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Muito Prazer, Luisa Miranda
Muito Prazer, Luisa Miranda

O que fazer com o meu tesão?

Será que o mundo seria mais justo se usássemos da nossa energia sexual para fins de crescimento pessoal e social?

Lu Miranda

06/12/2023 17h39

Arte: Lu Miranda

Com tantos acontecimentos no mundo, falar de tesão parece pouco importante. Entretanto, muitos de nós nasceu de um possível tesão, e assim, parece mais do que necessário pensarmos e questionarmos sobre algo que afeta diretamente o número de habitantes no planeta, não é?!

Fome, guerras, vaidade, ganância, inveja, ódio, prazer, poder, tesão, gozo… está tudo interligado. Mas como trabalhar todo o nosso tesão de forma mais inteligente e saudável, canalizando-o aos contextos corretos?

Compreender alguns fatores para responder essa pergunta é absolutamente necessário:

  • Somos filhos e filhas de pessoas que viveram num tempo em que mal havia tecnologia, e a comunicação circulava com muita lentidão e com inúmeras variáveis específicas de cada cultura. A agressividade, os abusos e preconceitos eram mais comuns e com menos punição. Alcoolismo e traições eram “normais”, muito devido aos formatos relacionais;
  • Inúmeros casamentos ocorriam por sobrevivência, casos em que os indivíduos queriam fugir de suas famílias “problemáticas e violentas” ou até mesmo tentar algo melhor na cidade grande. A traição era menos punida porque muita gente se unia não por amor, mas por escolhas familiares;
  • Com a revolução sexual, as mulheres, que antes eram cobradas para serem boas socialmente e excelentes esposas, agora devem também ir em busca de seus direitos sexuais. Por um lado, isso foi incrível e possibilitou espaço para o crescimento e voz de muitas mulheres. Por outro, é um lugar que sobrecarrega ainda mais o papel do feminino;
  • Os homens vieram de momentos históricos político-sociais em que seus pais haviam participado de guerras e ou foram escravizados há pouco tempo. Eles precisavam ser fortes, porque aparentar ser “fraco” te tornava presa fácil de quem obtinha o poder. Mas hoje algumas coisas estão diferentes, e esse modelo masculino precisa ser repensado. Essa masculinidade tem custado a vida de muita gente;
  • Não menos importante, o capitalismo enfiou em nossas cabeças a ideia de que valemos mais socialmente quando temos mais dinheiro. Por consequência, acabamos nos tornando reféns de um sistema que nos adoece e sempre nos faz sentir incompetentes, pouco produtivos e ansiosos porque poderíamos estar produzindo mais. Num mundo em que a recompensa por trabalhar muito está vinculada ao poder social, ter prazer em trabalhar, ainda que isso custe sua saúde mental, virou o maior clichê.

Tudo isso, além do cansaço, pressão, rotina e falta de autoconhecimento, afeta nosso tesão. Homens não podem demostrar suas emoções, mas assistem pornografia excessivamente; mulheres não podem demostrar seus desejos e usar essa energia sexual para servirem seus parceiros e famílias.

Falar de tesão parece fácil, mas olhar para a própria sexualidade é um grande desafio. Questionamento e comunicação, consigo mesmo e com a parceria, é essencial pra entendermos nossos desejos. Ter inteligência emocional é fundamental, ou seja, entender que existem lugares próprios para transbordarmos e termos ganhos saudáveis é absolutamente necessário para a manutenção da nossa saúde mental e física.

Malhar, correr, escrever, pintar, compor, tocar algum instrumento, conversar com amigos, fazer terapia, lutar boxe… são inúmeras as formas de lidarmos com nossas energias sem que isso transborde na parceria e gere ainda mais atritos em casa. Beber, usar drogas, remédios em excesso, excesso de vaidade são paliativos e, a longo prazo, podem ser um grande inimigo do prazer amoroso.

Esta tudo bem sentir tesão. O problema é como lidamos com ele e seus excessos, fugas e ilusões.

Ah: e usem camisinha! O tesão nos faz esquecer de coisas importantes que nos causam grandes consequências. Seja consciente.

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