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Quinto Ato
Quinto Ato

Precisamos ser solidários

Deslizamentos no litoral norte paulista assustaram o país nos últimos dias

Theófilo Silva

02/03/2023 5h00

Atualizada 01/03/2023 17h51

Foto: São Sebastião City Hall / AFP

A tragédia dos deslizamentos provocados pela chuva que atingiu o litoral norte de São Paulo, a saber os municípios de São Sebastião, Ubatuba, Caraguatatuba e Ilhabela, e provocaram 64 mortes, assustaram o país nesses últimos dias. Não foram apenas as mortes, mas o número de pessoas atingidas pela catástrofe, seja de feridos, de desaparecidos, daqueles que perderam suas casas, que ficaram isoladas enfim, do sofrimento que acometeu aquelas pessoas que não têm para onde ir, já que perderam tudo. Tudo mesmo. O preço dos alimentos, água e transporte, já que a região ficou isolada, chegaram a níveis estratosféricos. A situação era desesperadora, de completa calamidade. O governo reagiu rapidamente, e o Presidente Lula se reuniu com o governador de São Paulo e tomou providências para ajudar os atingidos. Uma série de medidas e ações foram tomadas para minorar o sofrimento dos moradores. Seja com antecipação de benefícios, doação de mantimentos e itens essenciais, bem como na recuperação de estradas e infraestrutura.
Enquanto as informações sobre o ocorrido circulavam pelos jornais e o governo agia, houve um movimento na imprensa para pedir ao povo brasileiro que se sensibilizasse com a tragédia e ajudasse aquelas comunidades. Não podemos esperar apenas pelo governo, seja municipal, estadual e federal. A desgraça atingiu uma comunidade de brasileiros, portanto é dever de todos nós nos sensibilizarmos e tentar ajudar de alguma forma nossos conterrâneos que padecem. Por que estou dizendo isso? Digo porque a ajuda que chegou, seja financeira, seja de roupas e alimentos, embora bem maior do que em outras catástrofes Brasil afora, é ainda muito pequena. Embora muita gente tenha achado que foi suficiente. E isso em São Paulo, o estado mais rico do país. Estou trazendo essa discussão, porque constato, aliás, sempre soube, que o povo brasileiro não tem senso de comunidade, espírito comunitário, e isso é muito triste. E isso vem de longe, não sei se é consequência do processo português de colonização, se da igreja católica, sinceramente não sei. Mas sei que estamos muito, muito longe do espírito que habita outras nações do mundo, e aqui mesmo no continente americano.

Cito como exemplo os Estados Unidos da América, o país mais rico do mundo. Trata-se de uma nação que é costumeiramente assolada por desastres naturais, sejam tempestades, nevascas, calor intenso, incêndios, terremotos entre outras desgraças provocadas pela natureza enfurecida. No entanto quando isso ocorre, não é apenas o governo que age prontamente, a vizinhança, os membros daquele condado, cidade, estado imediatamente se deslocam para as zonas atingidas e passam a ajudar os necessitados, seja com ações de trabalho braçal, acolhimento dos atingidos que ficaram sem moradia, seja com dinheiro e todas as demais ações que são necessárias para minorar o sofrimento daquela comunidade. A reconstrução de casas, “metendo a mão na massa”, seja como carpinteiros, marceneiros é bastante comum entre os americanos. Mesmo entre os milionários. Há ainda uma cultura de milionários e bilionários criarem fundações de benemerência para ajudarem os mais pobres, além de doarem quando no final da vida, suas fortunas para instituições de caridade. É prática comum também ex-alunos de universidades que ficaram ricos darem bolsas de estudos para alunos sem recursos. Muitas universidades têm metade de seus alunos sustentados por essa prática. Temos aí Bill Gates, Warren Buffet e muitos e muitos outros para comprovar isso.

Sempre me pergunto o que precisamos fazer para que essa cultura se alastre no Brasil, já que aqui dezenas de milhões padecem de insegurança alimentar. Se os brasileiros ricos adotassem a mesma prática que os ricos americanos, com certeza a fome desapareceria do Brasil. Mais uma vez digo que não devemos esperar tudo do governo. Mas se mesmo a fome é pouco combatida pelos mais ricos, que dirá as catástrofes que acontecem de quando em quando país afora. A pergunta é: o que podemos fazer para que um espírito comunitário habite o coração dos brasileiros? Para que uma cultura de solidariedade se instale no país? Deixo a pergunta no ar!

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