Menu
Quinto Ato
Quinto Ato

O mundo é uma bola rolando

O futebol tem o poder, a força de unir os homens. Milhares, milhões, bilhões deles. A Copa do Mundo é a comunhão entre os povos do mundo e, nesse momento, o Brasil precisa disso

Theófilo Silva

01/12/2022 5h00

Atualizada 30/11/2022 16h15

Brazil supporters cheer ahead of the Qatar 2022 World Cup Group G football match between Brazil and Serbia at the Lusail Stadium in Lusail, north of Doha on November 24, 2022. (Photo by Adrian DENNIS / AFP)

Agora é Copa do Mundo. A bola está rolando, e em sua dócil trajetória vai ajudando a dissipar o ódio, os males, as confusões, as brigas que nos cercam há tempos. Alguns lunáticos ainda continuam prestando continência à lua, essa “Inconstante lua”, “Que muda de órbita e enlouquece os homens”, como diz, brincando, William Shakespeare. Mas quase todos os brasileiros, bem como boa parte do planeta, estão preocupados mesmo é em ver suas seleções de futebol em campo, defendendo a bandeira de seus países. A camisa da seleção canarinho que tinha sido sequestrada pelos inimigos da democracia e da ordem voltou a ser usada pelo povo brasileiro, sem o medo de ser confundido com um perverso. O verde amarelo é a cor do Brasil, são as cores que unem a nação, o símbolo de união, pois estão presentes na bandeira nacional, e não podem ser roubadas ou usadas por grupos, ou por quem quer que seja, para dividir o país. Elas são sinônimo de comunhão, festejos, alegrias e comemorações.

E o Brasil ganhou os primeiros jogos, dando uma arrancada rumo ao hexacampeonato. Somos a pátria de chuteiras novamente, somos unidos por uma bola e onze jogadores em campo, que fazem de nossos dias uma alegria só. Afinal, somos a única nação que participou de todas as copas do mundo, e a única a ganhar cinco títulos mundiais. Somos conhecidos no mundo todo como País do futebol. A terra do rei Pelé, o maior jogador de todos os tempos. E isso nos enche de orgulho e nos dá força em continuar sonhando com um Brasil melhor, livre da fome e da corrupção sistêmica.

É incrível como a bola, esse pequeno artefato parece imitar, transparecer, em algum momento essa esfera que é o planeta Terra. Por mais incrível que isso possa parecer. Tenho a impressão de que o enorme fascínio que uma bola exerce sobre nós tem a ver com o fato de que ela é o nosso planeta rolando sob nossos pés. È como se fosse uma espécie de metáfora, uma catarse, termos nosso planeta controlado pelos nossos pés e mãos. O fato de podermos brincar, jogar com ele. Não há um único povo no mundo que não tenha na bola uma fonte de diversão, de ocupação, de entretenimento. Não vou levantar aqui a quantidade de esportes e entretenimentos humanos em que a bola não seja o artefato principal.

A Copa do Mundo de futebol chega a ter quase o mesmo número de telespectadores que as Olimpíadas, um evento que engloba quase todos os esportes conhecidos, e um número várias vezes maior de nações participantes. Se formos falar dos outros eventos do futebol, como: Eurocopa, Mundial de Clubes, Liga dos Campeões da UEFA, Libertadores da América então, os números são assustadores. Os craques são reverenciados como ídolos de suas torcidas, verdadeiros semideuses, e ganham salários estratosféricos! De onde vem tal fascínio?

O futebol tem o poder, a força de unir os homens. Milhares, milhões, bilhões deles. A guerra foi a principal atividade humana em cinco mil anos de civilização. Mas há pouco mais de cem anos, o esporte passou a ser uma espécie de catalisador para a agressividade humana. A “velha Europa cansada de guerra” tem no futebol, em seus estádios lotados – antes arenas para lutas de vida ou morte entre gladiadores – em uma comunhão entre torcedores, cujo fanatismo não mata ninguém. Eles apenas gritam, riem e choram pelos seus guerreiros. A “arma” utilizada hoje é uma bola, macia, que mostra a destreza humana e nos faz seres civilizados. Fatos isolados de brigas de torcidas ocorrem de vez em quando, mas não são nem de longe comparadas com a violência que ocorria no passado. As arenas de hoje são esportivas, não são praças de guerra.

Futebol é momento de confraternização. Seja no estádio, em frente a televisão com a família, com os amigos, torcendo por aquela equipe que se identifica conosco por uma ou outra razão qualquer.. é o grito de gol que nos enche de emoção, que nos faz feliz, que nos irmana. A Copa do Mundo é a comunhão entre os povos do mundo e, nesse momento, o Brasil precisa disso. E que venha o hexacampeonato!

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado