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Muito Prazer, Luisa Miranda
Muito Prazer, Luisa Miranda

E quando o sexo não acontece?

Enfrente os desafios da falta de intimidade, aprenda a lidar com esse tabu na vida amorosa e mantenha a chama acesa na relação.

Lu Miranda

21/02/2024 17h08

“Temos conexão em todos os aspectos, mas o sexo não acontece. Onde está o problema?”

Muitas pessoas acreditam que é necessário um clima especial para discutir sobre sexualidade em seus relacionamentos. No entanto, ao falarmos de educação sexual e saúde sexual, incluímos também gestos, comportamentos, sentimentos e tudo o que vem com essas interações. Dessa forma, olhar para o ato sexual sem compreender quais variáveis o afetam pode ser uma grande armadilha do ponto de vista amoroso e relacional.

A sexualidade, segundo a Organização Mundial da Saúde, é um aspecto central na vida humana e engloba identidades, papéis, orientação sexual, intimidade, práticas sexuais, prazer, erotismo e reprodução. Ela é vivenciada por meio de pensamentos, fantasias, valores, opiniões, práticas e relacionamentos, íntimos ou não. Além disso, a sexualidade é influenciada por fatores biológicos, sociais, econômicos, políticos, éticos, históricos, religiosos e espirituais.

Logo, quando experimentamos uma relação carnal íntima e emocional com alguém, não estamos nos relacionando apenas com a pessoa presente ali, mas com tudo o que a cerca e a envolve. Nesse sentido, destaco a importância da comunicação sobre sexualidade, mesmo que isso não envolva necessariamente o ato sexual.

Entender e demonstrar interesse nas diversas áreas da vida da outra pessoa pode ser um excelente ponto de partida para uma maior conexão. No entanto, mesmo quando essa conexão existe e o sexo não acontece, o que pode estar acontecendo?

É bastante comum nos casos que atendo em consultório demandas relacionadas à inadequação sexual, que ocorre quando os envolvidos na relação não se sentem satisfeitos sexualmente em termos de quantidade de desejo e frequência sexual, por exemplo. Isso muitas vezes é resultado de construções culturais que historicamente proporcionam ao homem mais liberdade e autonomia sexual, enquanto castram e reprimem o prazer feminino, afetando nosso autoconhecimento.

E o que fazer nesses casos?

    • É importante entender que a culpa pode piorar a situação. Portanto, acolher as demandas relacionadas à baixa libido é absolutamente necessário. Sexo é uma consequência e o tesão, responsivo. Assim, refletir e adquirir novos conhecimentos sobre os aspectos que compõem a sexualidade pode ser um excelente começo.
    • Questione como sua família abordou o assunto sexo com você. Pergunte a si mesmo onde e como aprendeu sobre esse assunto. O que foi dito sobre isso em seu contexto familiar e religioso? Em seu relacionamento amoroso, você se sente valorizado, respeitado e confortável para falar sobre aquilo que te incomoda? Você se sente merecedor de bons orgasmos e prazeres? Você compartilha sua vida sexual e suas frustrações amorosas com amigos ou amigas?
    • Às vezes, desejamos prazer no sexo, mas não sabemos como ter prazer na vida. Queremos proporcionar prazer ao outro, mas nos negamos a olhar para nossos próprios prazeres emocionais e físicos, principalmente nós mulheres, que aprendemos a amar o outro antes de amar a nós mesmas.
    • Transar não é uma equação linear. Portanto, compreender em sua individualidade aquilo que te dá tesão, mesmo que não seja sexual, é o começo de uma grande aventura. O prazer não deveria ser uma obrigação, mas sim um acontecimento diário.

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