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Quinto Ato
Quinto Ato

O Imortal Shakespeare

Theófilo Silva

07/07/2020 13h33

Goethe, o maior de todos os escritores alemães chamou Shakespeare de “O homem de mil almas”. Isso porque Shakespeare criou mais de mil personagens, em trinta e nove peças teatrais, quatro poemas e os célebres 154 Sonetos. Utilizou um vocabulário de mais de vinte e uma mil palavras (o maior entre todos os escritores) das quais mais de duas mil são de sua inteira criação. William Shakespeare nasceu em 23 de abril de 1564, em Stratford-Upon-Avon, uma pequena cidade do interior da Inglaterra. Foi casado e pai de três filhos. Escolhi o elogio acima porque ele condensa bem a capacidade que ele teve de mostrar com extrema acuidade o papel que todos nós seres humanos representamos nesse imenso palco que é o mundo. Seu pensamento, suas peças, seus poemas se fazem imperativos neste momento difícil que estamos vivendo, porque eles têm o poder de nos consolar, de jogar luz nesse mundo de dores.

O pensamento de Shakespeare está disseminado entre nós, sem que mesmo saibamos. Seus dramas, suas sentenças, seus versos estão incorporados ao nosso cotidiano, e nós o citamos o tempo todo. Quando dissemos que alguém “Pegou um Resfriado” ou que “Está falando grego” estamos repetindo frases de A Megera Domada e de Júlio César, duas peças de Shakespeare. O teatro, a televisão e o cinema ecoam Shakespeare o tempo todo. Atores e atrizes ao interpretarem o bem e o mal: riso, choro, fraqueza, força, dor, alegria, desprezo estão reproduzindo suas peças. A presença do cinema entre nós é fortemente influenciada pelo teatro de Shakespeare, e a sétima arte se eleva quando se apodera de sua sabedoria. São mais de mil e cem filmes baseados em sua obra.

Shakespeare lidava com o sublime porque ele amava o ser humano, fosse fraco ou forte, bom ou mal. Seu pensamento alarga, expande a mente humana, fazendo o homem pensar mais, sentir mais, ver mais, por intermédio de suas tramas e seus personagens, que em vez de serem lidos, nos leem, elevando-nos a uma dimensão muito maior do que estamos acostumados. Ele diz em Hamlet “o segredo da arte é oferecer um espelho a natureza”.

Sua história de amor entre dois adolescentes, Romeu e Julieta, confundiu-se com a realidade ao ponto de alterar a rotina da cidade de Verona, na Itália. Romeu e Julieta tornou-se o símbolo da relação indissolúvel e é a mais popular e bela história de amor de todos os tempos. É em Romeu e Julieta que eu encontro a mais bela definição de amor que eu conheço. Diz Julieta para Romeu: “Minha bondade é tão ilimitada quanto o mar; e tão profundo quanto este é o meu amor, quanto mais te dou mais tenho, pois ambos são infinitos”.

Shakespeare é montado o tempo todo e em todos os lugares do mundo. Não há um único lugar do planeta que suas palavras não encontrem eco. Seja na África, Àsia, entre tribos indígenas, todos acham que ele tem alguma coisa a dizer-lhes. Em 2016, o ano que se comemorou os 450 anos de seu nascimento, uma companhia teatral percorreu o mundo, um total de 210 países – ou seja, todos e mais alguma coisa – montando o sollilóquio de Hamlet, “ser ou não ser: eis a questão”.

Conhecer Shakespeare é uma viagem maravilhosa e surpreendente. Ele tem o poder de encantar do mais humilde serviçal a um poderoso estadista. Ele é lido, citado, estudado e admirado por artistas, filósofos, intelectuais de todos os matizes. Suas peças nos oferecem uma quantidade ilimitada de releituras. Shakespeare tem a capacidade de reinventar-se, e lê-lo ou vê-lo montado é uma fonte permanente de novas descobertas, transformando-o em um clássico absolutamente necessário por tudo que tem a nos dizer.

Por fim, já que este texto tem um limite, quero concluir com esta pérola: “A teia de nossa vida é tecida, ao mesmo tempo, com o bem e o mal. Nossas virtudes seriam orgulhosas se não fosse flageladas pelas nossas faltas; e nossos vícios nos levariam à exasperação se não fossem compensados pelas nossas virtudes”. Por favor, pensem nisso! São passagens como essa que elevam Shakespeare acima da turba. E é por isso que todas as semanas trarei para vocês um pouco de Shakespeare para ajudar a minorar nossas dores, para jogar um pouco de luz nessa vasta escuridão, nesse mundo de trevas que teima em nos destruir.

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