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Muito Prazer, Luisa Miranda
Muito Prazer, Luisa Miranda

O que você tem feito com suas dúvidas sobre sexo?

Compartilhar faz bem

Lu Miranda

31/01/2024 16h01

Arte: Lu Miranda

Eduardo (nome fictício) começou a fazer terapia aos 40 anos. Ele me encontrou pela internet e disse ter gostado do meu perfil por eu parecer mais descolada e jovem, diferente de suas psicólogas anteriores. Segundo ele, as outras eram mais velhas e ele sentia que havia um pouco de julgamento por conta de questões geracionais. Além disso, elas lhe lembravam as tias da família, e isso fez com que ele guardasse suas dúvidas e angústias sexuais para si, já que não se sentia confortável para se expor ali, naquele cenário.

Na sua primeira sessão comigo, Eduardo estava claramente ansioso — e seu corpo inteiro demonstrava isso: mãos suadas, pernas inquietas e respiração ofegante. Comportamento compreensível, já que seria a primeira vez em sua vida que ele falaria sobre sua sexualidade abertamente com alguém, e por conta disso, muitas coisas passavam em sua cabeça.

Não sabia nem por onde começar. “São tantas questões que me trouxeram aqui. Tanta coisa que está dentro de mim há tanto tempo…”

“Acho que sou Bissexual, minha mulher não sabe e tenho medo de contar a ela”, disse Eduardo, um tanto quanto angustiado enquanto desabafava. Estava casado há 20 anos e tinha 2 filhos pequenos. Para ele, assumir sua bissexualidade poderia mudar tudo, e isso era muito doloroso.

Eduardo foi criado por pais católicos e rígidos, o que significa que ele foi moldado através de muitos valores e morais pautados na ética cristã. Explorar sua sexualidade era “pecado” e estava fora de cogitação. Entretanto, estava tendo crises de ansiedades constantes, beirando uma depressão, após muitos anos guardando para si todo esse peso de não poder ser ele mesmo.

Eduardo queria vivenciar suas fantasias, mas se sentia culpado e menos homem por pensar nos desejos que tinha. Contudo, durante o processo terapêutico, ele foi capaz de experienciar, falar em voz alta o que sentia vontade e perceber que estava tudo bem e que ele não precisava se culpar por sentir aqueles desejos.

Conversar e se expor fez Eduardo se sentir mais leve, e por consequência, suas crises de ansiedade diminuíram. Passamos a trabalhar novas ferramentas de inteligência sexual e sua autoestima também melhorou, gerando bons resultados em outras áreas de sua vida.

Sua esposa e filhos perceberam que Eduardo estava melhor consigo mesmo, pois ele demonstrava mais afeto e estava mais presente em casa, física e emocionalmente. Passou a ter mais cuidado com as palavras e a ouvir mais, um grande diferencial. Tudo isso porque decidiu compartilhar no lugar certo aquilo que o transbordava: suas angústias, medos, inseguranças, desejos e verdades nunca ditas.

E você, o que faz com suas dúvidas sobre sexo? Compartilhar faz bem. Experimente.

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