltar a Belo Horizonte. Falo do jogo das quartas-de-final, contra o Chile, dia 28 de junho. Lembram? Foi uma agonia. Nos classificamos nos pênaltis. E isso, depois de no último lance do último segundo do segundo tempo da prorrogação, o Chile acertar uma bola na trave. Passamos, é verdade, mas… Deu para sentir, ali, naquele instante, que a situação não era nada boa. Curiosamente, naquele dia, no Maracanã, a Colômbia despachava o Uruguai com autoridade e um belíssimo gol de James Rodrigues – os colombianos seriam nossos adversários nas quartas-de-final e os eliminaríamos.

Desde então, o Chile manteve uma estrutura de trabalho. Poderia dizer que manteve a comissão técnica, mas Sampaoli saiu do esquema depois de conquista, ano passado, a Copa América. A mesma em que o Brasil pagou vexame e marcou a estreia oficial de Dunga no comando da seleção brasileira em sua segunda passagem como comandante da nossa canarinho. Repetindo: o Chile foi eliminado, depois de nos assustar, e desde então ganhou uma Copa América e, este ano, está nas semifinais – quando enfrentará a Colômbia, nos Estados Unidos. E o Brasil? Bem, o Brasil foi eliminado na primeira fase do torneio que se realiza nos Estados Unidos, já mandou Dunga embora e ocupa uma vergonhosa sexta colocação nas eliminatórias da América do Sul para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

Não paramos aí, não. Continuando em 2014, o Brasil passou no sufoco pelo Chile; eliminou a Colômbia e foi atropelado pela Alemanha. Na disputa do terceiro lugar, outra pancada – para uma Holanda que, de tão decadente, sequer se classificou à fase final de Eurocopa que está acontecendo na França, nestes dias. Isso quer dizer alguma coisa? Acho que sim. Muita coisa.
Tivemos a Copa América no Chile, ano passado, e o Brasil foi mal. Temos as eliminatórias e o Brasil está mal. Disputa-se a Copa América Centenário e o Brasil foi muito mal. Enquanto isso… A Argentina, que foi vice na Copa do Mundo, está na semifinal da Copa América Centenário depois de ter resistido à Alemanha até quase o fim da prorrogação no Mundial. O Chile arrasou o México nas quartas-de-final da Copa América Centenário e enfrentará a Colômbia, que passou pelo Peru, que eliminou o Brasil. E nem toquei no Equador, que está em segundo lugar nas eliminatórias e foi roubado na partida contra o Brasil; ou no Uruguai, que lidera as eliminatórias e também caiu na primeira fase da Copa América Centenário.

Entenderam, leitores/torcedores, porque o colunista deixou de lado, hoje, a rodada do fim de semana do Brasileiro e os chamou para uma reflexão? De que adianta o que estamos vendo/fazendo no Brasileiro se daqui a duas semanas os europeus chegarão e levarão quem bem entender (e também os chineses e asiáticos em geral)? De que adianta pensar em Tite se nosso problema é muito mais grave e profundo? Enquanto não pararmos para discutir tudo isso, vamos continuar vendo Chile, Argentina, Colômbia e outros vizinhos disputando títulos e nós, cada vez mais, distantes.

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