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Olhar Strano
Olhar Strano

Lula ressuscita Moro

Presidente entregou protagonismo de bandeja ao ex-juiz

Danilo Strano

27/03/2023 9h56

Reprodução

O ex-juiz Sergio Moro, eleito senador pelo Paraná em 2022, tem sua trajetória política marcada pelo movimento do pêndulo do poder. Ambicioso e pouco ideológico, Moro se reveza entre a extrema-direita, direita e o centro em seus posicionamentos públicos, a depender sempre do que for melhor para sua carreira.

Em 2018, ainda no primeiro turno das eleições presidenciais, o então juiz Sergio Moro criticava o candidato petista Fernando Haddad e demonstrava apreço pela candidatura de Álvaro Dias, que, por sua vez, dizia em toda entrevista e debate que Moro seria seu futuro ministro da Justiça. Como Dias não foi para o segundo turno, Moro se aproximou do presidenciável Jair Bolsonaro, que naquele momento despontava como favorito.

Uma vez eleito, Bolsonaro anunciou como um dos primeiros nomes do seu ministério o ex-juiz. O romance entre os dois durou quase um ano e meio. Mas Moro queria voar mais alto, queria ser indicado para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal. Quando percebeu que suas chances haviam diminuído, pulou fora do barco, acusou o presidente Bolsonaro de corrupção e se apresentou como uma opção de centro para as eleições de 2022.

Moro logo viu que sua candidatura a presidente não deslancharia e tentou viabilizar uma candidatura por São Paulo ao Senado. Como não tinha endereço no estado, encontrou problemas jurídicos e decidiu se candidatar em um terreno mais favorável, no Paraná. Moro fez esse movimento e venceu desbancando a reeleição de seu padrinho político, aquele mesmo Álvaro Dias, que tantou elogiou o ex-juiz em 2018. A vitória não foi tão simples, Moro teve que voltar a andar e se associar com Bolsonaro, em busca dos votos dos bolsonaristas.

Com uma trajetória tão pendular, Moro iniciou seu mandato no ostracismo, porém, com os acontecimentos da última semana, voltou aos holofotes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista ao portal Brasil 247, na última quarta-feira, que, quando estava preso, tinha vontade de “foder” o então magistrado. Depois, na quinta-feira, durante uma coletiva, chamou de “armação” o plano do PCC para matar ou sequestrar Moro, descoberto pela Polícia Federal.

Lula deu a deixa para Moro atacá-lo e fez dele vítima em dose dupla, tanto pela ameaça do crime organizado quanto pelas ofensas proferidas. Era tudo que o ex-juiz precisava para voltar ao protagonismo. Resta saber para onde o pêndulo do poder o levará.

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