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Quinto Ato
Quinto Ato

A Geopolítica da Pandemia

De um total de quase dez milhões de pessoas infectadas pelo Corornavírus no mundo, metade delas pertence a apenas seis países: EUA, Brasil, Inglaterra, França, Espanha e Itália

Theófilo Silva

25/06/2020 8h51

Qualquer um que tenha um pouco de conhecimento de geografia humana deve ficar baratinado com os números referentes à Pandemia de Coronavírus no mundo. Não há lógica alguma quando contemplamos o quadro mundial da tragédia. Diria que essa situação só poderá ser explicada no futuro, quando tudo isso passar. Diz-se que “Os números não mentem”, mas no caso da Peste de Covid-19, isso não é verdade, os números estão mentindo, sim. E muito!

As estatísticas se mostram inexplicáveis sob diversos aspectos. Senão, vejamos. De um total de quase dez milhões de pessoas infectadas pelo Corornavírus no mundo, metade delas pertence a apenas seis países: EUA, Brasil, Inglaterra, França, Espanha e Itália, que têm juntas 780 milhões de habitantes, ou seja, um décimo da população mundial, que está em torno de 7.8 milhões de habitantes. Somente a superpotência EUA tem um quarto do total de infectados, embora sua população seja de pouco mais de 4% da população mundial. Os EUA também têm ¼ dos mortos. Aterrador, isso! As quatro potências europeias Inglaterra, França, Itália e Espanha têm mais de um milhão de infectados e 137 mil mortos, ou seja, perto de 30% dos mortos no mundo, enquanto possuem juntas apenas 240 milhões de habitantes, 3% da população mundial. Assustador. A Alemanha não entrou no Bolo porque adotou um critério discutível sobre a mortandade, embora ngela Merkel esteja conduzindo a crise de forma enérgica.

Talvez as maiores surpresas em toda essa tragédia seja o caso das riquíssimas Bélgica, Suécia e Inglaterra (Reino Unido). A Bélgica, embora tenha uma população de menos de 11 milhões de habitantes, já conta com quase dez mil mortes, um horror. Talvez o maior índice de mortalidade do mundo. A sofisticadíssima Suécia, com população semelhante, também ostenta mais de cinco mil mortes, quase seis vezes mais de que seus vizinhos e irmãos Dinamarca e Noruega, onde morreram menos de 900 pessoas. O caso da Suécia é fácil de explicar: o governo simplesmente “Deu banana” para a quarentena. A Bélgica ficou um ano sem primeiro-ministro. É um país dividido. A Inglaterra, com seu e excessivo e doentio liberalismo, mais os erros do Premier Boris Johnson, é a terceira colocada em número de mortos. Uma vergonha. É curioso saber que as nações mais ricas do mundo são as mais atingidas pela tragédia, mesmo que os mais afetados sejam as camadas mais pobres da população.

Agora vamos para as nações pobres. Como explicar que o sofrido Vietnan, com uma população de quase 100 milhões de habitantes, não tenha morrido uma única pessoa? Por quê? O que há por lá? E a Índia, com 1,4 bilhão de habitantes, morreram menos de 14 mil pessoas? Comparando: a Ìndia (13 mil mortos) tem uma população 140 vezes maior do que a da Bélgica e o número de mortos é quase o mesmo. E a África? Embora saibamos que o Vírus seja bem mais fraco, bem menos letal em temperaturas elevadas, o continente tem temperaturas que chegam a mais de 40 graus, mesmo assim os números são infinitamente mais baixos que no resto do mundo. E graças a Deus que assim seja. O continente foi todo afetado, mas de forma mais leve. A Nigéria, o país mais populoso da África, de população quase igual à do Brasil, tem números inferiores de contágio e morte (500 mortos) bem menores ao de nossa capital, Brasília, por exemplo, que tem uma população 70 vezes menor que o gigante africano.

E na Ásia, temos a China, a culpada pela desgraça, com seus números estacionados há mais de um mês em pouco mais de 80 mil contaminados e menos de 5 mil mortos. Que bom! Na Ásia inteira os números são baixos. Na Oceania, um continente de ilhas, os números também são pequenos e a epidemia está sob controle.

O Brasil já ultrapassou a marca de 1.200 milhões de infectados e mais de 52 mil mortos. O estado em que nasci, o Ceará, apavora pelo número de mortos (5.700); Amazonas e Pará também assustam. Enquanto isso Minas Gerais e Bahia com populações muito maiores que estes ostentam números baixos. Sabemos que a mentira ronda essas estatísticas aqui no Brasil e no mundo, e os números, com certeza são muitos maiores do que os divulgados. Já os números da Rússia são falsos – o ditador Putin manda e desmanda – os números de Minas Gerais, como também de outros estados brasileiros também o são. Mas, no geral, dá para se fazer uma leitura razoável da catástrofe. Sim, as estatísticas são nebulosas, surpreendentes e escondem a verdade. Uma coisa é certa, podemos dizer, até certo ponto, que trata-se da primeira vez que as nações mais ricas foram mais atingidas que as pobres em uma tragédia mundial, seja ela qual for a sua origem.

Shakespeare diz em Henrique IV, que “Todos nós devemos uma morte a Deus”, eis uma verdade absoluta! Mas nenhum de nós quer pagar essa dívida tão cedo. Assim, o que mais podemos fazer, além de orar, é ficar em casa e lutar pela verdade.

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